Tartaruga-cabeçuda Jorge, de 60 anos, volta para a casa depois de viver parte da sua vida em cativeiro na Argentina - Foto: @projetoaruana / Instagram / Reprodução

Uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) de cerca de 60 anos, e que viveu em um cativeiro na Argentina nos últimos 40, está perto de voltar para casa, no litoral da Bahia. Batizado de Jorge, o pesado animal de 130 quilos vem fazendo uma peregrinação pelas águas da América do Sul desde a sua soltura, em 11 de abril.

A tartaruga foi lançada em Mar del Plata e chegou à Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, no último dia 16, e se encontra por lá desde então.

Jorge foi encontrado por pescadores na Argentina, em 1984, na cidade de Mendoza. Na época, o animal era um “jovem adulto” de cerca de 20 anos e estava com a saúde debilitada. A tartaruga foi levada para o aquário da cidade, onde permaneceu até 2022, quando foi transferida para o Aquário de Mar del Plata.

O animal, então, foi submetido nos últimos três anos a um processo de avaliações clínicas, genéticas e comportamentais que garantiram o seu retorno às águas mais profundas e que o ajudaram a sobreviver em mar aberto

O animal possui um transmissor acoplado ao casco que permite ser monitorado via satélite. Dois sinais são emitidos por dia aos pesquisadores argentinos, que acompanham a sua trajetória, e conseguem saber a sua localização com exatidão.

O seu retorno às águas é parte de um projeto de reabilitação e reintrodução de animais ao seu ecossistema natural, que envolve o Aquário de Mar del Plata, pesquisadores do Museu Argentino de Ciências Naturais, o Instituto de Pesquisas Marinhas e Costeiras e a Prefeitura da Província de Mendoza.

Depois que chegou ao Rio de Janeiro, a tartaruga também recebe atenção do Aruanã, um projeto de monitoramento de tartarugas marinhas do Instituto de Pesquisas Ambientais Littoralis.

A baía possui vantagens às tartarugas-cabeçudas, como presença de alimentos e espaços para o animal se abrigar. Mas, a presença de pescadores também tem gerado preocupações às entidades que o acompanham.

A expectativa é de que Jorge consiga alcançar a Bahia, onde teria nascido, segundo estudos genéticos. O Projeto Aruanã emitiu um alerta a parceiros estratégicos, como universidades, órgãos governamentais e pescadores, no caso de possíveis avistagens da tartaruga-cabeçuda.

“A torcida agora é para que Jorge siga rumo à Bahia, seu local de nascimento identificado por estudos genéticos — e quem sabe, em breve, volte a se reproduzir por lá”, diz o projeto, em nota divulgada nas redes sociais.

“Jorge segue unindo países, amigos e parceiros em sua causa, atuando como uma espécie de bandeira para a conservação do ambiente marinho”, acrescenta o projeto no comunicado.

*Com informações de Terra