Tangará-do-oeste (Chiroxiphia napensis) teve seu primeiro registro na Amazônia brasileira entre os rios Japurá e alto Amazonas (Foto: Paul Fenwick / Agência Bori)

Um estudo feito por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) confirmou que uma espécie de pássaro, o tangará-do-oeste (Chiroxiphia napensis), ocupa parte do território amazônico. Esse é o primeiro registro brasileiro da ave e expande significativamente o entendimento da distribuição geográfica da espécie. A descoberta foi descrita em artigo publicado em 29 de março na revista científica Acta Amazonica.

O registro foi feito pelos pesquisadores a partir da observação de exemplar da espécie coletado em 2014, na margem direita do rio Japurá, no Amazonas. O estudo também projetou a distribuição geográfica na Amazônia de outras duas espécies próximas, o tangará-príncipe (Chiroxiphia pareola) e o tangará-de-coroa-amarela (Chiroxiphia regina). Elas são frequentemente reconhecidas como populações da espécie tangará-príncipe, embora apresentem diferenças em plumagem.

Análise com DNA

Trabalhos anteriores envolvendo análises filogenéticas moleculares, que analisam as diferenças genéticas das espécies pelo DNA, também ofereceram suporte para reconhecer as características das três aves como espécies distintas. Além disso, a equipe utilizou registros de museus e observações de campo para revisar e expandir os mapas de distribuição das espécies dentro do complexo Chiroxiphia pareola – uma forma de considerar as três espécies.

Segundo a pesquisa, a espécie Chiroxiphia napensis ocorre no Brasil, especificamente na área entre os rios Japurá e alto Amazonas. Ela tem pelagem preta e azul, no dorso, e vermelha, na cabeça. Ela havia sido apenas registrada na Colômbia e no Peru.

As espécies, que antes eram tratadas como uma coisa só, agora são categorizadas como diferentes. Assim, era necessário que suas distribuições fossem revisadas”, explica o pesquisador do Inpa, Arhur Gomes, um dos autores do artigo.

Ele comenta que ainda existem algumas lacunas de amostragem para entender a distribuição geográfica precisa dessas espécies.

Os resultados alteram a compreensão atual sobre a biodiversidade da Amazônia e têm implicações diretas para a conservação dessas espécies. “Entender as distribuições de espécies na Amazônia pode nos revelar muitas coisas, como a própria história da formação desse bioma”, comenta Gomes.

Com uma distribuição geográfica mais ampla do que se pensava anteriormente, medidas de proteção podem ser ajustadas para garantir a conservação dessas aves. Além disso, a pesquisa desafia a noção de que grandes áreas da Amazônia são homogêneas em termos de biodiversidade, mostrando que há muito ainda a ser descoberto.

Com informações da Agência Bori