Capa do livro ‘This Book is Gay’ (Foto: Octavio Jones / Reuters)

As proibições de livros nas escolas públicas dos Estados Unidos continuaram a aumentar no primeiro semestre deste ano letivo, segundo relatório divulgado ontem (17), pela PEN America, uma organização de liberdade de expressão.

A PEN descobriu que, entre julho e dezembro do ano passado, mais de 4.300 livros foram removidos de escolas em 23 estados, superando o número de proibições de todo o ano letivo anterior.

O aumento nas proibições de livros acelerou nos últimos anos, impulsionado por grupos conservadores e por novas leis e regulamentos que limitam os tipos de obras às quais as crianças podem ter acesso. Desde o verão de 2021, a PEN vem rastreando remoções de livros em 42 estados e encontrou casos em distritos controlados tanto por republicanos quanto por democratas.

Os números provavelmente não capturam a escala completa das remoções de livros. A PEN compila seus dados com base em relatórios de notícias, solicitações de registros públicos e dados disponíveis publicamente, mas muitas remoções não são relatadas.

As bibliotecas escolares e públicas há muito tempo têm procedimentos para lidar com reclamações, muitas vezes feitas por pais preocupados com as leituras de seus filhos.

Mas a onda atual se destaca pela abrangência. Os esforços de censura tornaram-se cada vez mais organizados e politizados, impulsionados por grupos conservadores como Moms for Liberty e Utah Parents United, que têm pressionado pela criação de legislação que regule os catálogos das bibliotecas.

Desde que a PEN começou a rastrear as proibições de livros, foram contabilizados mais de 10 mil casos de livros removidos de escolas. Muitos dos títulos visados apresentam personagens LGBTQIA+, ou lidam com raça e racismo, relatou a PEN.

As escolas da Flórida tiveram o maior número de proibições de livros no último semestre, com 3.135 livros removidos em 11 distritos escolares.

Dentro da Flórida, a maioria das proibições ocorreu nas escolas públicas do Condado de Escambia, onde mais de 1.600 livros foram removidos para garantir que não fosse violada uma lei estadual de educação que proíbe livros que retratam ou se referem a conduta sexual. Na varredura, algumas escolas removeram dicionários e enciclopédias.

Os opositores das proibições de livros — incluindo pais, estudantes, organizações de liberdade de expressão e bibliotecas, livreiros e autores — estão liderando um esforço organizado para impedir a remoção de livros, muitas vezes com o argumento de que as proibições de livros violam a Primeira Emenda, que protege o direito de acesso à informação.

Com informações da Folha de S.Paulo