Grande Muralha da China - Foto: Reprodução / Getty Images

Um estudo divulgado na revista internacional Science Advances revelou o que tem ajudado a manter a Grande Muralha da China de pé mais de 2 mil anos depois de sua construção. Uma biocrosta tem servido como uma “pele viva”, protegendo a estrutura da ação do tempo.

De acordo com a pesquisa, a muralha era muito maior. Por causa da degradação ocorrida ao longo do tempo, ela foi diminuindo. Contudo, partes dela estão recebendo ajuda de uma fina camada composta por bactérias, musgo, líquen e outros organismos, que formam uma barreira contra o vento, chuva e outras forças corrosivas. E com o avanço da tecnologia, os cientistas poderão eventualmente reproduzir novas biocrostas para poupar a parede de uma maior degradação.

Os cientistas acreditam que essas camadas cubram cerca de 12% da superfície terrestre do planeta e estão concentradas em regiões com climas mais secos, o que inclui o norte da China. Foram encontradas em uma variedade de formas, desde finas redes de bactérias com apenas alguns milímetros de espessura até camadas mais densas de musgo e líquen com alguns centímetros de altura.

Como a ‘pele viva’ funciona

Para entender como a ‘pele’ funcionava em uma estrutura como a muralha, o cientista especialista em solos Bo Xiao, da Universidade Agrícola da China, e seus colegas coletaram amostras de oito pontos diferentes da muralha cobertas por biocrostas e compararam suas propriedades físicas com as de áreas “nuas”. Assim, notaram que as partes com “pele viva” eram menos porosas e mais resistentes.

“Em comparação com a taipa nua, as seções cobertas por biocrosta exibiram porosidade, capacidade de retenção de água, erodibilidade e salinidade reduzidas em 2 a 48%, enquanto aumentavam a resistência à compressão, a resistência à penetração, a resistência ao cisalhamento e a estabilidade do agregado em 37 a 321%”, disseram os pesquisadores.

Os investigadores sugerem que essas propriedades e outras ligadas às biocrostas protegem a Grande Muralha da degradação de algumas maneiras, reduzindo a erosão eólica, impedindo a infiltração de água e sal e aumentando a estabilidade geral da taipa.

Forma ameaçada

De acordo com a Science, estudos recentes alertam que, à medida que as mudanças climáticas avançam e o uso intenso da terra se espalha, nas próximas décadas, muitas biocrostas podem desaparecer.

A situação pode causar sérias consequências à muralha, aponta o estudo. Matthew Bowker, ecologista da Universidade do Norte do Arizona, nos EUA, e autor da pesquisa, adverte que à medida que o clima fica mais quente ao longo da Grande Muralha, as crostas mais espessas e dominadas por musgo podem dar lugar a crostas mais finas de cianobactérias, que requerem menos água.

Xiao afirma que o que está em jogo é “um símbolo cultural da China [e] da civilização chinesa” e que será importante encontrar formas eficazes de mantê-la de pé para as gerações futuras.

*Com informações de Terra