A Fiocruz Amazônia e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá realizaram nesta semana, a entrega de 1.000 lanternas recarregáveis com energia solar doadas pela multinacional francesa Schneider Eletric para as parteiras tradicionais do Amazonas. Os equipamentos foram entregues às representantes da Associação das Parteiras Tradicionais do Amazonas Algodão Roxo (APTAM), em ato realizado na sede da Fiocruz Amazônia, em Manaus, com a presença de parteiras de diversos municípios, entre eles Tefé, Itacoatiara, Maraã, São Gabriel da Cachoeira e Manaus, juntamente com representantes do Instituto Mamirauá, a direção da Fiocruz Amazônia e o pesquisador do Laboratório de História e Políticas Públicas de Saúde na Amazônia, Júlio César Schweickardt.
A diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, destacou a importância da doação dos equipamentos, afirmando que serão um diferencial no trabalho das parteiras. “Muitas delas são de localidades bastante remotas e com certeza o apoio da iluminação vai proporcionar acesso e melhores condições de atuação naquilo que elas já fazem com excelência. Temos certeza de que as lanternas solares serão um diferencial nesse trabalho humanitário e comunitário que as parteiras já fazem e nós, da Fiocruz Amazônia, estamos muito felizes de poder compartilhar esse momento com todas elas, juntamente com parceiros, como o Instituto Mamirauá, a Algodão Roxo e as empresas responsáveis pela doação”, pontuou Stefanie Lopes.
O reconhecimento e a remuneração do trabalho das parteiras tradicionais como profissionais que atuam auxiliando o Sistema Único de Saúde no cuidado com a saúde da mulher são reivindicações antigas. O pesquisador Júlio Schweickardt, coordenador do “Projeto Redes Vivas e Práticas Populares de Saúde: conhecimento tradicional das parteiras e a educação permanente em saúde para o fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde da Mulher no Estado do Amazonas”, desenvolvido desde 2016, afirma que a finalidade principal das ações desenvolvidas é a de promover o fortalecimento da organização e a busca pelo reconhecimento legal da profissão das parteiras.
“Ter esse reconhecimento por parte das empresas doadoras é de extrema importância para as parteiras. Ninguém imagina a importância dessas lanternas para essas mulheres. Elas precisam também de tesoura, máscara, álcool, bota, sombrinha, protetor solar. Qualquer doação é muito bem-vinda e representa um reconhecimento ao trabalho e um passo a mais na busca dos direitos”, explica Schweickardt. Segundo ele, as lanternas solares irão gerar um impacto muito grande para as parteiras. “No contexto urbano, não imaginamos como é ficar sem energia. Imagine em lugares onde não tem energia, a lanterna irá auxiliar não só na hora do parto, mas também nos deslocamentos e na melhoria da qualidade de vida das parteiras”, afirma o pesquisador.
De acordo com Schweickardt, o Amazonas possui mais de mil parteiras em atuação em todos os municípios e territórios. Elas vivem e trabalham em áreas ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A presidente da APTAM, Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues, afirma que as parteiras tradicionais, em sua grande maioria, trabalham em comunidades ribeirinhas e, em muitas ocasiões, precisam sair de casa à noite para realizar os partos em localidades onde não há energia. “A lanterna solar é importante principalmente para as parteiras que são mais idosas, todas nós agradecemos muito pelo apoio”, observa, agradecendo também a parceria da Fiocruz Amazônia.
“A Fiocruz é nossa voz. Somos mulheres que lutam pelos direitos das parteiras tradicionais, com conhecimento que vem sendo passado de geração em geração e que foram esquecidas. A Fiocruz é a voz que nos representa e todas as pessoas que se manifestam em nosso favor são nossos padrinhos e lutam pela mesma causa”, salientou Socorro.
Grupos vulneráveis
As lanternas solares são uma das três linhas específicas de produtos desenvolvidos pela Schneider Eletric, por meio do Programa Business with Empathy, com foco em produtos solares e voltados para grupos vulneráveis. Milena Rosa, gerente de Sustentabilidade e Responsabilidade da empresa, explica que as lanternas vão passar a fazer parte do kit da parteira. “O equipamento é composto por uma placa solar, um cabo de 4 metros, a lanterna em si e um cabo que vem junto que pode, além de promover a iluminação com a lanterna, servir para carregar um celular ou outro equipamento de pequeno porte. A placa deve ficar em cima da casa ou na localidade com incidência solar e o cabo conectado na lanterna”, explica. Segundo ela, em aproximadamente seis horas a lanterna carrega e passa a ter uma autonomia que pode chegar a 40 horas de iluminação.
“Nosso programa de acesso à energia entende que as parteiras atendem a uma parcela da comunidade em localidades remotas que necessitam desse tipo de suporte, daí a decisão de fazer a doação na certeza de que vai ser uma ferramenta a mais para que a parteira possa atuar com dignidade em seu território”, frisou.
A Schneider Electric é uma empresa multinacional francesa que atua na gestão de energia e automação. Ela oferece soluções para indústrias, edifícios, data centers e residências, com atividades nas áreas de distribuição elétrica, controle, automação, soluções de energia não conectadas à rede, gerenciamento de peças de reposição, serviços digitais, como análise de dados e monitoramento remoto, soluções e serviços para data centers.
Com informações do ILMD / Fiocruz Amazônia