Casos de zika e chikungunya registrados no Brasil em 2024 (Foto: Reprodução / JN)

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás descobriram um complicador no combate à transmissão do vírus da zika e da chigungunya. A pesquisa usou ovos de mosquitos de sete regiões diferentes de Goiânia. Eles foram coletados em armadilhas e placas instaladas pela Vigilância Sanitária. O material foi levado para o laboratório de genética molecular da Faculdade de Biologia da Universidade Federal de Goiás.

“Foram quatro etapas. A gente recebeu os ovos, a gente adicionou água até a eclosão das larvas. Em seguida, ela se transformou em pulpas até a eclosão do mosquito. Demora em torno de sete dias”, explica Diego Michel Fernandes da Silva, pesquisador da UFG.

Depois, as espécies de mosquitos foram identificadas e a pesquisa seguiu só com amostras de 1.570 fêmeas do aedes aegypti, transmissoras dos vírus da dengue, zika e chikungunya.

Até hoje, o que se pensava é que o mosquito só transmitia zika ou chikungunya depois de picar uma pessoa infectada. Mas a pesquisa veio mostrar que o aedes aegypti já pode nascer com os vírus dessas doenças.

Os cientistas examinaram inseto por inseto e descobriram que nenhum deles nasceu com dengue, mas 20 tinham o vírus da chikungunya e dez estavam com o da zika, mesmo sem ter tido contato com humanos contaminados. É a chamada transmissão vertical.

“É a transmissão direta do vírus da fêmea para sua prole. É como se o ciclo da transmissão agora fosse mais rápido. Ele interrompe o fato de precisar encontrar um hospedeiro infectado. Assim que o inseto encontra, na sua fase adulta, ele já está competente para transmitir o vírus para outras pessoas”, explica Juliana Santana Decurcio, pesquisadora da UFG.

A pesquisa foi publicada ontem (23) na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. O objetivo dos biólogos é ajudar no trabalho de combate ao mosquito.

“A estratégia agora é focada nos ovos e nas larvas, não apenas no mosquito. Quebrar essa transmissão de ovos infectados agora com o vírus”, afirma Lívia do Carmo Silva, pesquisadora da UFG.

Os pesquisadores reforçam que a melhor forma de controle do aedes aegypti ainda é evitar locais com água parada, verificar os vasos de planta, caixas d’água e qualquer local que possa ser de criadouro para o mosquito.

Só em 2024, já foram registrados, em todo Brasil, 867 casos prováveis de zika e mais de 42 mil de chikungunya, com nove mortes confirmadas e 47 em investigação.

Com informações do Jornal Nacional