Dólar sobe 18,31% em 2024 e pode ultrapassar R$ 6
Desde o início de 2024 até o fechamento desta segunda-feira (5), o dólar subiu 18,31%, encerrando o dia cotado a R$ 5,7412. Durante o pregão, a moeda chegou a ultrapassar R$ 5,86.
O dólar pode atingir a marca de R$ 6, dada a persistência dos fatores que influenciam sua alta. No entanto, analistas não esperam que essa taxa seja mantida por longo prazo. O boletim Focus projeta que o dólar deve recuar para cerca de R$ 5,30 até o final do ano. Comprar dólar agora como proteção contra altas não é considerado uma boa estratégia pela maioria dos analistas consultados.
A alta recente do dólar tem sido impulsionada por temores de uma recessão econômica nos Estados Unidos, além de preocupações com o cenário fiscal brasileiro e a escalada de conflitos no Oriente Médio.
Essa valorização do dólar impacta diretamente quem planeja viajar para o exterior ou realizar compras internacionais. Também afeta as cadeias produtivas, aumentando o custo de produção e contribuindo para uma inflação mais alta. Produtos e insumos importados ficam mais caros, e commodities exportadas reduzem a oferta interna.
Expectativas de Inflação Brasileira
As previsões para a inflação têm aumentado. O boletim Focus, do Banco Central, projeta uma inflação de 4,12% para 2024, acima dos 3,75% estimados no início do ano. A desvalorização recente do real e o aumento das expectativas inflacionárias levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a adotar uma postura mais rígida em suas decisões sobre juros.
Impacto da Alta do Dólar
A alta do dólar afeta os preços de produtos e serviços. O impacto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode demorar a se refletir, já que as empresas muitas vezes usam estoques para absorver variações de curto prazo. No entanto, uma tendência contínua de alta no dólar leva a aumentos nos custos de produção e, eventualmente, aos preços finais para o consumidor.
Por exemplo, a ração para gado e o trigo, que são importados e cotados em dólares, tornam-se mais caros, elevando o preço da carne e do pão. O mesmo ocorre com o petróleo, essencial para combustíveis, e com muitos insumos de setores como tecnologia, saúde e cosméticos.
Fatores que Influenciam a Alta do Dólar
Recessão nos EUA: O principal fator é a desaceleração econômica dos Estados Unidos. Dados recentes mostram uma criação menor do que o esperado de empregos, com a taxa de desemprego subindo para 4,3%. Juros altos e uma possível recessão elevam a demanda por ativos seguros, como os títulos da dívida americana, e afetam negativamente as bolsas de valores e moedas estrangeiras.

Conflito no Oriente Médio: A tensão crescente no Oriente Médio, especialmente entre Israel e Irã, pode impactar os preços do petróleo e provocar uma alta global. Em situações de incerteza, o dólar é visto como um porto seguro, o que contribui para sua valorização.
Risco Fiscal no Brasil: A situação fiscal do Brasil também é uma preocupação. A falta de confiança na capacidade do governo de controlar as contas públicas e a necessidade de medidas fiscais mais robustas afetam a estabilidade do real. O recente congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 é uma tentativa de atender às metas fiscais, mas o déficit ainda é uma preocupação.
*Com informações de IG
Profac 2024: TCE-AM orienta cidadão sobre participação em decisões públicas
A Escola de Contas Públicas do Tribunal de Contas do Amazonas (ECP/TCE-AM) iniciou as qualificações do Programa de Formação de Agentes de Controle Social (Profac) 2024, com uma ambientação on-line. O Profac visa qualificar a sociedade civil para participar ativamente de audiências públicas, elaboração de planos de estado e da fiscalização da gestão pública.
Para a conselheira-presidente do TCE-AM, Yara Amazônia Lins, o Profac é uma ferramenta estratégica para o fortalecimento da participação cidadã na gestão pública e possibilita que a sociedade esteja mais bem preparada para entender os processos de planejamento, execução e controle das políticas públicas
“Isso é essencial para que os cidadãos possam exigir, de forma técnica e fundamentada, melhorias nos serviços públicos e a correta aplicação dos recursos. Ao fornecer essa capacitação, o Tribunal de Contas cumpre seu papel pedagógico e promove o empoderamento social”, afirmou a conselheira-presidente.
“O controle social é tão importante que estamos dando continuidade a esse curso que vinha sendo realizado no Tribunal. Ao longo do cronograma, teremos seis módulos que serão extremamente importantes para formar novas lideranças que podem ajudar na implementação de políticas públicas para o nosso estado”, destacou o coordenador-geral da ECP, conselheiro Júlio Pinheiro.
Durante o evento, o ouvidor-geral do TCE-AM, conselheiro Mario de Mello, aproveitou para convidar os participantes para as “Rodas de Cidadania”, que fazem parte do Profac e serão realizadas em parceria com a Ouvidoria nos dias 16 e 30 deste mês. “Os participantes terão a chance de debater temáticas significativas fomentando o aprimoramento de políticas públicas em prol da sociedade amazonense, estimulando a participação cidadã e o controle social”, disse.
A edição deste ano recebeu recorde de inscrições, sendo 424, conforme o diretor-geral da ECP, Alexandre Rivas. Para ele, essa aderência é fruto do trabalho da equipe da Escola e do interesse da sociedade em se envolver na fiscalização dos órgãos públicos.
A coordenadora da edição 2024 do Profac, Holga Naito, informou que a oferta do Programa na modalidade online está facilitando o acesso ao conhecimento. Ela citou o exemplo de uma merendeira que conseguiu fazer o Profac durante os afazeres na escola em que trabalha.“Ela ficava mexendo na panela, mas acompanhando o curso no celular. Então se o curso fosse em outro formato, se ela tivesse que ir para uma sala de aula tradicional, ela não estaria lá. Assim ela consegue conciliar os afazeres diários com a participação no Programa”, disse.
As aulas do programa envolvem noções gerais de administração pública, noções dos instrumentos de planejamento orçamentário, como PPA, LDO e LOA; rodas de cidadania realizadas pela Ouvidoria do TCE-AM; mecanismos de controle das ações governamentais; controle popular sobre licitações e contratos administrativos; noções da Lei de Responsabilidade Fiscal; controle popular da receita e despesa da Saúde e Educação, entre outros.
Florestas de eucalipto reduzem biodiversidade em nascentes, mostra estudo

Presentes em 77% dos 9,5 milhões de hectares de florestas plantadas no Brasil, as plantações de eucalipto podem levar ao empobrecimento da biodiversidade de organismos aquáticos, como larvas, moluscos e minhocas. É o que mostra uma pesquisa da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) publicada nesta sexta-feira (2) pela revista Acta Limnologica Brasiliensia.
De acordo com o estudo “Influência de plantações de eucalipto na comunidade de macroinvertebrados bentônicos em nascentes neotropicais”, a substituição da vegetação nativa por monoculturas de eucalipto reduziu em quase 30% a riqueza de invertebrados vivendo em nascentes pesquisadas na Mata Atlântica.
A investigação fez parte da dissertação de mestrado em Ecologia de Sheila Sousa de Jesus Peixoto, concluída em 2019, e envolveu amostras de sedimentos de dez nascentes da bacia do rio Paraíba do Sul, em Minas Gerais. No estado, as plantações de eucalipto ocupam 29% da área cultivada de florestas plantadas, segundo dados da ABRAF (Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas).
Interessada em invertebrados, Sheila decidiu comparar as condições ecológicas para sobrevivência desses organismos em nascentes pertencentes a áreas de vegetação nativa e nascentes com eucalipto nas proximidades. Pela lei, as propriedades rurais devem apresentar uma área de preservação permanente (APP) de 50 metros no entorno das nascentes. “Não necessariamente o eucalipto estava em contato direto com a nascente, mas estar relativamente próximo causaria alguma interferência? Foi isso que questionamos no estudo”, relata a pesquisadora.
Organismos menos tolerantes a impactos
Além de mapear as propriedades com florestas de eucalipto na região, Sheila identificou as nascentes nessas localidades e organizou coletas de água e sedimentos em cada uma delas. O material partiu, em seguida, para análise no Laboratório de Invertebrados Bentônicos da UFJF. Nessa etapa, a pesquisadora observou 8.474 macroinvertebrados aquáticos em áreas de florestas nativas, enquanto nas áreas com plantio de eucalipto, foram encontrados 5.261 organismos, de 58 grupos taxonômicos.
O que mais chamou a atenção de Sheila foi a redução de grupos taxonômicos nas áreas com plantação de eucalipto. Essas nascentes apresentaram 30% menos riqueza de organismos que as nascentes de áreas de vegetação nativa. Paralelamente a isso, o estudo também mostrou que somente nascentes de florestas nativas apresentaram organismos de grupos mais sensíveis a impactos ambientais, como a família das moscas-de-banheiro (psychodidae) e pernilongos-gigantes (tipulidae).
A pesquisadora explica que o eucalipto provoca acidificação do solo e inibição do crescimento de outras plantas. No caso das nascentes, as folhas que caem e chegam até esses pontos também afetam o ecossistema.
“Grande parte dessas folhas são só de eucalipto e isso interfere nos organismos que vivem ali. Quando você tem uma vegetação nativa, você vê que é diverso, há muitas folhas com diferentes formatos, grossuras, tudo isso propicia um nicho para que vários organismos consigam sobreviver. Agora, nas nascentes com interferência do eucalipto existe uma simplificação do ecossistema. Simplesmente porque o entorno é uma monocultura, não entra variedade alimentar ali e isso acaba alterando o ambiente. É uma reação em cadeia”, resume.

Base para políticas públicas e plantio
Para a pesquisadora, o estudo com as nascentes evidencia a necessidade de atenção com florestas plantadas, no sentido de embasar tomadas de decisão de governantes e produtores rurais. Além disso, os resultados da pesquisa podem ser aproveitados em estudos sobre indicadores ambientais, que medem a qualidade da água desses ambientes.
“Vemos que é preciso ter cuidado com o local em que se vai plantar, não deixar isso perto de nascentes, mesmo com a área de preservação. Se aumentarmos a distância desse plantio e tivermos vegetação nativa ao redor, você pode proteger a nascente porque a simplificação por causa da monocultura será menor”, analisa a pesquisadora.
Nem vilão nem herói
O biólogo Renato Tavares Martins, especialista visitante no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), avalia que a pesquisa envolvendo o plantio de eucalipto e as nascentes da Mata Atlântica ajuda a preencher uma lacuna sobre os impactos dessas florestas plantadas no Brasil.
Ao mesmo tempo, ele concorda que o debate pode colaborar com políticas públicas voltadas ao setor e orientar o plantio, hoje voltado a diferentes propósitos. Nos últimos anos, além da indústria de papel e derivados, o eucalipto também passou a ser requisitado em projetos para geração de créditos de carbono.
“Não dá para vender o eucalipto como a única solução sustentável. É uma espécie polêmica, com questões envolvendo uma série de fatores, como diminuição da quantidade de água em lençóis freáticos e empobrecimento do solo.” disse Renato Tavares Martins, biólogo.
O engenheiro florestal Mauro Armelin, diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, salienta, por sua vez, que em meio à discussão sobre os riscos e benefícios do eucalipto, o planejamento é a palavra-chave. É preciso, ele diz, considerar as características da planta muito antes da etapa do manejo, por se tratar de uma espécie com potencial de crescimento de até 30 metros de altura e alto consumo de água. “Tudo é uma questão de bom senso e planejamento. As práticas adotadas vão ser determinantes no impacto dessas florestas”, finaliza.
*Com informações de Uol
Deputado Thiago Abrahim propõe a criação do Fundo Autista no Amazonas
O deputado estadual Thiago Abrahim (União Brasil) apresentou o Projeto de Lei nº 368/2024, que estabelece diretrizes para a criação do Fundo Estadual de Apoio ao Autista. A matéria altera a Lei nº 6.458/ 2023, que consolida a legislação relativa à pessoa com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
“Precisamos ter esse olhar diferenciado para os autistas. Esse projeto tem a finalidade de garantir melhor qualidade de saúde e atendimento adequado aos portadores de TEA. O Fundo Estadual será vinculado à Secretaria de Estado de Saúde”, explicou Abrahim.
De acordo com o Projeto de Lei, o Fundo será composto de 5% da receita bruta do Imposto sobre as Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), incidentes sobre cigarros, cigarrilhas, charutos, demais derivados de tabaco e bebidas alcoólicas. Além de 5% do ICMS incidentes sobre agrotóxicos e defensivos agrícolas.
“É necessário que façamos um esforço conjunto para arrecadarmos receita para a causa autista. É fundamental também a criação do Conselho Consultivo do Fundo Estadual de Apoio ao Autista para que haja formulação de políticas e diretrizes gerais que orientarão as aplicações do Fundo”, defendeu o deputado.
Ainda de acordo com o Projeto de Lei, haverá articulação com os órgãos responsáveis pela execução dos programas e ações financiadas pelo fundo com a elaboração das propostas orçamentárias a serem encaminhadas à Secretaria Estadual de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, para inclusão no projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA), entre outros.
Desmatamento cai 46,9% no Amazonas em um ano, aponta Inpe
O acumulado de alertas de desmatamento no Amazonas foi de 789,93 quilômetros quadrados, entre 1º de agosto de 2023 e 31 julho de 2024, De acordo com números oficiais divulgados pelo Governo Federal o montante aponta redução de 46,9% no desmatamento no estado, quando comparado ao último levantamento.
Os dados são do relatório anual do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), analisados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
Quando comparado ao último levantamento do Inpe, esta foi a maior queda proporcional já registrada para o período. Além disso, a taxa de redução deste ano é menor que toda a série histórica do Amazonas, que começou em 2015. Na edição anterior, esse número foi de 1.488 quilômetros quadrados de alerta de desmatamento, entre agosto de 2022 e julho de 2023.
Segundo o levantamento, 536,91 quilômetros quadrados (68%) dos alertas registrados para o período ocorreram em áreas federais, como assentamentos, glebas federais, Unidades de Conservação e terras indígenas.
Do total, 130,93 quilômetros quadrados (16,58%) correspondem a áreas estaduais, entre Unidades de Conservação e glebas estaduais, enquanto 115,73 quilômetros quadrados (14,65%) foram identificados em áreas de vazios cartográficos – ou seja, sem destinação.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, destacou o empenho das forças ambientais e de segurança pública nas ações de prevenção e combate ao desmatamento, por meio da Operação Tamoiotatá 4, com foco no sul do Amazonas e Região Metropolitana de Manaus.
“Tanto em 2024 como em 2023, as equipes do Governo do Amazonas começaram a atuar entre os meses de abril e maio, ou seja, de forma antecipada, focando no combate e prevenção do desmatamento. Essa redução é, com certeza, fruto desse esforço integrado, de presença contínua nos órgãos em campo. Agora estamos voltando nossas ações para o combate às queimadas, que tendem a subir com a estiagem”, destacou o secretário.
Taveira ressaltou, ainda, a importância de integrar os trabalhos estaduais aos esforços federais no combate ao desmatamento e às queimadas. “Esses resultados de redução foram possíveis por causa da atuação do Estado e também do governo federal. Nesse mês de julho já notamos aumento do desmatamento, coincidindo com o anúncio da greve de órgãos ambientais federais. Esperamos que esse cenário logo se encaminhe para mantermos os bons números dos últimos dois anos”, completou.
Manaus segue invadida por fumaça de queimadas e Prefeitura monitora qualidade do ar

A Prefeitura de Manaus, por meio do Centro de Cooperação da Cidade (CCC) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudança do Clima (Semmasclima), está monitorando a qualidade do ar na capital, coberta, pelo segundo dia consecutivo, por fumaça oriunda de focos de queimadas em municípios do Amazonas. Conforme a evolução da situação, o município deverá adotar medidas visando resguardar a saúde da população, a exemplo do que ocorreu no ano passado.
Dados do programa “Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que em todo o Estado do Amazonas foram registrados 706 focos de queimadas, conforme levantamento realizado desde a última sexta-feira (9), até hoje (11), com exceção da capital, Manaus, onde não há ocorrência de nenhum foco neste mesmo período.
A Semmasclima informa que, segundo os dados do Inpe, foram registrados 29 focos nos municípios da Região Metropolitana de Manaus: Manacapuru (9); Autazes (8); Careiro (5); Careiro da Várzea (5); Itacoatiara (2) e Manaquiri (1).
Neste mesmo período – 9 a 11 de agosto -, a secretaria recebeu 16 denúncias de queimadas urbanas. “Todas elas são provenientes da queima de resíduos nos quintais ou em terrenos abandonados. Mas elas não são responsáveis por encobrir a cidade de fumaça. São focos pequenos e que sempre são realizados no período noturno”, disse a chefe da fiscalização da secretaria, Susy Pinheiro.
A Prefeitura de Manaus vem realizando, desde o mês de junho, a campanha de sensibilização “Manaus Sem Fumaça”, por meio da qual técnicos da Semmasclima visitam escolas, empresas e comunidades levando a mensagem ambiental e de preservação do meio ambiente.
Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) orienta as pessoas que observem cuidados básicos nessa situação, como permanecer em ambientes fechados; manter-se bem hidratadas, especialmente crianças e idosos; dirigir carros com vidros fechados e ar-condicionado no mínimo, para evitar a entrada de fumaça; evitar exposição à fumaça em casa e sair só quando necessário.
Lei de Débora Menezes combate violência contra pessoa com deficiência no Amazonas
Para incentivar o respeito as pessoas portadores de deficiência, a deputada estadual Débora Menezes (PL) é autora da Lei nº 6.560/2024 que garante o Dia Estadual de Combate a Violência contra Pessoa com Deficiência no Amazonas a fim de conscientizar e coibir as práticas violentas contra esse público.
Débora destacou a importância da matéria que altera a Lei promulgada nº 241 de 2015 e consolida a legislação relativa à pessoa com deficiência no Amazonas, para fins de instituir o Dia Estadual de Combate à Violência contra esta parcela da população amazonense. Ela explicou que a data 29 de julho passa a entrar no calendário estadual.
“As pessoas com deficiência representam uma parcela da população amazonense que necessita de atenção especial e respeito da sociedade durante todo o ano. A Lei de minha autoria insere o dia 29 de julho no calendário oficial do Amazonas para mobilização de todos os poderes e segmentos da sociedade para coibir as práticas de maus-tratos, preconceito ou qualquer outro tipo de violência praticados contra esses amazonenses”, defendeu.
Parkour espreita Jogos Olímpicos dos telhados de Paris
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos deste ano teve a presença constante de uma misteriosa figura que aparecia carregando a chama sagrada pelos icônicos telhados de Paris. Ela usava técnicas de parkour, prática desenvolvida na França, nos anos 1990, que envolve corridas, escaladas e saltos em obstáculos urbanos.
Esse foi o lugar oficial da atividade na edição 2024 do megaevento. Como uma referência cultural do país que a recebe, não como um esporte. Agora, seus praticantes tentam se entender a respeito da possibilidade de integrar de fato o programa olímpico, que abraçou outras modalidades tidas como transgressoras, como o skate e o breaking.
A tradicional Place de la Concorde, que abriga o milenar Obelisco de Luxor, virou um parque urbano dedicado especificamente aos esportes radicais e ao basquete 3×3, também ligado à cultura de rua. Montado com estruturas temporárias para os Jogos, o espaço foi provisoriamente rebatizado de Parc Urbain La Concorde.
Estão longe dele os praticantes do parkour, afastados por um reforçadíssimo esquema de segurança –evitar ameaças terroristas, em um país com vasto histórico de atentados, tem sido prioridade. Mas isso não quer dizer que eles não estejam na cidade, escalando, saltando e cumprindo sua vocação de testar limites.
“O parkour nasceu nos subúrbios de Paris”, lembrou à Folha o suíço Caryl Cordt-Moller, 24, membro da La Frappe Society, grupo que vem explorando a capital francesa durante os Jogos. “Existem alguns pontos bastante icônicos. E os telhados de Paris são extremamente acessíveis. Você sobe ao último andar e lá há claraboias que você pode abrir.”
O espaço que ainda não foi aberto é o das próprias Olimpíadas. O parkour passa hoje pelo dilema que já viveu o skate: manter a pureza do movimento, com a ideia de rompimento, de ocupação de espaços não autorizados, ou buscar destaque como modalidade esportiva, enquadrando-se nas inescapáveis regras desse tipo de atividade.
Não há consenso entre os praticantes. Cordt-Moller, por exemplo, é um entusiasta da possibilidade de ganhar o caráter oficial, pela exposição e pelas possibilidades de patrocínio que isso traria. Sua namorada, a francesa Orane Florinda, 25, acha que o salto seria prematuro neste momento, sem um sistema de pontuação bem estabelecido.
“Assim que um esporte entra nas Olimpíadas, ele explode, as marcas ficam interessadas. É uma coisa boa, pode levar o esporte longe, pode permitir que pessoas como nós se profissionalizem e sejam levadas a sério. Muitas vezes, somos vistos como crianças fazendo qualquer coisa na rua. Meu objetivo é viver do esporte, e os Jogos são claramente uma porta de entrada”, disse Cordt-Moller.

“Mas o problema, talvez, seja a imagem que será passada ao público”, respondeu Florinda. “É isso o que mais tememos. Qual é a imagem que vamos passar? Portanto, não queremos que chegue assim, tão cedo. Você precisa ter cuidado para que seja bem-feito”, acrescentou, referindo-se às dificuldades para o estabelecimento de um critério técnico para as notas.
O parkour teve competições organizadas pela FIG (Federação Internacional de Ginástica), com resultados insatisfatórios. Houve em 2022 a realização de um primeiro Mundial, em Tóquio, com uma série de questionamentos sobre os critérios adotados, sobretudo na categoria freestyle. Em vez de explorar ao máximo o ambiente, alguns competidores simplesmente repetiram movimentos que valiam pontos.
Tem sido constante a busca de um formato mais interessante e mais fiel aos princípios do parkour. Porém, enquanto modalidade esportiva, ele está sob o guarda-chuva de uma federação internacional, com todas as suas burocracias. São lentos os processos e as votações para a implementação de mudanças e um modelo ideal ainda parece distante.
E, de novo, além da questão prática do estabelecimento de um parâmetro para as avaliações, existe o debate a respeito da própria existência das avaliações. Os atletas –são atletas, geralmente muito bem preparados, estando ou não em um esporte instituído– transitam no que chamam de área cinza, algo que muitas vezes beira a ilegalidade e não cabe em uma disputa com regras rígidas.
“Na grande maioria das vezes, estamos em espaços públicos acessíveis e totalmente legais. Mas, obviamente, às vezes subimos nos telhados. A legislação varia de acordo com o país, o acesso aos telhados é uma zona meio cinzenta, ainda incomoda as pessoas. Quantas vezes não fomos abordados por policiais?”, afirmou Cordt-Moller.
“Sempre tentamos explicar às pessoas o que estamos fazendo. Não estamos no modo bandido, não vamos dar um pulo e fugir da polícia. Aliás, diversas vezes, os policiais foram superlegais com a gente. A maioria conhece, alguns até praticam. Não nos é benéfico fazer isso ilegalmente. Acontece de fazermos coisas ilegais, mas não vamos destruir nada, somos super-respeitosos”, acrescentou.
É buscando um equilíbrio nessa linha que os praticantes do parkour vivenciam os Jogos Olímpicos. Espreitam-no dos característicos telhados de zinco da capital francesa, enquanto skatistas e ciclistas BMX se apresentam em arenas montadas pela organização de Paris-2024, são aplaudidos e recebem medalhas. Um mundo distante, ainda que próximo.
“São dois mundos complementares”, observou o franco-suíço Quentin Säuberli, também membro da La Frappe Society. “Por um lado, você tem o parkour como atividade esportiva, a técnica, tudo o que é apresentado do ponto de vista físico. Por outro, tem a cultura da exploração do ambiente, de buscar desafios em espaços que podem ser perigosos, arriscados, no limite da ilegalidade.”
