Escritor e influenciador estava em hospital na Virgínia, nos Estados Unidos. Ele foi diagnosticado com Covid-19 oito dias antes. (Foto: Reprodução)
O polemista Olavo de Carvalho foi diagnosticado com covid-19. A informação foi divulgada ontem à noite pelos administradores do grupo de Telegram que reúne os seguidores do ideólogo bolsonarista e confirmada hoje pelo UOL, em contato com interlocutores governistas próximos ao escritor.
Questionada sobre o atual estado de saúde de Olavo, a família não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Aos 74 anos, Olavo faz parte do grupo de risco para a doença provocada pelo coronavírus.
A mensagem sobre o diagnóstico para doença foi compartilhada depois de Olavo ter cancelado por duas semanas consecutivas as lives que transmite para os assinantes pagos de seu Curso Online de Filosofia.
Por meio de suas redes sociais, Olavo tem, desde o início da pandemia, questionado a gravidade da crise de saúde coletiva.
Em janeiro do ano passado, o Twitter apagou uma publicação do ideólogo por conter conteúdo com “disseminação de informações enganosas” e “prejudiciais relacionados à covid-19”.
Olavo de Carvalho não dá aulas em seu curso online de filosofia desde 8 de janeiro. No canal que reúne assinantes de seu curso no Telegram, administradores dizem que ele está com covid-19.
Radicado nos Estados Unidos desde 2005, o escritor voltou ao Brasil no ano passado, quando ficou cerca de três meses internado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor), em São Paulo, onde foi submetido a um cateterismo.
O Ministério Público de São Paulo chegou a instaurar à época procedimento para apurar se o escritor furou a fila do SUS. Depois de receber alta na rede pública, ele internou-se novamente, na clínica Saint Marie, na Zona Sul de São Paulo, de onde recebeu alta no fim de novembro.
Durante a passagem de Olavo pelo país, a Polícia Federal intimou o escritor a depor sobre a suposta existência de uma milícia digital bolsonarista que promove ataques a instituições democráticas brasileiras.
A defesa alegou que Olavo não poderia ser interrogado porque estava com problemas de saúde. Por videoconferência, depois de ter retornado para os Estados Unidos, Olavo foi questionado sobre sua renda média mensal e respondeu que recebe cerca de US$ 15 mil por mês (R$ 82,7 mil)
O escritor afirmou que sua fonte de renda vem dos direitos autorais dos seus livros e das mensalidades pagas pelos alunos do Curso Online de Filosofia.
Nesta segunda-feira (17/01) iniciam as inscrições para as matrículas dos novos alunos que vão ingressar na rede pública, em todas as modalidades de ensino. O período para fazer a matrícula segue até a terça-feira (18/01), e o procedimento pode ser realizado pelo site matriculas.am.gov.br ou presencialmente, em qualquer escola da rede pública estadual ou municipal.
Os novos alunos são aqueles que estão vindo pela primeira vez para a rede pública de ensino, ou seja, que eram estudantes da rede particular, federal, de outro estado ou da rede municipal do interior do estado. Os candidatos que se encaixam nessas situações deverão fazer a matrícula neste período.
Para confirmar a matrícula na escola solicitada, será dado o prazo de três dias úteis, a contar da data em que foi realizada a reserva, para apresentação da documentação de maneira presencial, conforme orientações que estarão especificadas no site de matrículas.
Os documentos solicitados para matrículas são:
• comprovante de escolaridade original;
• guia de transferência (caso o candidato venha da rede particular, federal, de outro estado ou da rede municipal do interior do estado);
• histórico escolar ou declaração de transferência com validade de 30 dias;
• certidão de nascimento (original e cópia);
• CPF e RG (original e cópia) do responsável pelo aluno menor de 18 anos;
• comprovante de residência (cópia do último mês que anteceder a matrícula);
• cartão de vacinação (cópia); e
• duas fotos 3X4 recentes do aluno e documento de identificação com foto (original e cópia) do responsável pela matrícula.
Retardatários
Aqueles alunos que perderem todos os prazos, tanto nos casos de matrícula como nos casos de transferência, poderão fazer os procedimentos que precisam, exclusivamente, na quarta-feira (19/01).
Para esse público, o atendimento também será via site matriculas.am.gov.br ou em qualquer escola da rede pública estadual e municipal.
Deportado, o tenista não pode retornar à Austrália pelos próximos três anos, segundo as leis de imigração do país. (Imagem: Reprodução / Reuters)
O tenista número um do mundo, Novak Djokovic, deixou a Austrália neste domingo (16) após a Justiça Federal rejeitar um recurso contra o cancelamento do seu visto pelo governo do país. Depois da decisão, o atleta precisou sair do país, e ficou de fora do Aberto da Austrália, que começará nesta segunda-feira (17).
Djokovic deixou o território australiano a bordo de um avião da companhia aérea Emirates com destino a Dubai, poucas horas depois da decisão do tribunal.
Segundo o juiz James Allsop, um dos três magistrados envolvidos no caso, o julgamento não se tratava sobre o mérito da decisão do ministro da Imigração, Alex Hawke, e sim sobre a legalidade de tal. A decisão foi unânime e as razões serão publicadas em data posterior, informou Allsop.
Os advogados do governo australiano argumentaram que a permanência de Djokovic no país estimulava a não vacinação contra a Covid-19, dizendo que o sérvio teve diversas chances de se imunizar. Deportado, o tenista não pode retornar à Austrália pelos próximos três anos, segundo as leis de imigração do país.
“Estou extremamente desapontado com a decisão do Tribunal de indeferir meu pedido de revisão judicial da decisão do Ministro de cancelar meu visto, o que significa que não posso permanecer na Austrália e participar do Aberto da Austrália”, disse Djokovic em um comunicado divulgado após a audiência.
O tenista informou que vai cooperar “com as autoridades competentes em relação à minha saída do país” e resolveu “tirar um tempo para descansar e me recuperar”.
Horas antes, o Aberto da Austrália divulgou o cronograma do primeiro dia de competição, com a partida entre Djokovic e o também sérvio Miomir Kecmanovic programada para acontecer na noite de segunda, na Arena Rod Laver. A organização do torneio substituiu o tenista por Salvatore Caruso após a decisão judicial.
O tenista chegou no tribunal para sua audiência na manhã deste domingo, após deixar o hotel de detenção para imigrantes. O sérvio retornou ao local após ter seu visto cancelado novamente pelo ministro de Imigração do país.
Cansado da situação
Documentos judiciais divulgados após uma audiência inicial no sábado (15) mostraram que Hawke justificou sua decisão com base em que a presença de Djokovic poderia estimular mais sentimentos anti-vacinação na Austrália em um momento em que o país está no meio de seu pior surto do vírus.
“Embora eu aceite que Djokovic represente um risco individual insignificante de transmitir Covid-19 para outras pessoas, ainda assim considero que sua presença pode ser um risco para a saúde da comunidade australiana”, disse Hawke em carta a Djokovic e sua equipe jurídica.
Os advogados de Djokovic disseram que argumentariam que a deportação só aumentaria o sentimento anti-vacina e seria uma ameaça à desordem e à saúde pública tanto quanto deixá-lo ficar.
A isenção médica de Djokovic dos requisitos de vacina para jogar no Aberto da Austrália provocou uma indignação generalizada no país, que passou por alguns dos bloqueios de Covid-19 mais difíceis do mundo e onde mais de 90% dos adultos são vacinados, mas onde as taxas de hospitalização continuam atingindo recordes.
A controvérsia sobre o tenista tornou-se um marco político para o primeiro-ministro Scott Morrison enquanto ele se prepara para uma eleição marcada para maio.
Seu governo ganhou apoio em casa por sua postura dura em relação à segurança das fronteiras durante a pandemia, mas enfrentou críticas por lidar com o pedido de visto de Djokovic.
Os principais rivais de Djokovic estão cada vez mais impacientes com a incerteza que paira sobre o sorteio e a nuvem que paira sobre seu esporte.
“Honestamente, estou um pouco cansado da situação porque acredito que é importante falar sobre nosso esporte, sobre o tênis”, disse Nadal a repórteres no Melbourne Park, onde o evento será disputado.
O alemão Alexander Zverev, número três do mundo, disse que Djokovic foi tratado injustamente e que o sérvio pode ter sido usado como peão político pelas autoridades australianas, algo que Canberra negou.
“Isso obviamente não é uma coisa boa para todos, especialmente para ele”, disse Zverev. “Mas não questione seu legado por causa disso.”
Nova bebida será a segunda não-alcoólica da marca a ganhar uma versão alcoolizada. Fresca Mixed não tem data para chegar ao mercado. (Imagem: Reprodução)
A Coca-Cola e a Corona se unirão em uma parceria que busca transformar o mercado de bebidas alcóolicas. As empresas lançarão, ainda em 2022, o Fresca Mixed, um coquetel à base de aguardente. A Fresca se tornará a segunda bebida não-alcoólica de propriedade da Coca-Cola a ter uma versão alcoolizada. A primeira foi a hard seltzer Topo Chico, em 2020.
A Fresca é conhecida no mercado norte-americano pelo sabor cítrico de um refrigerante sem calorias. Os jovens são o público-alvo da marca. De acordo com a empresa, a bebida atinge o ponto ideal em algum lugar entre um refrigerante e uma água com gás com sabor – muito utulizada para fazer misturas em coquetéis.
Com a chegada de Fresca Mixed, a Coca-Cola ampliará sua oferta na categoria de coquetéis em lata, que cresceu 53% no ano passado e deve crescer mais 29% nos próximos três anos, de acordo com dados da IWSR Drinks Analysis. A maior concorrente da marca, PepsiCo, anunciou em 2021 sua entrada em bebidas alcoólicas com “HARD MTN DEW”, uma bebida em lata sem açúcar com 5% de álcool por volume, sendo criada com a Boston Beer Company.
Quatro estabelecimentos tiveram os eventos encerrados, entre a noite dessa sexta e madrugada de sábado (14 e 15). (Foto: Divulgação)
A Central Integrada de Fiscalização (CIF), coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), encerrou festas que eram realizadas em quatro estabelecimentos de Manaus, entre a noite de sexta e madrugada deste sábado (14 e 15), por descumprirem normas do decreto em vigor.
Conforme o decreto do Governo do Estado, está suspensa a realização de eventos de qualquer natureza com vendas de ingressos. Sete estabelecimentos foram vistoriados no total.
A fiscalização iniciou no Centro de Manaus. Na rua Marcílio Dias, um clube teve suas atividades encerradas por irregularidades. O local realizava evento com venda de ingressos, o que está proibido segundo o decreto governamental.
O proprietário também foi orientado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), a proceder à regularização junto ao órgão, além de ter sido notificado pela Vigilância Sanitária Municipal (Visa Manaus).
Na avenida Joaquim Nabuco, um bar também teve as suas atividades encerradas. Os agentes da CIF constataram que o local também cobrava ingressos. O Conselho Tutelar identificou adolescentes nas dependências do estabelecimento consumindo bebidas alcoólicas.
Além disso, o local foi notificado pelo CBMAM por não possuir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, documento que atesta se o estabelecimento foi vistoriado pelo órgão e está ou não atendendo as normas de segurança de combate e prevenção a incêndios, com rotas de fuga seguras para os frequentadores em caso de pânico na edificação.
No bairro Cachoeirinha, ainda na zona sul, um estabelecimento foi notificado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), por ausência de licenciamento de equipamento sonoro. O material de som foi apreendido. O local ainda descumpriu o decreto governamental ao cobrar ingressos para entrada. As atividades foram encerradas.
Na zona oeste da capital, uma casa de shows foi apenas orientada pelo CBMAM pois está em fase de regularização junto ao órgão. Na avenida do Turismo, bairro Tarumã, zona oeste, outra casa de festas também teve as atividades encerradas pela CIF por descumprimento ao decreto.
A população pode fazer denúncias de eventos clandestinos para o disque-denúncia da SSP-AM, o 181.
Decreto
No decreto, o Governo do Estado estabelece que eventos sociais de caráter privado, sem a venda de ingressos, como casamentos, aniversários, formaturas, podem ocorrer, mas limitados a 50% da capacidade do local e ao máximo de 200 pessoas.
Os locais também devem seguir os protocolos de distanciamento, uso de máscara, álcool em gel e regularidade da situação vacinal. Em caso de descumprimento do decreto, está prevista multa no valor de R$ 50 mil, podendo chegar até R$ 500 mil.
A direção do Arquivo Nacional (AN) defendeu, em nota, a reestruturação em curso no órgão federal responsável pela gestão dos documentos públicos da União. Cinco servidores do AN, incluindo duas supervisoras de departamentos considerados chave, foram afastados de seus cargos no último dia de 2021, poucos dias após os funcionários se reunirem com o diretor-geral da instituição, Ricardo Borda DÁgua de Almeida Braga, para alertar a direção do órgão para supostos riscos da proposta de reestruturação administrativa.
O afastamento dos servidores foi revelado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Estadão na primeira semana do ano. Na ocasião, o AN não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre o caso, mas publicou uma nota sobre a “transformação do órgão” neste sábado, 15.
“Baseado em um novo modelo de gestão voltado para a efetiva prestação de serviços ao cidadão e aos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, seus projetos e ações estão previstos e detalhados no seu Planejamento Estratégico de 2020/2023, que já apresentou alguns resultados”, diz o texto, que não faz referência ou explica o afastamento dos cinco servidores.
Segundo a nota, o projeto prioritário do Planejamento Estratégico de 2020/2023 é o aperfeiçoamento do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivos da Administração Pública Federal (Siga), que teve início com a publicação de um decreto, ainda em 2019.
“É preciso refutar veementemente a hipótese de que o mencionado decreto abra caminho para a eliminação indiscriminada de documentos públicos e incorra no esvaziamento das competências do AN. Os dirigentes e os técnicos da instituição jamais apoiariam tal iniciativa. Pelo contrário, o preceito do decreto visa a fortalecer o Siga e a definir de forma clara as competências e responsabilidades”, diz a nota.
Mães da região temem que a contaminação por mercúrio atinja os filhos. (Foto: Luan Macêdo/Agência Pública)
Numa casa de madeira – com dois cômodos, móveis velhos e muitas goteiras – no município de Porto Grande, interior do Amapá, uma jovem de 23 anos, que nasceu e criou os três filhos na região, explica, com certo receio, que o garimpo próximo à residência sempre foi a única fonte de renda da família e, atualmente, também é cenário de preocupação com a saúde. “Tenho medo do que pode vir”, diz.
A identidade da jovem será preservada e, por isso, a chamaremos por um nome fictício: Ana. O medo de Ana está relacionado aos rumores de haver contaminação decorrente de produtos usados na exploração de ouro. A região foi uma das quatro da América Latina que participaram de uma pesquisa para analisar a exposição de mulheres ao mercúrio. O estudo – publicado em junho de 2021 pelas organizações International Pollutants Elimination Network (IPEN) e Biodiversity Research Institute (BRI), com o apoio do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), que divulgou a pesquisa no Brasil em dezembro do ano passado – coletou amostras de fios de cabelo de 34 mulheres brasileiras e de outras 129 na Bolívia, Venezuela e Colômbia.
As mulheres que participaram do estudo têm entre 18 e 44 anos, idades classificadas como férteis. Em 58,8% dos casos analisados, identificou-se um nível de contaminação por mercúrio superior ao limite de 1 ppm (parte por milhão) estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) para a percepção dos efeitos negativos em fetos. Além disso, 66,8% excederam 0,58 ppm, nível no qual, segundo os pesquisadores, os efeitos negativos podem começar a ocorrer.
A região brasileira apresentou o segundo maior índice de contaminação, com o nível médio de 2,98 ppm. O mercúrio é um elemento líquido usado nos garimpos para ajudar na coleta e separação do ouro, por conta da facilidade de se unir a outros metais e formar amálgamas – ligas metálicas utilizadas na mineração.
A Agência Pública foi até a comunidade Vila Nova e investigou – com exclusividade – os impactos da contaminação para as mulheres.
Comunidade Vila Nova fica no interior do Amapá e tem o garimpo como fonte de renda (Foto: Luan Macêdo/Agência Pública)
Não é preciso andar muito na estreita rua do vilarejo para ouvir dúvidas sobre problemas de saúde comuns entre os moradores. Esposas de garimpeiros relataram às pesquisadoras a ocorrência frequente de abortos espontâneos, crianças com dificuldades respiratórias e aparecimento de doenças sem diagnósticos definidos.
“O mercúrio pode atingir o sistema nervoso, o sistema reprodutivo da mulher. Então muitas querem saber se o teor [de contaminação] delas está alto para terem, pelo menos, um horizonte para saber por onde começar a pesquisar doenças que elas apresentam e que, hoje, não têm explicação”, explicou Renata Ferreira, pesquisadora do Iepé e uma das responsáveis pela coleta de fios de cabelo e aplicação de questionários.
A preocupação com a saúde é recente. Antes, a angústia local voltava-se, principalmente, para os riscos estruturais da garimpagem. O tio de Ana, por exemplo, morreu soterrado por uma encosta que desabou durante a extração de ouro. Ana é neta, filha e esposa de garimpeiro e disse que voltou a pensar em trabalhar como agricultora para distanciar os filhos dos perigos do garimpo. “Depois que a gente soube [da contaminação], a nossa preocupação é que venha a acontecer outras doenças.”
Mas a falta de apoio e limitações financeiras, entre outras dificuldades, impedem mudanças imediatas na vida de Ana e das outras mulheres que residem no local. “É mais a falta de recurso, ideia e espaço a gente tem. Se eu pudesse eu escolheria isso [agricultura]. Tem gente que pensa que tem muito ouro, mas a gente tá aqui só pra conseguir o básico pra viver.”
Ameaças e boatos
Com o difícil acesso a sinais de telefone e internet, a notícia sobre a contaminação por mercúrio se espalhou na comunidade em forma de boato no segundo semestre de 2021. Na localidade, o nível de instrução dos moradores é baixo: a maioria não concluiu o ensino fundamental. Em uma das casas visitadas pela reportagem, apenas um dos cinco membros da família frequentou a escola.
Os problemas estruturais e sociais facilitaram a disseminação de fake news sobre pesquisas científicas e os danos do mercúrio à saúde. “Disseram que colocando filtro na torneira já resolve”, disse uma moradora em relação ao consumo de água possivelmente contaminada. “Também já ouvi que tem gente com azougue [mercúrio] no sangue, não sei se é verdade”, completou.
Além disso, a pobreza, o medo da fome e a falta de informação são fatores que levam muitos ali a defender a atividade garimpeira. Em julho de 2021, as atividades da Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Vila Nova (Coopgavin) deveriam ter sido paralisadas após a interdição do garimpo para a regularização estrutural das barragens de rejeitos, conforme parecer técnico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Contudo, a exploração mineral permanece ilegalmente e em menor escala por, justificam os garimpeiros, não haver outro meio de trabalho.
Comunidades localizadas em áreas de garimpo são vistas como “terra sem lei” pelos moradores (Foto: Luan Macêdo/Agência Pública)
Um membro da Coopgavin nos disse que, após a interdição, parte da comunidade passou a se alimentar somente com os produtos oferecidos em cestas básicas doadas por empresas do município vizinho. “Vem arroz, feijão, essas coisas, mas falta a proteína.” Com isso, os moradores decidiram voltar ao garimpo, que gera de R$ 200 a R$ 500 semanais à cada família.
A regularização da área está condicionada a mudanças estruturais e não engloba requisitos sobre a redução ou eliminação do uso de metais líquidos. Em 2018, o Brasil promulgou a Convenção de Minamata sobre Mercúrio, que limita o uso do elemento no território nacional. A Pública entrou em contato com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas não obteve respostas sobre as ações e restrições relacionadas ao controle do comércio e produção de mercúrio no Brasil.
Em regiões próximas à comunidade Vila Nova, há garimpos que nunca tiveram autorização de funcionamento e são administrados por grupos que geram tensão entre os garimpeiros licenciados e os que atuam clandestinamente. Quem mora no local tem receio de falar sobre os conflitos.
O vilarejo, assim como outras comunidades localizadas em áreas de garimpo, é visto como “terra sem lei” pelos moradores, em decorrência da falta de segurança pública e da dominação de pequenos grupos que controlam o comércio de ouro. “Acontece de tudo por aqui, tráfico, prostituição…”, contou uma pessoa à nossa equipe, apontando para um pequeno barraco onde, segundo ela, ocorreria a exploração sexual de jovens. Apesar disso, é muito presente um clima de solidariedade nas vizinhanças – as famílias ajudam umas às outras nos momentos de dificuldade financeira, com alimentação e transporte, por exemplo.
Esse contexto regional ajuda a explicar os desafios da pesquisa e por que os resultados ainda não foram entregues às mulheres, que participaram voluntariamente. A pesquisadora do Iepé, Renata Ferreira, contou que as participantes estavam curiosas e solícitas com o estudo, mas as mulheres teriam ficado com receio de passar informações após a chegada do presidente da cooperativa na comunidade. Não ficou claro se houve uma proibição explícita. “Com a presença dele, muitas se retraíram e não quiseram mais participar.”
Além disso, as pesquisadoras relataram ameaças de garimpeiros para impedir a continuação dos trabalhos. Uma caminhonete — o dono do veículo não foi identificado — chegou a ser incendiada para enviar uma “mensagem” sobre as consequências do prosseguimento do estudo. O “recado” teria sido repassado pelo frentista de um posto de gasolina de um município próximo também afetado pela mineração, Pedra Branca do Amapari.
“Informou a gente que seria melhor não entrar mais no garimpo. Eu perguntei por que não e ele: ‘Ah, vai ter um recado para vocês na estrada’. Continuamos na estrada e vimos uma caminhonete queimando”, contou a pesquisadora, destacando que esse foi o motivo para a não realização de um segundo dia de coleta. “Ele [frentista] havia nos dito que poderia acontecer conosco o que aconteceu com o outro carro. Decidimos retornar com as poucas amostras que a gente tinha.”
Com as ameaças, as pesquisadoras estão com medo de retornar ao local e entregar os resultados das análises. As mulheres que aceitaram doar amostras de cabelo teriam sido advertidas pelos maridos. Há também relatos de que a pesquisa foi tema de um sermão na única igrejinha evangélica construída na comunidade. Testemunhas relataram que o líder religioso orientou as fiéis a não colaborar com o estudo por representar um atentado ao “véu” – denominação utilizada pelo pastor para se referir ao cabelo das cristãs.
Mesmo com as limitações, a quantidade de amostras coletadas foi suficiente para evidenciar os efeitos indiretos do garimpo artesanal. Apontam um alto índice de contaminação em mulheres que não atuam na exploração de ouro, mas consomem regularmente peixes do rio Vila Nova. As consequências, no entanto, podem alcançar um número muito maior de regiões, a partir do comércio das espécies contaminadas, explicou o coordenador de gestão da informação do Iepé, Decio Yokota.
“A parte nefasta do mercúrio é essa. Não é só uma contaminação localizada das pessoas que estão trabalhando nisso, que moram ali. As pessoas estão sendo exploradas. As pessoas não têm consciência do que ocorre com a própria vida. Elas estão contaminando o meio ambiente com o uso desse elemento, e essa contaminação está indo para a população em geral através do pescado”, disse Yokota.
Pelo menos mil pessoas vivem na comunidade Vila Nova. Quando a reportagem chegou ao local, o fornecimento de energia elétrica estava interrompido havia mais de dois dias. No único posto de saúde, apenas uma técnica de enfermagem realizava, havia quase duas semanas, o atendimento dos moradores. “Ela faz trabalho de médico, enfermeiro, de tudo”, contou uma ribeirinha.
A localidade está situada no meio da selva amazônica, tem estreitos corredores de água e pântanos de floresta baixa e densa. Há reflexos nítidos da atividade de garimpo no cotidiano das famílias: maquinário pesado estacionado em frente a algumas residências, garimpeiros caminhando com roupas sujas de barro e segurando peneiras de madeira, por exemplo. As irregularidades no solo e os relevos resultantes de escavações podem ser percebidos em vários pontos, como na casa de uma mulher de 28 anos que tem de “quintal” uma imensa área utilizada na mineração.
Para ela, o garimpo é uma fonte de renda e insegurança à vida dos quatro filhos. Na esperança de evitar uma possível contaminação da família, o marido construiu um poço artesiano para não utilizar mais a água do rio. Um outro estudo já havia apontado a contaminação de peixes por mercúrio em comunidades tradicionais do Amapá. Os níveis mais altos de contaminação foram detectados nas espécies carnívoras mais consumidas pelos moradores: pirarucu, tucunaré e trairão. As coletas foram realizadas pelo Iepé, ICMBio, Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e WWF.
As medidas adotadas pelos moradores são insuficientes diante dos perigos do mercúrio, que, presente em resíduos também despejados no meio ambiente, evapora e se espalha através do solo para os cursos d’água. “O garimpo traz uma série de problemas, mas a saúde tem o impacto mais amplo; e as mulheres são as mais afetadas a longo prazo por conta da gravidez”, reforçou Yokota.
Além da comunidade Vila Nova, a pesquisa envolveu El Callao (Venezuela), onde, assim como no Brasil, o mercúrio é usado para a extração de ouro; Ínquiria (Colômbia), local em que o elemento deixou de ser utilizado há mais de cinco anos; e uma área ao redor do rio Beni, na Bolívia.
As bolivianas apresentaram os níveis mais preocupantes de contaminação, com 7,58 ppm. São indígenas que fazem parte dos povos Eyiyo Quibo e Portachuelo e não têm contato com a mineração nem são beneficiadas pela exploração de ouro, mas se alimentam de peixes do rio Beni. O relatório que resultou do estudo descreve que a área sofre com poluição da fauna e de recursos hídricos, em decorrência do funcionamento de dragas – grandes maquinários usados para a dragagem de ouro – itinerantes na região.
Nesse cenário, salienta o coordenador de gestão da informação do Iepé, interesses de grupos políticos, inclusive no Brasil, são empecilhos para a conscientização dos setores mais afetados por essa contaminação. “Os trabalhadores do garimpo são as maiores vítimas; os donos do garimpo é que se beneficiam com essa política. No fundo, tudo tem a ver com a cadeia econômica e quem tá se beneficiando lá em cima.”
Morte de peixes e contaminação por cianeto
Próximo à comunidade Vila Nova, ribeirinhos convivem com os efeitos imediatos da mineração industrial de ouro. Comunidades pesqueiras do município de Pedra Branca do Amapari, centro-oeste do Amapá, passaram a registrar a mortandade periódica de peixes na região. Um dos registros mais recentes, de novembro de 2021, evidencia mais de duas toneladas de peixes mortos, além de manchas na pele, dores de cabeça e mal-estar nos moradores.
A alteração da qualidade da água e a mortandade dos peixes foram atribuídas ao despejo de cianeto decorrente das operações da Mina Tucano, subsidiária da mineradora canadense a Great Panther Mining Limited, conforme um relatório técnico da Sema. O órgão aplicou três autos de infração ambiental à mineradora, somando multa de R$ 50 milhões.
A Pública teve acesso a relatos que mostram o desespero de ribeirinhos diante dos prejuízos para atividade pesqueira e saúde dos moradores, sem alternativas de renda e subsistência.
“Moro há 40 anos aqui e nunca tinha visto isso. Me deu vontade de chorar quando eu vi aquilo tudo [peixes mortos]. A gente não vê peixe e não se pode mais pescar e nem tomar banho no rio”, lamentou uma idosa de 70 anos, da comunidade de Xivete, a mais afetada pelos danos ambientais.
Em nota, a Great Panther – que atua também no México e Peru com a exploração de ouro e prata – informou estar investigando as relações dos danos ambientais com as operações da empresa e que preparou uma defesa formal contra a multa milionária, que tem prazo de pagamento estipulado até 30 de janeiro.
Entre os atingidos está um vereador do município. Ele disse ter presenciado imagens de uma barragem que teria se rompido e provocado a tragédia. “Está um lamaçal muito grande por onde a água desaguou e veio trazendo a mortandade de peixes até chegar ao rio Amapari.”
O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) ingressou com denúncia no Ministério Público Federal (MPF), que a encaminhou ao Ministério Público (MP) do Amapá. O órgão estadual estava de recesso até o dia 6 de janeiro e ainda não apresentou um posicionamento oficial sobre o caso.
Os ribeirinhos atingidos, enquanto não há ressarcimento dos danos, estão sobrevivendo com doações de água mineral e alimentos, e permanecem com dúvidas sobre o futuro. “A gente não sabe dizer o que foi que jogaram aí pra cima, né [para gerar a contaminação]? A gente só sabe que tá passando aqui no nosso terreno”, relatou uma das pessoas afetadas. “A gente não pode mais pescar. A gente depende disso aqui.”
O objetivo é “colocar a sustentabilidade no centro dos sistemas de educação e formação”.
A Comissão Europeia recomendou que as escolas de todos os Estados-membros tenham aulas sobre alterações climáticas, sustentabilidade e ambiente, com o objetivo de que os alunos adquiram os conhecimentos necessários, segundo Bruxelas, para enfrentar a transição ecológica.
Com isso, o Executivo Comunitário pretende que os alunos dos 27 sejam formados com base no respeito à natureza e que compreendam o impacto climático das suas ações cotidianas, da mesma forma que também aspiram a promover o pensamento crítico como um valor positivo.
“O compromisso dos jovens está a revolucionar a forma como vemos o clima e o meio ambiente (…) Esta proposta é mais um passo nos nossos esforços para integrar melhor a sustentabilidade na educação”, disse a vice-presidente comunitária Margaritis Schinas.
O objetivo é “colocar a sustentabilidade no centro dos sistemas de educação e formação”, acrescentou a comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel.
Esta é uma recomendação que a Comissão envia aos países membros, que terão a última palavra na hora de decidir qual a abordagem da questão climática nos seus planos nacionais de educação.
O Boi da Baixa do São José amanheceu triste neste sábado (15). Maria do Carmo Pereira Marinho, 69, a popular Lanchinha, faleceu em Manaus, no Hospital 28 de Agosto. Memória viva do Boi Garantido, Lanchinha era uma das comadres do bumbá encarnado.
Em nota, o Garantido mostrou a importância e todo respeito à comadre. “Um dos capítulos mais lindos e significativos da história do Boi Garantido. Maria do Carmo, a Lanchinha, fez a travessia. Educadora e torcedora apaixonada pelo Garantido integrou o lendário grupo “As Comadres”, que atuou no Garantido durante a década de 1980 até meados dos anos 1990”, explanou o texto.
A nota ressaltou ainda a importância das Comadres. “A turma das Comadres era uma reunião de abnegadas e fiéis torcedoras que cuidavam de itens, principalmente os femininos. Loucas pelo Garantido, não mediam esforços para ver o Boi do Povão bem na arena. A paixão desmedida fez com que até uma cortina de parede se transformasse em belo vestido de Sinhazinha”, relembrou.
O presidente do boi Garantido, Antonio Andrade, enfatizou que essa é apenas uma entre tantas histórias das comadres, que Lanchinha fazia parte, para levar o boi à arena.
“Sua partida deixa um espaço em silêncio na Baixa de São José. Porém, a lembrança de sua apaixonante figura ficará eternamente na galeria da memória de tudo de melhor que o Garantido já viveu em sua história. Obrigado, Maria do Carmo, nossa inesquecível Lanchinha”, concluiu.
Homenagem
Ele disse ainda que o bumbá prestará todas as homenagens que ela merece. Antecipou que o velório acontecerá no Curral Lindolfo Monteverde (Cidade Garantido), em Parintins. “Reverenciamos nossos nomes, nossas memórias. Lanchinha partiu fisicamente, mas ficará viva na história do Garantido. Nada mais
natural e justo que se despedir no solo sagrado, que tanto amou. Por isso, abrimos as portas para essa despedida”, disse.
A Delegacia Especializada em Crimes contra o Consumidor (Decon), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), deflagrou ao longo de 2021 diversas operações policiais que resultaram na apreensão de cerca de 13 toneladas de alimentos impróprios para consumo e mais de 5 mil objetos falsificados e piratas.
As ações também culminaram no fechamento de estabelecimentos irregulares, capazes de causar danos à saúde pública dos consumidores.
O delegado Eduardo Paixão, titular da Especializada, destacou que esses números são resultado do intenso trabalho desempenhado pela unidade policial, principalmente em forças-tarefas realizadas com outros órgãos de fiscalização sanitária e de defesa do consumidor, que juntos recolheram itens diversos, como brinquedos, vestuário, calçados, objetos falsificados e alimentos impróprios para consumo.
Segundo os dados da Divisão de Recebimento, Análise e Distribuição de Inquéritos (Drad) da PC-AM, de janeiro a dezembro de 2021, a Decon registrou também 310 Boletins de Ocorrência criminais (BOs) e instaurou 65 Inquéritos Policiais (IPs), sendo todos finalizados e remetidos à Justiça.
“Além disso, a Decon totalizou 252 Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs), única medida possível no Código de Defesa do Consumidor (CDC), cujos crimes têm penas inferiores a 2 anos, o que assegurou a judicialização de casos para que os empresários cumprissem o CDC e respondessem criminalmente na Justiça”, afirmou Paixão.
A autoridade policial ressaltou ainda que a Decon recebe muitas reclamações não criminais sobre consumo, mas que são resolvidas junto às empresas e agências reguladoras.
“O consumidor é parte fundamental para detectar irregularidades no comércio, por meio da formalização das denúncias, feitas de forma on-line ou presencialmente na delegacia”, disse Eduardo Paixão.
Registro de ocorrência
O titular ressalta que ocorrências criminais podem ser registradas em qualquer delegacia, e as cíveis, pela internet, no site consumidor.gov.br, e no Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-AM).
O Boletim de Ocorrência (BO) de infrações criminais compete à Decon, que fica localizada na rua Desembargador Felismino Soares, 155, bairro Colônia Oliveira Machado, zona sul de Manaus.
Principais operações – A Decon exerceu um papel importantíssimo durante a pandemia da Covid-19, sendo uma das ações de destaque a Operação Covid Falso Negativo, realizada no dia 9 de março em um falso laboratório, onde foi notada a ausência de profissionais aptos para realização de exames, e a empresa não notificava o Sistema Único de Saúde (SUS) e os solicitantes dos testes.
Já no dia 24 de junho de 2021, a Operação Oxida resultou na interdição de um estabelecimento que apresentava desconformidades no armazenamento dos cilindros de gases industriais e medicinais. O delegado relatou que as instalações internas do local não possuíam autorização dos órgãos competentes, oferecendo riscos à saúde dos consumidores.
Além dessas, a Decon realizou também a Operação Alimento de Deméter, no dia 6 de outubro, que culminou na apreensão de 5 toneladas de alimentos impróprios para consumo em um restaurante que apresentava ainda condições sanitárias irregulares.
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