Foto: Agência Brasil

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Fome Zero (IFZ) revelou uma queda significativa no número de brasileiros em situação de fome. Segundo o estudo, encomendado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, houve uma redução de 33 milhões em 2022 para 20 milhões de pessoas em 2023.

O estudo foi divulgado nessa segunda-feira (11) e se baseou na análise de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE.

“Deve-se fazer uma ressalva, a estimativa aqui analisada é preliminar e deve ser interpretada como uma análise de cenário de como está a situação geral da insegurança alimentar e nutricional no Brasil e de seus indicadores macroeconômicos”, aponta o estudo.

Segundo o diretor geral do IFZ, José Graziano, medidas como aumento do valor do salário mínimo e repasses do programa Bolsa Família, “bem como a redução da inflação dos alimentos”, foram importantes na redução de 13 milhões de pessoas em situação de fome no Brasil, “embora ainda haja um longo caminho pela frente”, diz.

A queda no desemprego e o controle dos preços, foram apontados como fatores-chave para a redução. De acordo com o Instituto, o percentual de pessoas em situação de insegurança alimentar no Brasil caiu de 32,8% em 2021 para 28,9% em 2023, indicando uma tendência positiva após anos de aumento desse índice.

“Por outro lado, os preços dos alimentos apresentaram queda relativa em 2023, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, indica a pesquisa, que também afirma que os “preços ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia”.

“Essa redução, embora represente um alívio momentâneo para os consumidores, levanta questionamentos sobre sua sustentabilidade a longo prazo, ou seja, a queda dos preços dos alimentos em 2023 pode representar um alívio momentâneo para os consumidores, mas é necessário cautela ao interpretar essa tendência”, escrevem os autores.

O estudo ainda ressaltou o impacto positivo dos programas de transferência de renda e do aumento real do salário mínimo, que contribuíram para o aumento do poder de compra da população mais vulnerável. A pesquisa dividiu a Insegurança Alimentar em dois tipos:

  • Insegurança Alimentar Moderada: O indivíduo não faz três refeições diárias ou não se alimenta o suficiente para ter uma vida saudável.

  • Insegurança Alimentar Grave: O indivíduo fica um dia ou mais sem comer, no que se traduz como passar fome.

Ao analisar o Índice de Miséria, que combina indicadores de desemprego e inflação para medir a exposição da população carente à insegurança alimentar, mostrou-se que, após um período de crescimento entre 2019 e 2021 – de 15,40% a 21,20% –, o índice apresentou uma queda significativa em 2023, chegando a 12,4%.

Em 2018, quatro anos após deixar o Mapa da Fome, os índices de insegurança alimentar voltaram a subir no Brasil. Com a crise sanitária instaurada pela Covid-19 em 2020, houve a deterioração acentuada dos rendimentos dos mais pobres.

Em 2022, o país somava 33 milhões de brasileiros que não tinham o que comer por um dia ou mais, segundo estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN).

Uma das metas do governo Lula (PT), estipuladas ainda no período de campanha, foi tirar, novamente, o país do Mapa da Fome até 2030 e reduzir a menos de 5% o percentual de domicílios em situação de insegurança alimentar grave.

*Com informações de IG