Uma variante do novo coronavírus já responde por 42% das novas infecções em Manaus, levantando preocupações sobre um risco maior de disseminação, alertou a imunologista Ester Sabino, nesta sexta-feira (22/1).
“Essa frequência saiu em nossos dados de dezembro, a gente está terminando janeiro ainda, mas está aumentando”, disse Ester Sabino, professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da USP. Ela liderou uma equipe que coletou dados genômicos de testes de covid-19 em Manaus. Os resultados preliminares foram publicados no fórum Virological.org. Segundo ela, é muito provável que a nova variante brasileira seja mais transmissível do que a cepa dominante atual, ainda que isso não esteja comprovado de forma definitiva.
A nova variante, identificada como P.1, que possui as mutações N501Y e E484K, foi detectada em 13 das 31 amostras de testes PCR positivos coletadas em Manaus entre 15 e 23 de dezembro. Estava ausente nas amostras de análise do genoma vistas entre março e novembro, destacando a rapidez com que apareceu e se reproduziu.
Mesmo com a resistência da população de Manaus ao distanciamento social e a medidas como o lockdown, que não foi adotado no Estado, os pesquisadores acreditam que o aumento também é agravado pela nova variante. A mutação do vírus foi detectada pela primeira vez há duas semanas no Japão, depois que quatro pessoas viajaram de Manaus para aquele país. “Tudo indica que (essa variante) é a forma que está evoluindo em Manaus”, afirmou a pesquisadora.
Ester fez um apelo às autoridades de saúde brasileiras para reforçar a vigilância do surto de coronavírus em Manaus e região, e também em todo o Brasil. “Isso tem que ser monitorado”, alerta. Diante da possibilidade de uma forma mais contagiosa do coronavírus, o grupo pediu à autoridade da aviação civil que intensifique o monitoramento nos principais aeroportos com chegada de Manaus. [UOL]