Um dos três filhos de Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, está sendo questionado por soldados do país em razão de não estar na guerra contra o Hamas, segundo o jornal britânico The Times. Yair Netanyahu tem 32 anos, mora nos Estados Unidos e tem idade para atuar no confronto.
“Yair está curtindo a vida em Miami Beach enquanto eu estou na linha de frente”, disse um dos cerca de 360 mil reservistas convocados para a guerra ao veículo inglês. “Somos nós que estamos deixando nossos trabalhos, famílias e filhos para proteger nossas famílias no nosso país, e não as pessoas responsáveis por essa situação.”
Além dos reservistas que estavam em Israel, muitas pessoas com menos de 40 anos que moram em outros países foram chamadas para retornar e se juntar ao Exército. O reservista disse ao Times que mora nos Estados Unidos, mas largou a família e o emprego para ajudar o país no confronto contra o Hamas.
Yair está em Miami, na Flórida, onde mora desde abril deste ano, quando deixou Israel após ser condenado por difamação. Na ocasião, ele fez postagens em redes sociais dizendo que uma ativista política tinha um relacionamento com Benny Gantz, ex-ministro da Defesa e adversário de Netanyahu.
Durante a guerra, a atuação do filho do meio de Bibi, como o primeiro-ministro é conhecido, tem se limitado às redes sociais, onde ele posta mensagens motivacionais, lamenta mortes que ocorreram nos confrontos e promove vaquinhas para supostamente ajudar soldados feridos. Ele tem mais de 100 mil de seguidores no Instagram.
Ao longo dos anos, Yair se tornou uma das vozes importantes da ultradireita no país, especialmente nas redes sociais e em defesa de seu pai. Ele também é conhecido há mais de dez anos pela verborragia, por espalhar discurso de ódio e falas controversas consideradas islamofóbicas, além de um estilo de vida de excessos.
Em 2011, quando era soldado do Exército israelense, ele publicou no Facebook que “o terror tem uma religião, e é o islã”, depois que uma família judaica foi morta na Cisjordânia. Também escreveu que “nem todos os muçulmanos são terroristas, mas todos os terroristas são muçulmanos”.
Nessa época, em que cumpria o serviço militar obrigatório, quando tinha 19 anos, Yair foi punido pelo Exército com oito dias de confinamento por ter chegado várias horas atrasado para seu turno de serviço.
Hoje ele é considerado pela oposição um dos principais conselheiros do primeiro-ministro. Na eleição de 2019, ele atuava como assessor extraoficial da campanha de seu pai.
Em abril deste ano, Netanyahu foi perguntado sobre a ingerência de seu filho no governo. “Yair não tem influência”, afirmou o premiê. “Ele é uma pessoa independente, com opiniões próprias.”
O filho do primeiro-ministro é uma figura com atuação parecida com a de Eduardo Bolsonaro em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Yair e Eduardo, aliás, já se encontraram algumas vezes, e o brasileiro chegou a ser entrevistado no primeiro episódio do podcast do israelense, o “The Yair Netanyahu Show”.
No programa, exibido em 2020, eles trocaram elogios, falaram sobre os governos de seus pais e criticaram a esquerda no Brasil e em Israel. Yair afirmou que a imprensa de seu país era muito progressista e “pró-socialismo”.
“Fui chamado pela esquerda de nazista tantas vezes, mas toda a família do meu avô, da Polônia, foi morta por nazistas”, disse o israelense. “Isso é como eles chamam todo mundo que é conservador e discorda deles.”
Em 2018, Yair foi bloqueado pelo Facebook por 24 horas depois de fazer publicações islamofóbicos que pediam “vingança” contra muçulmanos pelas mortes de soldados israelenses e afirmando que ele preferia que “todos os muçulmanos deixassem a terra de Israel” como solução para o conflito árabe-israelense.
Mas sua vida pessoal também é motivo de atenção. Um canal de TV de Israel divulgou um vídeo vazado em que Yair aparece bêbado em um clube de strip-tease fazendo piadas sobre prostitutas e sobre a relação de seu pai com super-ricos.
“Meu pai arrumou US$ 20 bilhões para o seu pai, e você está brigando comigo por causa de 400 shekels [a moeda israelense]?”, ele disse no vídeo de 2015, quando tinha 26 anos, durante uma conversa com um dos filhos do magnata Kobi Maimon, uma das pessoas mais ricas do país, que é seu amigo pessoal.
Depois do vazamento, diz o jornal Haaretz, Yair não contestou a autenticidade do vídeo e afirmou que os 400 shekels eram para pagar uma prostituta. Ele afirmou que a conversa aconteceu quando ele estava bêbado e estava cheia de “coisas nojentas sobre mulheres e outras coisas que não deveriam ter sido ditas”.
Uma dessas histórias tem relação com o Brasil. Durante a vinda do pai ao país, Yair deixou uma dívida de quase R$ 10 mil no hotel Hilton, em Copacabana, no Rio de Janeiro, na virada de 2018 para 2019.
Na ocasião, ele saiu sem pagar o que gastou nos quatro dias em que ficou hospedado no hotel. O Hilton chegou a cobrar a dívida do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que disse não ter conhecimento do calote. O gabinete do primeiro-ministro depois pagou os valores.
Durante essa mesma viagem, Yair fez passeios de helicóptero e de iate pelo Rio de Janeiro com os filhos de Jair Bolsonaro.
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