Buscando reivindicar a criação de uma cota exclusiva para povos e comunidades de territórios tradicionais na Universidade Federal do Pará (UFPA), o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), por meio da Comissão Estadual de Juventude Extrativista, lançou um abaixo-assinado.
Amparado pelo Decreto Federal n.º 6.040/2007, responsável por instituir a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, o documento visa embasar uma petição que será apresentada ao reitor da UFPA, professor Gilmar Pereira da Silva.
“Muitas de nossas comunidades tradicionais ainda enfrentam severas dificuldades no acesso à educação superior, devido a uma série de fatores históricos e estruturais que marginalizam nossas condições de vida e dificultam nosso ingresso no ensino superior”, diz trecho do documento.
“A ausência de uma política de cotas específica para nosso grupo impede que muitas pessoas, com grande potencial acadêmico e de transformação social, tenham a oportunidade de desenvolver suas capacidades em uma instituição de ensino superior como a UFPA”, reforça Letícia Moraes, vice-presidente do CNS.
Além da criação das cotas, os povos e comunidades de territórios tradicionais solicitam que a UFPA se comprometa a estabelecer programas de apoio acadêmico, psicológico e financeiro para os cotistas, de modo a garantir a sua permanência e sucesso na universidade.
Fazem parte do público-alvo do abaixo-assinado: extrativistas, pescadores artesanais, lavradores, marisqueiros, benzedeiros, ribeirinhos, quebradeiras de coco babaçu, peconheiros, beiradeiros e agricultores familiares de territórios tradicionais, como Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE), Reserva Extrativista (RESEX) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS).
Universidade mais inclusiva
Matheus Silva, membro da Comissão Estadual de Juventudes Extrativistas do CNS Pará, destaca que a criação de cotas para povos e comunidades tradicionais é uma forma de contribuir para uma universidade mais plural e inclusiva.
“Nossas comunidades e povos tradicionais vêm há muito tempo numa situação de marginalização e invisibilização imposta pelo próprio poder público, ao nos negar políticas públicas básicas, como a Educação. Sabemos que um dos grandes desafios que temos hoje é que nossas crianças, adolescentes e jovens tenham uma Educação continuada. Do ensino fundamental ao superior”, afirma Matheus.
