Icebergs flutuam nas águas de Nuuk, capital da Groenlândia - Foto: Odd Andersen / AFP
Um novo estudo concluiu que a Groenlândia, maior ilha do mundo, vem apresentando alterações graduais em seu tamanho por causa do derretimento das camadas de gelo.
Groenlândia tem mais de 2,1 milhões de km², sendo que o gelo cobre cerca de 1,7 milhão de km² de seu território, segundo a Nasa. Os pesquisadores do DTU Space (Departamento de Pesquisa e Tecnologia Espacial, na Dinamarca) concluíram que essas vastas massas de gelo estão aquecendo e derretendo em ritmo acelerado. Um estudo publicado em agosto na revista científica Journal of Geophysical Research descreveu como estas mudanças estão alterando as características da região.
Os especialistas afirmam que a ilha está sendo remodelada gradualmente — está se deslocando dois centímetros para noroeste a cada ano. Em comunicado, a equipe responsável pela pesquisa afirmou que a região “está sendo torcida, comprimida e esticada”, por estar cada vez mais sujeita a fenômenos como pressões e tensões. “Isso acontece devido à tectônica de placas e aos movimentos no leito rochoso, causados pelo derretimento das grandes camadas de gelo na superfície, reduzindo a pressão no subsolo”, diz o texto. Cerca de 56 mil habitantes moram na ilha atualmente.
A pressão no subsolo está diminuindo porque grandes quantidades de gelo derreteram na Groenlândia nos últimos anos. Um estudo divulgado em junho alertou que o gelo está derretendo 17 vezes mais rápido que a média na região. Já o leito rochoso ainda é afetado pelas enormes massas de gelo que derreteram desde o pico da última Era Glacial, há cerca de 20 mil anos. “Como resultado, a ilha inteira se deslocou para noroeste nos últimos 20 anos, em cerca de 2 centímetros por ano”, explica o comunicado.
Ao mesmo tempo, os movimentos estão fazendo com que a Groenlândia se expanda e se contraia horizontalmente. Os processos geofísicos que afetam a forma da Groenlândia estão puxando a ilha em direções diferentes, fazendo com que algumas áreas sejam “esticadas”, enquanto outras estão ficando mais perto umas das outras, já que estão perdendo massa. “No geral, isso significa que a Groenlândia está se tornando um pouco menor, mas isso pode mudar no futuro com o derretimento acelerado que estamos vendo agora”, disse Danjal Longfors Berg, autor principal do artigo, em comunicado oficial.
O gelo que derreteu nas últimas décadas empurrou a Groenlândia para fora e causou elevação, de modo que a área se tornou maior durante esse período. Ao mesmo tempo, observamos um movimento na direção oposta, com a Groenlândia subindo e se contraindo devido a mudanças pré-históricas nas massas de gelo relacionadas à última Era Glacial. Danjal Longfors Berg, ao portal da DTU Space
Pesquisa analisou dados de 26 mil anos
Os cientistas conseguiram descrever os movimentos horizontais milenares da Groenlândia. “Criamos um modelo que mostra os movimentos ao longo de uma escala de tempo muito longa, de cerca de 26 mil anos atrás até o presente”, explicou Berg. “Ao mesmo tempo, utilizamos medições muito precisas dos últimos 20 anos, que usamos para analisar os movimentos atuais. Isso significa que agora podemos medir os movimentos com muita precisão.”
As novas medições usaram os dados de 58 estações GNSS (sigla em inglês para Sistemas Globais de Navegação por Satélite) espalhadas pela Groenlândia. Essas estações medem a posição geral da Groenlândia, as mudanças de elevação no leito rochoso e o quanto a ilha está encolhendo e esticando.
Segundo os especialistas, até então não havia medições tão precisas de como a região está se deslocando. “A suposição era de que a Groenlândia está sendo ‘esticada’ principalmente devido à dinâmica desencadeada pelo derretimento do gelo nos últimos anos. Mas, também encontramos grandes áreas onde a Groenlândia está sendo ‘reunida’, ou ‘encolhida’, devido aos movimentos”, afirmou Berg.
As camadas de gelo sobre a Groenlândia e a Antártida armazenam cerca de dois terços de toda a água doce da Terra. De acordo com registros de satélites controlados pela Nasa, a Groenlândia está perdendo cerca de 266 bilhões de toneladas de camadas de gelo por ano.
A Antártida, por sua vez, está perdendo 135 bilhões de toneladas de massa de gelo por ano. “As camadas de gelo estão derretendo devido ao aquecimento da atmosfera terrestre e dos oceanos. A água derretida proveniente dessas camadas de gelo escoa para o oceano, contribuindo para a elevação do nível do mar”, explica a Nasa em seu portal oficial.
Para os pesquisadores, o novo estudo fornece informações úteis sobre o que acontece quando as mudanças climáticas atingem o Ártico com velocidade acelerada. “É importante entender os movimentos das massas de terra. Eles são, obviamente, interessantes para a geociência. Mas também são cruciais para o levantamento topográfico e a navegação, já que até mesmo os pontos de referência fixos na Groenlândia estão se deslocando lentamente”, finalizou Berg.
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