O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nesta quarta-feira (1º) que vai romper relações diplomáticas com Israel por suas ações na guerra que se desenrola há quase 7 meses na Faixa de Gaza.
Crítico do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, o primeiro presidente de esquerda do país sul-americano já havia declarado apoio à África do Sul em janeiro, no caso em que Israel é acusado de genocídio e que tramita na Corte Internacional de Justiça, órgão das Nações Unidas com sede em Haia.
“Aqui, diante de vocês, o governo da mudança do presidente da República anuncia que amanhã romperemos relações diplomáticas com o estado de Israel […] por ter um presidente genocida”, disse Petro para uma multidão na praça Bolívar, em Bogotá —apoiadores do colombiano fizeram uma marcha no Dia do Trabalhador em apoio às reformas sociais e econômicas propostas pelo governo.
Segundo o presidente, os países não podem ser passivos diante do conflito em Gaza. Desde o começo da guerra, em 7 de outubro, 34,5 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas no território palestino, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
“Os tempos do genocídio e do extermínio de um povo inteiro diante de nós não podem chegar”, bradou Petro em meio a gritos de apoio. “Se a Palestina morrer, a humanidade também morre.”
O rompimento das relações representa a ação mais dura de Bogotá contra Tel Aviv desde o início do conflito. Não foi a primeira vez, porém, que Petro se referiu a Netanyahu como um genocida. Assim como fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o colombiano já havia comparado, em fevereiro, a morte de palestinos em Gaza ao Holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial.
“Mais de cem palestinos que pediam comida foram assassinados por Netanyahu. Isso se chama genocídio e também nos lembra do Holocausto, embora os poderes mundiais não gostem de reconhecer isso. O mundo deve bloquear Netanyahu”, escreveu Petro, na ocasião, em suas redes sociais.
A mensagem foi publicada após militares de Israel dispararem contra civis que aguardavam em fila para receber ajuda numa região próxima à Cidade de Gaza, a principal da faixa homônima, em 29 de fevereiro. O Hamas diz que mais de cem pessoas morreram na ação, número que é contestado por Israel.
Também em fevereiro, Petro decidiu suspender a compra de armas de Israel, até então um dos maiores fornecedores das Forças Armadas colombianas. Antes dos atritos diplomáticos, a cooperação militar era um dos fatores-chave na relação dos países.
No protesto convocado pelo presidente nesta quarta, manifestantes agitaram bandeiras da Palestina. “Isso [rompimento das relações diplomáticas] é a melhor notícia que podíamos receber. Não podemos ser cúmplices de assassinos”, disse à agência de notícias AFP a professora Sandra Gutiérrez, 38.
Tel Aviv, por sua vez, acusou Petro de “recompensar os assassinos e estupradores do Hamas” ao romper relações. Em publicação na plataforma X, Israel Katz, o chanceler israelense, afirmou que a história recordará que o colombiano “decidiu apoiar os monstros mais desprezíveis que a humanidade já conheceu”.
Lula, que mantém bom relacionamento com Petro, também comparou as ações militares de Israel em Gaza a um genocídio e fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o brasileiro em fevereiro durante viagem à Etiópia.
As declarações levaram o Ministério das Relações Exteriores do governo de Netanyahu a declarar o líder brasileiro “persona non grata”.
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