Foto: Marfran Vieira / Idam

Integrante da equipe brasileira que conquistou a inédita medalha de prata no Pan de Santiago-2023, Manuel Almeida vê o adestramento em “total ascensão” no país e demonstra confiança em uma vaga para Los Angeles-2028, após a presença da equipe em Paris ter ficado próxima.

“Tenho visto um crescimento enorme do hipismo, mas especificamente no adestramento, em números e resultados. No Pan-Americano, foi a primeira vez, inclusive, que o adestramento teve um resultado melhor que o salto, com a prata inédita. Vivemos um momento de ascensão total.”

Manuel explica: “É um investimento que vem acontecendo há muito tempo. Nos últimos anos, também tivemos um número maior de brasileiros competindo na Europa, e os criadores de cavalos entregando esse animais a pilotos brasileiros, pela competência que temos mostrado. Tudo isso nos coloca em uma situação interessante”.

A prata em Santiago daria ao conjunto brasileiro uma vaga em Paris-2024, mas ela precisava ser confirmada também pelo índice mínimo exigido para os Jogos nas três montarias. Desta forma, cada atleta tinha de ter duas provas acima de 67% no calendário internacional e por dois juízes L4 em cada prova até o fim daquele ano. Sem êxito, a vaga da equipe passou para uma individual — João Victor Marcari Oliva, filho da ex-jogadora de basquete Hortência, foi quem representou o Brasil na capital francesa.

Manuel e o irmão Pedro traçaram um planejamento para os próximos anos, mirando o Pan de 2027 e os Jogos Olímpicos. “Temos dois cavalos que estão prontos para competir. A ideia é fazermos uma pré-temporada na Europa com esses dois animais, e rodar, efetivamente, as maiores competições do circuito europeu a partir do início do ano que vem, olhando para o Mundial que vai acontecer na Alemanha. Queremos participar desse Mundial para consolidar os conjuntos e para que possamos ter essa chance de estar em Los Angeles”.

O cavaleiro pontua os motivos da decisão. “Estar no circuito europeu nos coloca contra os adversários que vão estar no Mundial e, muitas vezes, sob julgamentos dos juízes que vão estar no Mundial. Isso é importante”.

Luiza, irmã mais velha, também é atleta olímpica da modalidade, mas vai ficar afastada por uns meses do circuito devido ao nascimento do segundo filho.

Manuel é um dos organizadores do Rocas Festival, evento que será realizado entre os dias 10 a 14 de setembro, na cidade de Itu, em São Paulo, e terá etapas classificatórias para o Mundial de Adestramento do ano que vem.

Aprendizado com o tênis

Fã de tênis, Manuel passou a praticar a modalidade com mais afinco há quatro anos, e ele conta que isso ajuda também no adestramento.

“O tênis me ajuda muito no hipismo. É louco isso (risos)! Eu sempre acompanhei, mas comecei a jogar quando tinha uns 27 anos e senti diferença. Na hora de competir no tênis, mesmo que de forma amadora, você tem a questão de competição, lidar com pressão, conseguir entender o que está errado e se corrigir.”

“Você testa, faz de novo, e de novo… Temos o treino e a competição. Você fica naquele laboratório e consegue transmitir para o animal da melhor maneira possível para ele entender o que você quer. E aí tem várias maneiras. O cavalo tem sua maneira e o tênis me ajudou a amadurecer um pouco mais esse racional para cada um dos animais, de pensar em como repetir e melhorar o movimento”.

Qual é a música?

Uma prova que chama a atenção do grande público é quando a dupla formada pelo cavalo e o cavaleiro executam movimentos artísticos ao ritmo de uma música.

“Cada atleta tem um sistema próprio para desenvolver. Tem quem vai primeiro na música e, depois, desenvolve o que precisa fazer para encaixar naquela música, e tem quem faça primeiro o desenho e todos os movimentos técnicos para depois encaixar a música no desenho. Eu, pessoalmente, gosto de fazer primeiro a parte técnica, escolher os movimentos e grau de dificuldade, todo o desenho, para depois pensar nas músicas.”

Manuel, inclusive, revelou um desejo que tem para o futuro. “Eu tocava violão, cantava e tal. Gosto de tudo que é música, brasileira, internacional… Em algum momento acho que eu vou poder usar esse diferencial. Não conheço muita gente do hipismo que tem esse lado. Seria legal poder usar isso em algum momento”.

*Com informações de Uol