Feira Manaus Moderna (Foto: Patrick Marques / G1 AM)

O Amazonas é o penúltimo na lista dos estados com população com rendimento mensal do país. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (19), pela Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa mostra o tamanho da desigualdade social no Brasil.

O grupo dos 1% mais ricos do Brasil tem um rendimento médio mensal 39,2 vezes maior que os 40% com os menores rendimentos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (19), pela Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita — ou seja, a renda média de um domicílio dividida pelas pessoas que lá habitam — do 1% mais rico foi de R$ 20.664 em 2023, um aumento de 13,2% em relação ao valor observado em 2022 (R$ 18.257).

Já o rendimento médio mensal dos 40% mais pobres foi de R$ 815 no ano passado. O valor representa uma alta de 11% em relação ao número registrado em 2022 (R$ 734).

Expandindo um pouco o grupo de rendimentos mais altos e olhando para os 10% da população com os maiores rendimentos, o rendimento médio mensal foi de R$ 7.580 em 2023, uma alta de 12,4%. Esse valor é 14,4 vezes maior que os 40% mais pobres.

A renda média dos mais ricos, portanto, cresceu mais em um ano do que a dos 40% mais pobres. O crescimento da renda dos mais ricos também foi maior que a média nacional: o rendimento médio no Brasil subiu 11,5% entre 2022 e 2023, passando de R$ 1.658 para R$ 1.848, maior valor da série histórica da pesquisa.

Porém, olhando especificamente para o recorte dos 20% mais pobres, o rendimento médio dessa parte da população teve um crescimento maior que as pessoas com maiores rendas. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2023 foi de:

  • Entre 10% e 20% mais pobres: R$ 450, uma alta de 13,4% em relação aos R$ 397 de 2022;

  • Entre 5% e 10% mais pobres: R$ 294, uma alta de 16,7% em relação aos R$ 252 de 2022;

  • Entre os 5% mais pobres: R$ 126, uma alta de 38,5% em relação aos R$ 91 de 2022.

Já entre os mais ricos, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2023 foi de:

  • Entre 10% e 5% mais ricos: R$ 4.547, uma alta de 11,6% em relação aos R$ 397 de 2022;

  • Entre 5% e 2% mais ricos: R$ 8.100, uma alta de 12,6% em relação aos R$ 252 de 2022;

  • Entre o 1% mais rico: R$ 20.664, uma alta de 13,2% em relação aos R$ 91 de 2022.

Apesar da disparidade na concentração de renda, o rendimento per capita dos 40% da população com menores rendimentos no país atingiu, em 2023, o maior valor da série histórica, segundo o IBGE.

O Instituto atribui essa melhora ao recebimento, pelas famílias de baixa renda, do Bolsa Família, além da melhoria do mercado de trabalho e o aumento real do salário mínimo.

População com algum tipo de rendimento

Além do rendimento médio mensal per capita, a proporção da população brasileira com algum tipo de rendimento (independentemente de ser proveniente de trabalho, benefícios sociais ou outros meios) também cresceu e atingiu seu pico em 2023.

No ano passado, 64,9% da população — cerca de 140 milhões de pessoas — tinha algum tipo de rendimento. No ano anterior, eram 62,6%, cerca de 134,1 milhões de pessoas.

Os números mostram uma recuperação da economia brasileira após a pandemia de Covid-19. Em 2021, ano que registrou o maior número de casos e mortes pela doença, 59,8% da população (127,1 milhões de pessoas) tinham algum tipo de rendimento, menor patamar já registrado pela pesquisa.

As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram as maiores porcentagens de população com algum tipo de rendimento. Norte e Nordeste foram as menores. Ainda assim, todas as regiões tiveram uma melhora nos números em um ano.

Veja o percentual da população de cada região com algum tipo de rendimento:

  • Sul: 68,8% da população com rendimento em 2023, contra 67% em 2022;

  • Sudeste: 67,6% da população com rendimento em 2023, contra 64,8% em 2022;

  • Centro-Oeste: 65,6% da população com rendimento em 2023, contra 62,6% em 2022;

  • Nordeste: 60,8% da população com rendimento em 2023, contra 59% em 2022;

  • Norte: 57,8% da população com rendimento em 2023, contra 55,9% em 2022.

Entre os estados, o que tem a maior porcentagem de pessoas com rendimento na população residente (pessoas que habitam um mesmo domicílio) é o Rio Grande do Sul, com 70,3%, seguido por Santa Catarina, com 69,4%, e São Paulo, com 68,6%.

Já os estados com a menor taxa são Acre, com 51,5%, Amazonas, com 53%, e Roraima, com 54,8%.

Com o aumento na porcentagem de população com rendimento em todas as regiões, o rendimento médio mensal real (independentemente da fonte) também cresceu em 2023, em relação a 2022.

Apesar da alta geral de um ano para o outro, o cenário é diferente olhando para o patamar registrado em 2019, pré-pandemia. As únicas regiões que tiveram um avanço no rendimento médio em 2023 em relação a 2019 foram Centro-Oeste (R$ 3.355 contra R$ 3.145) e Norte (R$ 2.255 contra R$ 1.999).

Com informações do G1