A vida de quem mora na linha de frente da guerra na Ucrânia

Nikopol costumava estar às margens da represa de Kakhovka, da qual pouco restou. A represa e a usina hidrelétrica foram destruídas em julho de 2023 em consequência de uma explosão. Um grande volume de água fluiu pelo rio Dnipro e inundou vilarejos inteiros.
O Exército russo ocupou o sul das regiões de Kherson e Zaporíjia na primavera de 2022, após sua invasão em grande escala da Ucrânia. Os russos não apenas assumiram o controle da usina hidrelétrica, mas também capturaram a usina de Zaporíjia, próxima à cidade de Enerhodar.
Desde então, as forças russas estão a apenas cinco quilômetros de Nikopol, que tem sido alvo de constantes ataques de artilharia e de drones.
“Expostos como em uma bandeja”
O prefeito de Nikopol, Oleksandr Sayuk, disse à DW que a população de 100.000 habitantes da cidade diminuiu pela metade desde o início da guerra. Vladislav decidiu ficar apesar do perigo constante. Ele trabalha para a empresa de energia DTEK.
A reportagem da DW foi com ele e seus colegas até a parte mais perigosa da cidade, nas margens da antiga represa. O bombardeio russo danificou as linhas de energia, e os moradores de várias ruas estavam sem eletricidade.
Vladislav disse que um ataque era com frequência seguido de outro, motivo pelo qual os técnicos nem sempre conseguiam realizar imediatamente os reparos.
“Tivemos que fugir de drones várias vezes”, explicou. Repentinamente, a sirene de alerta de ataque aéreo volta a soar. Somente os porões de prédios residenciais podem oferecer proteção. “Estamos expostos como em uma bandeja aqui”, disse um técnico de 27 anos chamado Maksym.
Antes de voltar ao trabalho, os homens aguardaram atrás de uma cerca cheia de buracos de fragmentos de bombas até receberem o sinal verde. “É bom devolver a eletricidade novamente às pessoas”, disse Maksym. “Enquanto elas estiverem aqui, continuarei voltando.”

“Ainda estamos vivas”
Uma senhora de idade chamada Yelena apareceu em uma rua deserta e se dirigiu ao quintal atrás de sua casa incendiada para alimentar seus cães. A casa foi destruída enquanto ela estava trabalhando´em uma fábrica. Ela contou que tinha que constantemente procurar abrigo dos ataques de drones e, como não conseguia mais suportar essa situação, foi morar com sua irmã, que vive mais distante das margens do Dnipro.
“Você tem que alimentar os cães rapidamente e depois ir embora”, disse a ela Vladislav. “Sim, eu sei”, ela respondeu calmamente.
Enquanto os técnicos consertavam as linhas de energia, duas aposentadas — Faina e Ludmila — saíram de suas casas. Elas eram possivelmente as últimas pessoas a morar nesta rua.
“Como você pode ver, ainda estamos vivas”, disse Ludmila ao comentar sobre um bombardeio ocorrido na cidade, “mas um gato foi morto”. As duas mulheres tinham as chaves das casas de seus vizinhos, cujos animais de estimação elas continuaram a alimentar.
A casa de Ludmila também sofreu danos no ataque russo. Mesmo assim, ela disse que não quer se mudar, e até plantou algumas flores na frente da casa. “Por que eu não deveria plantar? É minha própria terra”, disse, acrescentando que costumava levar uma vida boa ali.
“Vai trabalhar e não sabe se volta”
Há poucas pessoas no centro de Nikopol. Os ônibus, porém, continuam a circular pelas ruas vazias.
“A vida é difícil”, disse o prefeito Sayuk. “Mas, de alguma forma, ela continua para as pessoas aqui.” Ele destacou o fato de que as empresas locais continuaram a funcionar, mesmo que o movimento não seja o mesmo de antes.
“Quando você vai trabalhar, não sabe se vai voltar”, disse o prefeito. Cerca de 60 civis foram mortos por bombardeios russos e mais de 400 ficaram feridos na cidade que costumava ser um centro industrial da região.
A reportagem da DW conheceu Mykhailo em um café no centro da cidade. O homem de 36 anos se alistou no serviço militar logo após a invasão russa. “Pensei no que aconteceria se os russos ocupassem a Ucrânia. Como seria minha vida? Eu não queria ter que receber ordens deles.”

Desde que voltou a Nikopol, no início do ano, ele começou a trabalhar em uma fábrica: “Vi muitas casas destruídas. O cemitério aumentou de tamanho. Quase ninguém ficou aqui”, disse.
Seu pai também foi junto com ele quando se alistou. Ambos se juntaram à mesma brigada de infantaria, com Mykhailo comandando uma bateria de artilharia e seu pai servindo como motorista.
“Foi difícil assistir a artilharia inimiga disparar contra a unidade do meu pai. Fumei um maço inteiro de cigarros em apenas uma hora”, lembrou.
Seu pai teve de deixar o Exército no início de 2023 após ser ferido no peito por um fragmento de um projétil.
Um ano depois, Mykhailo também teve baixa devido a problemas de saúde resultantes de um ferimento. Hoje em dia, ele cuida de seu pai de 57 anos. “Ainda tenho a sensação de que não terminei o trabalho”, disse, explicando que foi difícil se reajustar à vida civil, e que precisou de terapia.
“O trabalho é minha salvação”
Lilia Shemet também decidiu ficar na cidade. A mulher de 49 anos explicou que vive sozinha e que o trabalho era sua “salvação”. Ela decidiu continuar morando em um subúrbio de Nikopol com seus gatos e cães, e trabalhando em uma fábrica.
Lilia já teve uma família grande. Suas filhas mais velhas fugiram com seus próprios filhos, e seus filhos mais novos foram levados para um lugar seguro com a ajuda de seu empregador. Seu marido foi morto enquanto ajudava a consertar casas que haviam sido destruídas. Um de seus cachorros morreu quando uma granada atingiu seu jardim e danificou sua casa.
“No começo eu queria pedir demissão e ir embora.” Ela porém, acabou encontrando algum conforto em seu trabalho, e contou que aprendeu a dirigir um caminhão, o que a ajudou a ficar menos preocupada.
Lilia disse que visitava seus filhos nos finais de semana e ligava para eles durante a semana para assegurar que eles fizessem o dever de casa. “A infância deles não é o que era antes da guerra. Eles já pensam como adultos”, disse. Eles vivenciaram o primeiro bombardeio no bairro e sempre perguntam se houve mais explosões. “O que posso dizer a eles? Eles mesmos leem as notícias.”

Exército russo “caça” equipes de resgate
Os moradores contam que mais recentemente o Exército russo passou a bombardear Nikopol e seus subúrbios em plena luz do dia. “Isso ocorre mais de dez vezes por dia”, disse o bombeiro Ihor Tkachuk.
Ele estava em frente a um prédio em chamas, onde dois andares desabaram. Tkachuk e seus homens passaram dois dias tentando apagar o fogo no local.
Os bombeiros também são frequentemente alvos de ataques russos, sendo que um colega de Tkachuk morreu, quatro ficaram feridos e nove caminhões de bombeiros foram destruídos. O bombeiro acusou o Exército russo de “caçar equipes de resgate”.
*Com informações de Terra
Em visita à Yamaha, David reforça compromisso com Zona Franca de Manaus
Durante visita à Yamaha Motor da Amazônia no Distrito Industrial de Manaus, o prefeito David Almeida (Avante), candidato à reeleição, destacou as ações da prefeitura que já foram realizadas pela Zona Franca de Manaus (ZFM) e reforçou o compromisso para continuar defendendo a ZFM. As vias que dão acesso às fábricas não recebiam manutenção há 25 anos. No primeiro ano da gestão David, a região recebeu obras de revitalização do pavimento asfáltico, frutos de um convênio firmado entre a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e a Prefeitura de Manaus.
“Quando assumi a prefeitura, em 2021, as ruas do Distrito estavam há mais de 25 anos sem ter um tratamento adequado. Entre as ruas que estavam totalmente degradadas estava essa avenida da Yamaha. Nós injetamos mais de R$ 30 milhões da prefeitura, contemplando mais 14 ruas, das ruas que já estavam contempladas no convênio para que nós pudéssemos dar condições para que essas pessoas que vêm do Japão possam investir aqui e ter um retorno adequado com uma infraestrutura correta”, enfatizou o prefeito durante evento comemorativo ao marco de 5 milhões de motos produzidas no Brasil.
Para David Almeida, o Distrito Industrial é a mola propulsora da economia local e, por isso, reforça o compromisso de manter a aproximação com a ZFM que gera milhares de empregos para a população.
“Somente essa empresa [Yamaha] gera 4 mil empregos diretos, de investimentos que dão condições para que os governos possam atuar. Nós precisamos criar um ambiente de negócio, o melhor possível para que nós possamos atrair mais investidores para a Zona Franca de Manaus. Essa é a nossa intenção. Nos aproximar do setor industrial é fundamental para que a gente possa melhorar esse ambiente de negócio”, disse.
Defensor da ZFM
O prefeito David Almeida sempre buscou defender a ZFM, principalmente pela formação de mão de obra, e também pela garantia da política de incentivos fiscais da ZFM na regulamentação da reforma tributária.
Em julho de 2023, a imprensa local noticiou sobre a votação da reforma tributária, na Câmara dos Deputados. À época, o texto foi considerado uma vitória histórica para o Amazonas por manter a competividade da Zona Franca de Manaus, criar segurança jurídica e estabelecer marco para diversificação da matriz econômica do Estado.
No dia da votação, o painel da Casa mostrou que, dos oito parlamentares que compõem a bancada do Amazonas na Câmara, o deputado federal Alberto Neto, adversário de David nesta eleição, foi o único que votou contra a reforma.
Garimpo na Guiana Francesa avança com mão de obra do Brasil e dinheiro da China
Bigobal sabe que aquela é a terra da ilusão, mas não deixa de se iludir. Com 33 anos, quer “enricar” até os 40. Mas já são 14 anos entranhado no garimpo na porção da amazônia da Guiana Francesa sem resultado. “Tudo que ganhei, se foi.”
Ele é um em milhares de garimpeiros brasileiros que atuam de forma ilegal neste território francês na América do Sul. Há entre 5.000 e 8.000 deles no país, estimam as autoridades, e 90% seriam do Brasil.
Bigobal é uma espécie de síntese dessa realidade. É do seu estado natal, o Maranhão, que sai a maior parte dos garimpeiros que hoje atuam na Guiana Francesa. Foi seu pai quem o levou para ali garimpar. A mãe e os irmãos estão no vizinho Suriname, terra sem lei para essa atividade.
O garimpo também avança quase que sem freio no departamento francês, cuja população de 286 mil habitantes é majoritariamente negra, com muitos indígenas e forte influência de imigrantes do Brasil e do Caribe.
Há hoje 400 garimpos ilegais no território, sendo 150 deles no Parque Amazônico, área de proteção ambiental de 3,4 milhões de hectares, criada em 2007, cuja densa e embaraçada vegetação vista de cima só se separa para dar lugar ao desmatamento fruto dessa atividade.
Autoridades calculam que de 5 a 10 toneladas de ouro são extraídas por ano pelo setor ilegal (nos últimos quatro anos, foram 27 toneladas). E caminhar pelos centros de poder da capital Caiena ou pelas aldeias do país não transmite a expectativa de que essa realidade vá mudar.
Há uma década, a presença de comerciantes chineses cresceu nas porosas e pouco controladas fronteiras da Guiana Francesa, que a oeste se divide do Suriname pelo rio Maroni e a leste do Brasil pelo rio Oiapoque.
Muitos deles chegam ali para estabelecer seus mercados. O comércio vai além das latas de cerveja e dos ultraprocessados nas prateleiras de madeira. Eles vendem o mercúrio —usado no processo de separação do ouro e muitas vezes despejado nos rios— e os motores dos barcos. Outras vezes, fazem empréstimos aos garimpeiros e compram ouro.

Estão integrados à comunidade local, mas nem tanto. “Français?”, arranha a reportagem para perguntar o preço em euros de uma garrafa de em uma das lojas à beira do Maroni. “No French”, responde o dono em um ralo inglês, sinalizando um “2” com os dedos.
As autoridades já têm mapeada parte da rota que possibilita a extração ilegal do ouro. Daí a combater a prática, há um emaranhado de desafios que vão da dificuldade de ações de cooperação com seus vizinhos à repressão moderada das forças de segurança ao garimpo.
“Suspeitamos que os equipamentos pesados chegam pelo Suriname, vindos da China, de modo que podemos pensar que o Suriname se beneficia dessas atividades na Guiana Francesa”, diz Gabriel Serville, autoridade máxima eleita da Guiana Francesa.
Sua relação com o presidente francês, Emmanuel Macron, é amarga. Serville integra o Partido Socialista da Guiana e já foi parlamentar em Paris. No centro do poder francês, tão apartado da realidade amazônica, apresentou extenso relatório sobre o garimpo ilegal.
Brasil e França assinaram em 2008 um acordo de cooperação para combate a essa atividade. Em março deste ano, por ocasião da visita de Macron à região, firmaram uma nova nota de intenção sobre o tema.
No entanto, nada parece ter saído do papel, expressam reservadamente interlocutores dos dois lados. Para um deles, o rescaldo político ainda não alcançou o nível tático. Serville é mais duro.
“Não vejo sinceridade nessa carta. E no fundo não estou convencido de que o presidente Macron queira mudar a realidade da Guiana. Se fosse a mesma situação na metrópole francesa, há muito tempo estaria resolvida”, diz esse ex-professor de matemática nascido em Caiena.
Cerca de 350 militares franceses atuam constantemente na floresta por meio da operação Harpie, que mobiliza € 70 milhões (R$ 4 bi) ao ano.
Mas são raras as prisões de envolvidos. Ainda que brasileiros sejam boa parte dos presos na Guiana Francesa (cerca de 250 entre uma população carcerária de 1.100), o que os leva à prisão não é o garimpo, explica à reportagem o procurador-geral do território, Joël Sollier. A maioria é presa por delitos ligados a violência, roubo e drogas.

Alguns garimpeiros, imigrantes sem documentos, são deportados. Mas facilmente retornam, como o maranhense Bigobal. Ele já foi deportado para o Oiapoque (AP).
No dia seguinte, voltou. No garimpo, já perdeu as contas de quantas vezes foi abordado por oficiais de segurança. Seguiu em liberdade. “‘Tu de novo?’, um deles já me perguntou”, conta ele sorrindo.
As rebarbas dessa atividade são vistas a olho nu. A cinco minutos da francesa Maripasoula, à distância de um rio, a caixa de som toca a regravação de “Escrito nas Estrelas” de Tetê Espíndola, agora na voz da sertaneja Luana Prado. No restaurante, um self-service com comida do Brasil. Não se trata de território brasileiro, porém. É o Suriname.
A presença dos garimpeiros brasileiros se espraiou nessa porção da América do Sul. No Suriname, essa espécie de vila reúne hotéis, prostíbulos, salões de beleza e minimercados. É mais um dos pontos de abastecimento e descanso dos garimpeiros, que no escurecer do dia rumam para a floresta na Guiana Francesa para trabalhar.
Como se não bastassem os problemas frutos do garimpo ilegal, da contaminação dos rios à contaminação dos indígenas locais, há três anos há também a presença de facções do Brasil na amazônia francesa, como o PCC (Primeiro Comando da Capital).
“Há cada vez mais criminalidade, e os garimpos atraem facções armadas que muitas vezes colocam os garimpeiros em situação de escravidão”, diz Xavier, chefe de investigação da gendarmaria francesa, que prefere omitir o sobrenome para se preservar das mesmas facções que tem ajudado a combater. “Por ano, temos 15 homicídios nos garimpos –isto é, aqueles de que ficamos sabendo.”
A presença dos grupos fortemente armados tem ampliado a circulação de armas e de drogas na Guiana Francesa. No garimpo, o uso de entorpecentes é comum para manter o ritmo de trabalho pesado nos chamados “barrancos”, onde juntos atuam em média sete garimpeiros por cerca de dez dias.
Ganha-pão para esses brasileiros, o garimpo ilegal também virou de cabeça para baixo a realidade dos indígenas. Mathias Barcarel, 26, parece ser um dos únicos que não moderam as palavras para expressar o incômodo causado pelos brasileiros. Ele é o cacique dos tekos, um dos povos indígenas da Guiana Francesa, que vivem nos arredores da cidade de Camopi, na fronteira com o Brasil.
“Acho que isso nunca vai parar. São tantos brasileiros que vêm para destruir a nossa natureza, os nossos rios”, diz o jovem líder que está há menos de um ano nessa posição. Há mágoa em sua fala.

Barcarel foi eleito após a morte de Guy, seu pai, chefe indígena que também atuava nas forças de segurança no combate ao garimpo.
Em maio de 2023, durante uma operação contra garimpeiros no rio Oiapoque numa madrugada, ele morreu após bater em um tronco enquanto o barco estava em alta velocidade para alcançar garimpeiros. Seu corpo só foi encontrado três dias depois.
“Eles estão em toda parte. Trazem também drogas, roubam nossos barcos e motores. Todas as noites de 10 a 15 barcos passam aqui no rio rumo à floresta. Nos impedem de dormir. Nossas crianças vão para a escola com sono. Nós, indígenas, não podemos parar os brasileiros.”
Como outros povos indígenas locais, os tekos tentam preservar suas tradições a duras penas. À presença do garimpo se somam o distanciamento dos jovens da aldeia, que cada vez menos querem cultivar a terra, a praga que ataca a mandioca e a seca, que nos últimos meses levou à perda da plantação.
Para comer, os indígenas têm aumentado a compra de alimentos no lado brasileiro da fronteira, em Vila Brasil e Ilha Bela, vilarejos que respiram a logística do garimpo e servem de retaguarda para os garimpeiros.
O primeiro, povoado há décadas, recebeu aval do governo do Brasil em 2011. Já o segundo segue como uma ocupação irregular no território do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, unidade de conservação brasileira vizinha ao francês Parque Amazônico.
“Na fronteira com o Brasil, o maior problema é Ilha Bela, que não existia quando o Parque Amazônico foi criado”, afirma o diretor da unidade de conservação, Pascal Vardon. “Ilha Bela é uma espécie de atacadão dos brasileiros, ponto logístico do garimpo. Precisa ser eliminada.”
Não há sinais de que o anseio de Vardon se tornará realidade, no entanto.
Autoridades locais ligadas ao combate ao garimpo afirmam que estão reorganizando uma estratégia para combater a prática ilegal com a promoção de garimpos legais, lógica que já se mostrou ineficaz.

“Essa estratégia já foi testada há dez anos e interrompida por falta de resultados”, diz Laurent Kelle, chefe da ONG WWF no país. “Realizamos uma análise de mapeamento e os resultados são claros: entre 2013 e 2022, 50% das minas oficiais seguiam, em média, a menos de 4 km de um local ilegal. A única queda significativa na mineração ilegal ocorreu em 2016, ano de cooperação eficaz entre Brasil, Suriname e França.”
Sob o manto da impunidade, o garimpo segue entranhado na floresta. A realidade das comunidades locais se altera, mas a dos garimpeiros do Brasil muda pouco. Na “terra de ilusão”, como a descreve, Bigobal calcula por quanto tempo ainda terá fôlego.
O pai, que o levou para garimpar ali, morreu em fevereiro, após 40 anos no ofício, ao contrair raiva na mordida de um morcego. E as seis filhas de Bigobal, fruto de diferentes relacionamentos passageiros que teve com brasileiras que trabalhavam como prostitutas no garimpo, estão espalhadas entre o Suriname, a Guiana Francesa e o Brasil.
O que deseja para elas? “Falo para estudarem, buscarem um outro futuro. Essa realidade aqui não é nada fácil”, diz ele, que se prepara para deixar a capital Caiena e partir para a floresta.
*Com informações de Folha de São Paulo
Novas Leis no Amazonas: inclusão, combate ao racismo e modernização educacional
A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) teve um conjunto de 25 matérias sancionadas pelo Governo do Estado e publicadas no Diário Oficial na primeira quinzena de outubro. Entre as novas Leis, destacam-se a Campanha Estadual 21 Dias de Ativismo de Combate ao Racismo e a implementação do diploma digital no Amazonas.
A deputada Joana Darc (UB) apresentou o Projeto de Lei nº 18 de 2022, sancionado na Lei nº 7.106, de 03 de outubro de 2024, que institui a Campanha Estadual 21 Dias de Ativismo de Combate ao Racismo no Amazonas. A iniciativa visa consolidar o enfrentamento ao racismo como uma prioridade do Estado, promovendo ações educativas, culturais e preventivas que busquem reforçar o respeito à vida, à dignidade e à cidadania, sobretudo das populações historicamente discriminadas.
A campanha ocorrerá anualmente entre 20 de novembro e 10 de dezembro, abrangendo duas datas de grande significado, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A Lei tem como proposta central alertar sobre a importância do combate ao racismo e promover uma mudança cultural por meio de ações que envolvem a repressão à violência e a valorização da dignidade humana.
“A escolha dos 21 dias de ativismo faz referência a duas importantes campanhas globais: os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, iniciados em 25 de novembro, e o Dia da Consciência Negra, antecipando e adaptando essa mobilização ao contexto brasileiro. Ao iniciar em 20 de novembro, o projeto destaca a relevância histórica da resistência negra no Brasil, refletida tanto na memória da escravidão quanto nas lutas contemporâneas por igualdade e reconhecimento”, justificou a deputada.
Diploma Digital
A Lei nº 7.110 de 2024, de autoria da deputada Dra. Mayara Pinheiro Reis (Republicanos), propõe implementação do diploma digital no Amazonas pelas instituições de ensino superior do Estado.
A proposta tem como objetivo modernizar e agilizar o processo de emissão de certificados acadêmicos, beneficiando tanto os alunos quanto as próprias instituições.
A iniciativa estabelece que todas as instituições de ensino superior do Amazonas deverão oferecer aos estudantes a opção de solicitar diplomas em formato digital, equiparando-os juridicamente ao diploma impresso. O projeto visa não apenas acelerar a emissão dos documentos, mas também facilitar o acesso e a autenticação dos diplomas, uma vez que, segundo a justificativa apresentada, o certificado digital pode ser emitido em apenas 15 dias após a colação de grau, enquanto os diplomas físicos frequentemente demandam prazos maiores.

Dra. Mayara justifica o projeto destacando a importância da medida para a simplificação dos processos acadêmicos e a redução de prazos na entrega dos diplomas.
“Com a digitalização, os estudantes poderão ter acesso ao documento de forma mais ágil, possibilitando facilidade no uso em processos jurídicos, empregatícios e educacionais. Além disso, a iniciativa reduz custos administrativos relacionados à impressão e distribuição dos diplomas físicos, beneficiando também as instituições”, explicou.
Educação
Também de autoria da deputada Joana Darc, a Lei nº 7.111 de 2024 estabelece a Política Estadual de Educação para Pessoas com Deficiência nas instituições públicas de ensino superior do Estado, visando promover a inclusão social e acadêmica, assegurando a permanência, participação e desenvolvimento de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, por meio de atendimento educacional especializado e infraestrutura adequada.
A Lei tem como objetivo democratizar o acesso e a permanência no ensino superior, proporcionando a esses estudantes igualdade de oportunidades e condições para uma formação acadêmica e profissional plena. A proposta prevê que todas as instituições públicas de ensino superior do Amazonas adotem medidas para eliminar barreiras e garantir a acessibilidade física e pedagógica, promovendo a autonomia e o desenvolvimento das habilidades dos estudantes.
“A inclusão abrange não apenas a participação em cursos regulares e projetos de extensão, mas também o envolvimento dos alunos em programas de pesquisa e pós-graduação, garantindo um ambiente acadêmico que maximize o desempenho acadêmico e social”, informou a parlamentar.
As diretrizes da política também determinam a criação de projetos pedagógicos específicos para a inclusão de alunos com deficiência e a promoção de ações para a participação ativa das famílias e da comunidade acadêmica no processo educativo. As instituições deverão garantir recursos pedagógicos e tecnológicos que eliminem barreiras e assegurem a plena participação dos estudantes em todas as atividades acadêmicas.
Instituições se reúnem para praticar exercícios físicos e coletar lixo na Ponta Negra

O Consulado da Suécia, a Universidade Nilton Lins e a Escola Mahi Mahi de Remo realizaram, neste sábado (12/10), a segunda edição do Plogging, na praia da Ponta Negra, zona Oeste de Manaus. A ação uniu a prática esportiva à coleta de lixo, em um esforço coletivo para limpar a praia, que sofreu com o acúmulo de resíduos devido à seca extrema que afeta a região.
A primeira edição do Plogging foi realizada em 2022, nas margens do Igarapé do Gigante, na zona Oeste de Manaus.
Nascido na Suécia, o plogging – resultante da palavra sueca plocka upp (recolher) e do inglês jogging (correr/caminhar), já é praticado em mais de 100 países por pessoas que recolhem o lixo que encontram quando saem para caminhar, correr ou praticar exercícios ao ar livre.
A cônsul honorária da Suécia, Gisélle Lins Maranhão, destacou a importância do evento e explicou como a iniciativa surgiu.
“A ideia do plogging começou na Suécia e já acontece em todo o mundo. Esta é a segunda edição que realizamos em Manaus. A primeira foi no Igarapé do Gigante, e contamos com o apoio da Remada Sustentável e de algumas fundações e de voluntários”, explicou.
“Este ano, devido à seca extrema que estamos enfrentando, o lixo nas praias ficou ainda mais evidente, especialmente aqui na Ponta Negra, onde eu pratico meus esportes, sou frequentadora. Então, em parceria com a Federação de Remo e a Mahi Mahi, que é a escola de canoa havaiana, reunimos atletas e remadores para limpar a praia”, ressaltou
A cônsul destacou que o plogging é uma combinação de esporte e responsabilidade ambiental. “Enquanto praticamos esportes, também cuidamos do meio ambiente. É um compromisso que temos com o local que usamos, seja para lazer ou esporte. Nós, que praticamos remo, usamos o rio, então esta ação de limpar a praia faz parte desse cuidado”, destacou.
Engajamento
Sobre a continuidade da iniciativa, Gisélle revelou que novas ações estão programadas. “Já temos outra atividade marcada para o dia 19, organizada pela Federação de Remo. Mas o plogging, no entanto, fazemos uma vez ao ano somente devido aos cuidados necessários, como os materiais de coleta. Tudo é feito com doações e é um trabalho voluntário. Nossa intenção é sempre envolver a comunidade, atletas e voluntários. Hoje, por exemplo, temos a participação da Universidade Nilton Lins, ONGs e outras pessoas que se juntaram à ação”, detalhou a cônsul.

Consciência ambiental
“Cada um de nós tem um papel. Muitas vezes criticamos os impactos ambientais, mas pequenas ações podem fazer a diferença. Evitar jogar lixo nas praias e reduzir o uso de materiais de difícil decomposição são atitudes simples que ajudam a manter o ambiente limpo. Se cada pessoa fizer sua parte, já estaremos contribuindo para reduzir a quantidade de lixo nas praias”, ressaltou Gisélle Lins Maranhão.
Movimento em defesa do meio ambiente
Benedito Monteiro, proprietário da escola de remo Mahi Mahi e um dos organizadores do evento, destacou a importância da ação neste momento em que a seca severa tornou visíveis grandes quantidades de lixo.
“Essa é a segunda edição da limpeza que estamos realizando aqui na praia da Ponta Negra. Aproveitamos esse momento de baixa do rio, quando os resíduos descartados de maneira inadequada ficam mais evidentes, prejudicando o meio ambiente e a vida aquática”, explicou Monteiro.
Ele ressaltou que a seca severa deste ano foi um fator que motivou ainda mais a realização da ação, já que o acúmulo de lixo se tornou bem mais visível com a redução do nível das águas. “O lixo que normalmente fica submerso agora está exposto, então estamos retirando o máximo possível e armazenando em sacos, para que a prefeitura faça o recolhimento”, ressaltou.
Monteiro também relembrou como a ação começou, de forma espontânea. “A primeira edição foi bem informal. A gente viu que tinha muito lixo na praia e os alunos que estavam no remo começaram a recolher. Foi uma iniciativa coletiva e voluntária, com apoio de ONGs, como a Amigos do Bem e da própria Federação de Remo”, contou.
Com o sucesso da primeira edição, o evento deste ano ganhou mais força. “Ampliamos as parcerias e conseguimos uma ação mais efetiva e organizada este ano, com mais voluntários e materiais para recolher os resíduos da água e da areia.”
A iniciativa também reforça a importância de sensibilizar a sociedade para a preservação ambiental, especialmente em períodos de crise climática, como a seca que afeta a Amazônia.
Com o apoio de atletas, voluntários e a comunidade, a ação de plogging na Ponta Negra demonstra o poder de iniciativas colaborativas na promoção do bem-estar ambiental e da conscientização sobre o descarte adequado de resíduos.
Mercado financeiro prevê crescimento do PIB acima de 3% em 2024 pela 1ª vez
Os analistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo BC (Banco Central) avaliam que a economia brasileira crescerá 3,01% neste ano, mostram dados divulgados nesta segunda-feira (14).
Mercado vê avanço da economia nacional acima de 3% pela primeira vez. O relatório Focus mostra o PIB (Produto Interno Bruto) – soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país – deve avançar 3,01% neste ano. A estimativa é a melhor já apurada pelo BC.
Projeção é quase o dobro da expectativa apesentada no início deste ano. Na primeira semana de janeiro, os analistas projetavam um avanço de apenas 1,55% da economia nacional em 2024.
BC e do Ministério da Fazenda preveem avanços maiores. Os dois órgãos trabalham com a percepção de que o PIB brasileiro crescerá 3,2% neste ano. As avaliações consideram os avanços significativos da atividade no primeiro semestre e o dano menor do que o projetado pelos temporais que assolaram o Rio Grande do Sul.
Expectativa para os próximos três anos foram mantidas. Os analistas do mercado financeiro projetam um avanço de 1,93% do PIB em 2025. Já para os anos de 2026 e 2027, as projeções de crescimento da economia nacional permanecem estáveis em 2% para ambos os anos.
*Com informações de Uol
Festival de Teatro da Amazônia apresenta espetáculos premiados da edição 2024

O Festival de Teatro da Amazônia (FTA) chegou ao fim na noite de domingo (13/10), com a apresentação da peça “La Vorágine”, de La Tierra, da Colômbia; e a premiação da Mostra Competitiva Jurupari. O anúncio dos espetáculos premiados da 18ª edição aconteceu no Teatro Amazonas, no Centro de Manaus. O festival recebe apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, além da iniciativa privada e demais instituições.
As produções da Mostra Competitiva Jurupari concorreram a 20 prêmios, entre artísticos e técnicos, divididos em dez prêmios para categoria adulto e dez para a categoria teatro das infâncias.
Com prêmios artísticos foram contemplados “Melhor Espetáculo”, “Melhor Direção”, “Melhor Atuação de Ator ou Artista Não-Binárie”, “Melhor Atuação de Atriz ou Artista Não-Binárie” e “Melhor Dramaturgia”, enquanto os prêmios técnicos destacaram “Melhor Cenário”, “Melhor Figurino”, “Melhor Visagismo”, “Melhor Iluminação” e “Melhor Design de Som”.
Em 2024, foram mais de 30 espetáculos apresentados, com sessões lotadas, em espaços como Teatro Amazonas, Gebes Medeiros, Instalação, Buia e Centro de Tradições Indígenas, além das ruas de Manaus.
“O festival se espalhou pelos bairros da cidade e, em espaços independentes, o teatro encontrou sua verdadeira essência. Nos braços da comunidade, o teatro se multiplicou, mostrando que a cultura é diversa, plural e acessível a todos”, afirma Cleber Ferreira, presidente da Federação de Teatro do Amazonas (Fetam).
Ele destaca que o festival se tornou também um lugar de encontros e trocas entre artistas e técnicos de diferentes pontos do Brasil, que se reúnem em Manaus, a capital do teatro. “É assim que o Festival de Teatro da Amazônia se firma como um dos momentos mais marcantes da categoria”, afirma Cleber Ferreira.
Duas novas categorias ampliaram a representatividade de artistas da região amazônica: a Mostra Chico Cardoso, que abrange produções dos estados da Amazônia Legal, como Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins; e a Mostra Jurupari, uma competição dedicada aos trabalhos inéditos produzidos no Amazonas. A Mostra Ednelza Sahdo reuniu espetáculos de todo Brasil.
“A 18ª edição do Festival de Teatro da Amazônia comprova a força do segmento no estado, que, a cada ano, se renova, e, ao mesmo tempo, reconhece a importância de um rico legado de artistas amazonenses como Ednelza Sahdo e Chico Cardoso”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa em exercício, Candido Jeremias.

De acordo com o secretário, é assim que o Governo do Estado exerce o seu papel de apoiar iniciativas como o FTA, valorizando os artistas e dando visibilidade aos seus trabalhos no cenário nacional.
O FTA é apresentado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, via Ministério da Cultura – Governo Federal: União e Reconstrução, e pelo Nubank, realizado pela Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), com apoio da WEG e do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Icbeu Manaus, Amazonas Shopping, Faculdade Martha Falcão Wyden, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (Esat/UEA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Teatro Lambe-Lambe Estudo, Pesquisa e Prática-UEA, Ibis Styles e Abaré Central.
Confira os premiados:
Categoria Teatro para Infâncias
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Melhor Visagismo/Categoria Teatro para Infâncias
Cabelos Arrepiados – Buia Teatro Company
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Melhor Design de Som/Categoria Teatro para Infâncias
Jeferson Mariano/Cabelos Arrepiados
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Melhor Figurino/Categoria Teatro para Infâncias
Maria Hagge/Cabelos Arrepiados
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Melhor Cenário/Categoria Teatro para Infâncias
Tércio Silva/Cabelos Arrepiados
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Melhor Iluminação/Categoria Teatro para Infâncias
Tércio Silva e Orlando Schaider/Cabelos Arrepiados
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Melhor Dramaturgia/Categoria Teatro para Infâncias
Roger Barbosa/O Fio da Memória
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Melhor Direção/Categoria Teatro para Infâncias
Tércio Silva/Cabelos Arrepiados
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Melhor Atuação de Atriz ou Artista Não-Binárie/Categoria Teatro para Infâncias
Maria Hagge/Cabelos Arrepiados
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Melhor Atuação de Ator ou Artista Não-Binárie/Categoria Teatro para Infâncias
Roque Baroque/Cabelos Arrepiados
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Melhor Espetáculo/Categoria Teatro para Infâncias
Cabelos Arrepiados – Buia Teatro Company

Categoria Adulto
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Melhor Visagismo/Categoria Adulto
Flecha Borboleta – Arte e Fato
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Melhor Design de Som/Categoria Adulto
Uphu – Tibihuni
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Melhor Figurino/Categoria Adulto
Wendy Lady Oha – Doente Hereditário
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Melhor Cenário/Categoria Adulto
Juca di Souza e Felipe Maia Jatobá – Morro do Bode Selvagem
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Melhor Iluminação/Categoria Adulto
Douglas Rodrigues – Flecha Borboleta
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Melhor Dramaturgia/Categoria Adulto
Marcos Miramar – Provérbios de Burro
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Melhor Direção/Categoria Adulto
Francisco Rider – Huma
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Melhor Atuação de Atriz ou Artista Não-Binárie/Categoria Adulto
Correnteza Braba/Lágrimas Negras
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Melhor Atuação de Ator ou Artista Não-Binárie/Categoria Adulto
Ítalo Rui – Provérbios de Burro
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Melhor Espetáculo/Categoria Adulto
Helena – Ateliê 23
Vereador Rodrigo Guedes promove 34ª Maratona dos Bairros no Monte das Oliveiras
