Rússia e Ucrânia tiveram nova reunião de negociação hoje na Turquia, sem aperto de mão nem perspectiva de fim da guerra.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, afirmou na tarde de hoje (29), que houve retirada de tropas russas de Kiev, mas foram poucas. No entanto, segundo ele, “não devemos nos enganar com as alegações recentes do Kremlin”.
De acordo com Kirby, ainda é muito cedo para julgar as ações que a Rússia pode tomar. “Houve movimentação de algumas unidades russas saindo de Kiev nos últimos dias”, disse, em entrevista coletiva.
“Mas acreditamos que este é um reposicionamento, não uma retirada real. Não significa que a ameaça a Kiev acabou”, completou.
Rússia anuncia ‘redução drástica’ de ataques a Kiev
Hoje (29) pela manhã o Ministério da Defesa da Rússia anunciou a primeira redução de ataques sem motivação humanitária desde o começo da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro. A pasta diz que vai “reduzir drasticamente a atividade militar em torno de Kiev e Tchernihiv”.
A motivação oficial é facilitar as negociações de paz que recomeçaram em modo presencial em Istambul, com a presença do próprio presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nesta terça (29). Mas a medida, se vingar, também dá tempo ao Kremlin para adaptar seu discurso sobre a guerra.
Assim, permitir ao presidente russo, Vladimir Putin, tentar cantar vitória na criticada ação, mirando ganhos no leste e sul do país —isso se não dissimular um rearranjo geral de forças para um plano maior.
Os negociadores ucranianos fizeram a oferta de neutralidade militar —um dos objetivos centrais da Rússia no conflito, evitar a entrada da vizinha na Otan, a aliança militar ocidental. Demandam para tanto o fim das hostilidades e a retirada de forças russas.
Em troca, pedem garantias externas de segurança, algo bastante incerto em sua forma, mas que segundo o assessor presidencial Mikhailo Podoliak significaria uma proteção análoga à que membros da Otan dão uns aos outros. A Turquia, misto de rival e aliada de Putin e simpática ao governo de Volodimir Zelenski em Kiev, é uma candidata —mas também é da aliança ocidental, o que dificulta a equação.
Com informações da Época e da Folha de S.Paulo