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Empreendedorismo feminino avança, mas negras têm obstáculos com receita e tempo de dedicação

Projeto incentiva o empreendedorismo para mulheres venezuelanas - Foto: Assessoria

O empreendedorismo feminino avança no Brasil, refletindo tendência global de igualdade na abertura de negócios por homens e mulheres, mas questões relacionadas a cor e raça colocam negras em desvantagem.

O Brasil tem 10,1 milhões de mulheres empreendedoras, mais de 30% mais do que há uma década. Quase metade delas é negra (preta ou parda). Seus rendimentos ante as brancas, no entanto, são 31,56% mais baixos e elas dedicam dez horas semanais a menos aos seus negócios, o que limita o crescimento.

Os dados foram compilados no Panorama do Empreendedorismo Feminino no Brasil, realizado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para a Estratégia Elas Empreendem, do governo federal.

Ana Fontes, fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora) e colunista da Folha, afirma que há realmente mais mulheres empreendendo, nem sempre por aptidão ou escolha, mas por necessidade, algo que se reflete ainda mais quando a mulher vive na periferia, é mãe e preta e parda.

“Se eu sou mulher, eu tenho uma camada de desafios. Se eu sou uma mulher negra, eu tenho uma segunda camada de desafios. Se eu sou uma mulher negra de favela, eu tenho uma outra camada de desafios. Se eu sou uma mulher negra de favela e mãe solo, eu tenho mais uma camada de desafios”, diz.

“Os desafios vão se potencializando à medida que você tem mais marcadores sociais.”

Foi a necessidade de gerar renda que levou Adriana Barbosa, diretora-executiva da Feira Preta, a empreender.

“Eu comecei no empreendedorismo vendendo minhas próprias roupas, muito baseada na ‘sevirologia’, como eu gosto de falar, que é a arte de se virar com o que tem, pela necessidade de gerar renda após sair de um emprego formal”, conta.

Refugiadas venezuelanas, chefes de família, foram beneficiadas com o projeto “Mujeres Fuertes”, realizado pela OSC Hermanitos com incentivos ao primeiro negócio – Foto: Assessoria

A feira fundada por ela há mais de 20 anos ao deixar o mercado de emprego formal se transformou no Feira Preta Festival, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina.

“Somos um negócio social, com diferentes programas, projetos e ações, que criam um ambiente propício para a prosperidade econômica da população negra”, diz.

A falta de representatividade de mulheres pretas como modelos das marcas e, consequentemente, sem roupas que atendam seus corpos foi o que levou Mayara Trindade a abrir a Afrikini, marca de biquínis voltada para mulheres negras.

As peças, com tamanhos para vestir diferentes corpos, têm estampas exclusivas com inspiração africana. No início, a empreendedora costumava comprar peças que revendia, mas algo a incomodava.

“Todas as modelos dos catálogos eram sempre brancas e magras, então eu comecei a comprar as peças e tirar fotos minhas com elas.”

“Biquíni sempre existiu, mas nunca com essa proposta. Nas fotos que tiramos buscamos sempre meninas com pelo menos quatro tons de pele preta”, diz.

Ao visitar eventos de empreendedorismo, Mayara diz sentir falta da presença de mais mulheres pretas e que acredita que a falta de oportunidades ainda é um dos principais desafios desse cenário.
DESIGUALDADE

A desigualdade de cor e raça se reflete nos grandes eventos para empreendedores, que têm tomado o ramo de negócios abertos por mulheres.

Os summits —encontros de lideranças— femininos ganharam força no Brasil em 2023 e 2024, após a pandemia da Covid-19, mas rostos pretos ou pardos são raros neles.

A Comunidade Acelera é um programa de benefícios do Acelera Hub Space, polo de fomento à inovação e empreendedorismo da Fundação Rede Amazônica (Foto: Elvis Edson)

Essa falta de representatividade cresce quando se observa a regionalidade. Os eventos, em geral, são realizados nas zonas sul e oeste da capital paulista, e mulheres que estão nas periferias, sejam de cidades como São Paulo ou de outros estados, não conseguem ocupar esses espaços.

Dani Junco, CEO e fundadora da B2Mammy, comunidade de mães empreendedoras que hoje abrange também trabalhadoras do regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), diz estar olhando com mais profundidade para essas diferenças, e busca melhorar a diversidade dentro da plataforma, oferecendo cursos e suporte online para chegar às periferias das grandes cidades e no interior do Brasil.

A B2Mammy surgiu em 2015, após o nascimento do único filho de Dani, como uma aceleradora de resultados para mulheres que empreendem. Cresceu e, em 2023, realizou seu primeiro summit. Para 2025, os ingressos estão quase todos vendidos.

O negócio impactou mais de 200 mil mulheres e ajuda a manter a Casa B2Mammy em São Paulo, onde sócias podem ir trabalhar e levar suas crianças.

“Quando você fala de ecossistema de inovação e tecnologia, a gente nasceu assim, e os eventos summit são isso. As mulheres estão participando, mas realmente nasce de uma zona mais elitista. Então, precisamos de ações afirmativas, e temos chamado mulheres negras para falar em nossos eventos. Nosso papel começa por quem está falando”, diz.

A representatividade preta no palco e a transmissão online de palestras foram a escolha feita por Fernanda Paronetto, CEO e fundadora do Just Real Moms Business Summit, para diversificar o ambiente de um evento de negócios do mercado infantil voltado para mães empreendedoras e marcas do setor.

Nascida de um blog fundado por duas amigas, a Just Real Moms é hoje comandada por Fernanda, que ainda não é mãe, e realizou seu primeiro summit em 2024. A edição de 2025 já atrai interesses.

No palco do evento, a cantora Luciana Mello, filha de Jair Oliveira, foi a responsável por apresentar os participantes, mas na plateia, poucas eram as mulheres pretas.

“São várias visões de uma sociedade, então a gente precisa disso [de diversidade]. Eu fico feliz de ser uma representante, mas gostaria muito de ver mais. De ver mais mulheres negras empreendedoras, mais mulheres indígenas. Gostaria de ver mais essas mulheres por aí tendo as mesmas oportunidades que as mulheres brancas têm”, diz a cantora.

Foto: Arthur Castro – Secom

Fernanda afirma que o mercado de maternidade movimenta hoje R$ 50 bilhões no Brasil por ano e precisa envolver as empreendedoras que estão à margem.

“Summit é networking, e o espaço [onde ele ocorre] tem limitação de pessoas. Só que eu falei: ‘eu não quero fazer isso para um grupo muito fechado’, e a gente está com tudo gravado, que será liberado por um valor acessível”, diz.

A diminuição das desigualdades no empreendedorismo, seja de gênero ou de cor e raça, é foco da Estratégia Elas Empreendem, lançada pelo governo federal em 2024 e que envolve os ministério da Indústria, das Mulheres e da Microempresa.

A iniciativa faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável dos 193 países membros das Nações Unidas. No Brasil, tem como foco políticas que possam diminuir as desigualdades.

Formalização, renda e dedicação ao negócio impactam diretamente não só o dia a dia das mulheres negras, mas seu futuro, à medida que ficam mais na informalidade e não contribuem com a Previdência Social.

“Juntos, impõem desafios vultosos para o crescimento e o desenvolvimento de negócios de mulheres e que necessitam ser endereçados de forma eficaz, por meio de políticas públicas direcionadas para superá-los”, diz relatório do Pnud.

*Com informações de Folha de São Paulo

Trump intercedeu contra Musk após conflito em reunião de gabinete?

Elon Musk teria discutido com o secretário de Estado, Marco Rubio - Foto: Reuters / BBC News Brasil

O presidente dos EUA, Donald Trump, convocou uma reunião de seus secretários de gabinete na quinta-feira desta semana para discutir os esforços do bilionário Elon Musk de cortar gastos do governo e funcionários — como parte do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, em inglês).

Segundo relatos da imprensa americana, a discussão foi acalorada.

Musk acusou o secretário americano de Estado, Marco Rubio, de não cortar funcionários suficientes no departamento de Estado, relatou o New York Times.

O magnata da tecnologia disse a Rubio que ele era “bom na TV”, de acordo com o jornal, ignorando propositalmente qualquer elogio ao seu trabalho como chefe da diplomacia dos Estados Unidos.

O bilionário também entrou em conflito com o Secretário de Transportes, Sean Duffy, sobre se a força-tarefa do Doge de Musk havia tentado demitir controladores de tráfego aéreo que já estavam em falta na Administração Federal de Aviação, de acordo com o New York Times.

O departamento de Duffy está sob investigação após dois acidentes aéreos nos EUA desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.

Depois de ouvir a discussão, o presidente republicano teria intervindo para deixar claro que ainda apoiava o Doge, mas que de agora em diante os secretários de gabinete estariam no comando das ações. A equipe de Musk teria apenas um papel de aconselhamento.

Uma porta-voz do departamento de Estado disse ao jornal que Rubio sentiu que a reunião do gabinete foi uma “discussão aberta e produtiva”. A Casa Branca não respondeu aos pedidos da BBC por mais comentários.

Trump discursou por uma hora e 40 minutos no Congresso – Foto: AFP

O encontro, que foi anunciado de última hora, pode ser um sinal de que Trump decidiu restringir o amplo poder dado nas primeiras semanas de governo ao bilionário da SpaceX e da Tesla e sua iniciativa de corte de custos.

Trump comentou sobre a reunião de quinta-feira, que foi divulgada apenas posteriormente em reportagens da imprensa americana, em uma publicação à noite em seu site de mídia social, o Truth Social.

Ele disse que instruiu seus secretários a trabalhar com o Doge em “medidas de corte de custos”.

“À medida que os secretários aprendem e entendem as pessoas que trabalham nos vários departamentos, eles podem ser muito precisos sobre quem permanecerá e quem sairá”, escreveu Trump, acrescentando que eles devem usar um “bisturi”, não um “machado”.

Há poucos dias, Musk brandiu uma motosserra em uma conferência de ativistas e políticos conservadores — um gesto simbólico das tentativas agressivas de cortar gastos do governo que irritaram os democratas e preocuparam algumas autoridades do governo Trump.

A equipe de Musk enviou e-mails de uma conta oficial do governo para milhões de funcionários federais, incentivando-os a aceitar meses de pagamento adiantado em troca de suas demissões.

Os funcionários federais foram instruídos a prestar contas de suas realizações semanais ou correr o risco de serem demitidos — um pedido que algumas agências instruíram seus funcionários a ignorar.

O Doge também ordenou a demissão de muitos funcionários públicos recém-contratados que, devido ao seu status “probatório”, não tinham proteção total no serviço público.

Algumas agências governamentais revogaram essas ordens porque funcionários considerados essenciais, como aqueles que supervisionam a segurança das armas nucleares, foram afetados.

Trump permitiu que a equipe de Musk acessasse o sistema central de pagamentos do Tesouro, o que viola uma lei federal (Foto: Brandon Bell / Pool via AP)

Durante um evento no Salão Oval na sexta-feira (07/03), Trump respondeu a perguntas sobre a reunião do gabinete — e os relatos das discussões acaloradas. Ele insistiu que não houve “nenhum conflito”. Ele elogiou Rubio e Musk e disse que os dois se deram “muito bem”.

A postagem de Trump no Truth Social na quinta-feira, no entanto, parece dar aos chefes de departamento mais autoridade para reagir contra Musk.

Também pode ser uma tentativa de evitar processos, já que alguns juristas alegam que Musk está acumulando poder demais para alguém que, diferentemente dos secretários de gabinete, não está sujeito à revisão e confirmação do Senado.

Vários juízes federais que supervisionam esses casos já expressaram preocupação sobre a autoridade de Musk — preocupações que foram alimentadas ainda mais pelos comentários de Trump durante seu discurso ao Congresso na terça-feira de que o bilionário era, de fato, o responsável pelo Doge.

Musk e Trump formaram uma forte parceria até agora – como o homem mais rico do mundo e o político mais poderoso dos EUA. Washington tem sido alvo de especulações há meses sobre se essa parceria pode acabar se rompendo.

Essas previsões, no entanto, geralmente foram seguidas por sinais renovados de aliança entre os dois homens.

Na sexta-feira à noite, Musk foi visto embarcando no Força Aérea Um com o presidente para um voo para a casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, para passar o fim de semana.

A discussão na reunião de gabinete pode ser a primeira rachadura visível na aliança dos dois, mas há muitas evidências de que Trump ainda apoia os esforços e objetivos mais amplos de Musk, mesmo que ele prefira usar um bisturi nos próximos dias, em vez de uma motosserra.

*Com informações de Terra

3 em cada 10 mulheres atacadas por armas de fogo tinham registro de agressão

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Das 4.395 mulheres atendidas na rede de saúde após serem vítimas de agressão não letal por armas de fogo em 2023, ao menos 35% tinham atendimentos anteriores de violência doméstica praticada pelo agressor —que, na maioria das vezes, eram maridos, namorados, ex-parceiros ou parentes e amigos.

O número é 23% maior do que o ano anterior, e 35% a mais em relação a 2021, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz com base nos sistemas de informações do SUS (Sistema Único de Saúde), divulgado neste sábado (8).

Para Cristina Neme, coordenadora de projetos do instituto, esse dado indica que a lei não está sendo cumprida. Isso porque ela determina que a apreensão de armas de homens acusados de violência doméstica que tenham porte.

“O policial que atender a ocorrência tem que seguir um protocolo e fazer uma série de perguntas, entre elas, se o agressor tem porte de arma. Se tiver, o caso tem que ser encaminhado para o Judiciário que determina a apreensão”, diz. Por lei, as unidades de saúde devem avisar a polícia quando atendem um caso de violência contra a mulher.

Nesta sexta-feira (7), a polícia prendeu Rogério Benedito Gonçalves, 56, suspeito de matar a tiros a ex-namorada Elaine Domenes de Castro, na porta de sua casa, no centro de São Paulo, dois dias antes.

“Ela tentou várias vezes sair desse relacionamento, mas era ameaçada por ele a ficar sem seus filhos”, diz a filha de Elaine, Bianca Tintel. “Ele seguia nossos passos e avisava ela quando estávamos sozinhos e que podia nos matar naquela hora se ela não voltasse para ele.”

As ameaças levaram a vítima a registrar um boletim de ocorrência e pedir a medida protetiva. Segundo a filha, depois disso ele pegou o celular dela e disse que só devolveria depois que retirasse a queixa.

“Um dia antes de morrer, ela estava indo na Americanas, e ele sempre estava lá, em algum lugar, esperando ela, pois sabia de todos seus passos. Ela entrou no carro, começaram a discutir, ela não queria voltar e ele não aceitava, pegou o telefone dela e ela foi embora para casa. Ela chegou a bloquear as contas porque não iria mais pegar o celular”, diz a filha.

PL que prevê funcionamento ininterrupto de delegacias de atendimento à mulher retorna agora ao Senado. (Foto: Marcos Santos/USP/ABr)

Elaine morreu baleada quando entrava em casa após se encontrar com o ex-namorado e recuperar o celular, de acordo com a polícia. “Ela sempre foi muito trabalhadora, estava sempre sorrindo e brincando, era difícil ver ela triste ou para baixo”, diz Bianca. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Rogério.

Casos como esse são reflexo da necessidade do Estado equacionar seus procedimentos para atender as vítimas, segundo a coordenadora do Sou da Paz. “Existe um gargalo no sistema Judiciário, já que há uma demanda maior de registros de violência contra a mulher comparado ao número de medidas protetivas expedidas”, diz. Em 2023, houve cerca de 500 mil decisões do tipo.

Em 6.900 casos de violência com arma de fogo, a mulher também foi vítima de um segundo tipo de abuso —sendo o mais frequente agressão física (52,8%), seguida por violência psicológica (22,2%) e sexual (13,8%).

Ao longo da série histórica elaborada pelo instituto, o uso de arma de fogo se mantém como o principal meio de assassinato de mulheres, respondendo pela morte de cerca de 2.000 mil a cada ano no país.

Entre as mulheres assassinadas em 2023, metade foi vítima de armas de fogo, das quais 72% eram pretas ou pardas e 26,6%, brancas. No geral da população, 45,3% se identifica como parda, 10,2% como preta e 43,5% como branca, de acordo com o último Censo.

No total, o país registrou 3.946 homicídios de mulheres há dois anos. No Brasil, a taxa de homicídios de mulheres negras é de 2,2 a cada 100 mil habitantes, enquanto a do restante das mulheres é de 1.

O risco de ser morta por disparos se acentua entre as moradoras da região Nordeste, onde 63% dos assassinatos contra mulheres ocorreram desta forma, quase o dobro do registrado no Sudeste em 2023, com 36,9%, segundo levantamento

Os números mostram ainda que a desigualdade racial é fator de risco também para a violência doméstica, já que 28% dos homicídios ocorreram nas residências das vítimas e 40%, nas ruas. Em comparação, 12% dos homicídios cometidos com armas de fogo contra vítimas do sexo masculino ocorreram dentro de residências.

“O risco delas serem assassinadas dentro de casa é duas vezes maior do que os homens”, diz Neme, do Sou da Paz. “Onde a criminalidade é acentuada e há domínio de facções criminosas, há mais casos de violência contra as mulheres.”

Foto: iStock / Getty Images

Em relação à idade, há indicação de que a vitimização começa a se manifestar a partir da faixa de 15 a 19 anos, grupo com 11% dos casos, sendo que a maioria dos crimes ocorre com mulheres de até 39 anos – 59% das vítimas.

A violência doméstica também é determinante para ocorrências de agressões não letais com armas de fogo: 46% dos agressores eram pessoas próximas das vítimas, dos quais 29% eram maridos, namorados ou ex-companheiros. Pessoas desconhecidas corresponderam a 38% dos autores, de acordo com a pesquisa.

O risco aumenta quando há consumo de álcool pelo agressor, a suspeita desse comportamento aparece em 27% das agressões armadas e, em casos registrados em residências, o percentual sobe para 39%.

*Com informações de Folha de São Paulo

‘Cidade no escuro’: apagão atinge Manaus e outros municípios do Amazonas

Apagão generalizado atingiu diversos bairros de Manaus de ontem para hoje - Foto: Reprodução / Redes sociais

Manaus e outras cidades do Amazonas tiveram um apagão de energia entre o fim da noite de ontem e a madrugada de hoje.

Registros de moradores mostram diferentes bairros de Manaus no escuro entre a noite de ontem e a madrugada de hoje. Nas imagens, casas, estabelecimentos, avenidas e pontos de ônibus da capital aparecem sem iluminação.

“Cidade toda no escuro”, divulgaram manauenses pelas redes sociais. Pelo Instagram, moradores da capital se manifestaram sobre a falta de luz em bairros das zonas norte, leste, oeste e centro-sul. Entre eles, São Jorge, Dom Pedro, Cidade Nova, Nova Esperança, Cidade de Deus e Colônia Terra Nova.

Outros municípios do estado também foram afetados. Relatos de falta de luz também foram divulgados por moradores de Parintins, Presidente Figueiredo e Itacoatiara.

“Muita gente perguntando o que aconteceu, mas não sabemos o motivo”, disse um morador de Manaus. “Só sabemos que tem muitos bairros no escuro aqui em Manaus e em outras cidades, mas ninguém sabe dizer o que houve”, afirmou o manauense Gilberto Wedson durante uma transmissão ao vivo pelo Instagram.

Amazonas Energia diz que apagão foi causado pelo desligamento de linha do Sistema Interligado Nacional. O SIN é uma rede hidrotérmica de grande porte para produção e transmissão de energia elétrica no Brasil, controlada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que, por sua vez, é fiscalizado e regulado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Municípios da região metropolitana de Manaus já estão com fornecimento normalizado, segundo a Amazonas Energia. Em nota, a empresa divulgou que “85% do fornecimento de energia afetado pelo desligamento da linha de 500 kV Jurupari-Silves, pertencente ao Sistema Interligado Nacional (SIN), foi normalizado”, como nas cidades de Presidente Figueiredo, Iranduba, Manacapuru e Itacoatiara.

A Semig (Secretaria de Estado de Energia, Mineração e Gás), ONS e Aneel não responderam até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado com eventuais esclarecimentos dos órgãos.

*Com informações de Uol

Neymar é oferecido a Bayern e Barcelona, diz jornal

Neymar é oferecido a dois gigantes europeus, diz jornal - Foto: Raul Baretta / Santos FC

Cada vez mais próximo de retornar a 100% do seu nível técnico, Neymar já começa a virar assunto no mercado da bola europeu. De acordo com o jornal ‘Sport’, da Espanha, o camisa 10 do Santos foi oferecido ao Barcelona e ao Bayern de Munique, da Alemanha.

Neymar e seu estafe teriam feito um contrato ‘curto’ com o Santos na expectativa de recuperar o alto nível e provar que o brasileiro pode voltar a render no futebol europeu, com a prioridade sendo um retorno ao Barcelona, onde viveu os melhores momentos da carreira.

O jornal acrescenta que Neymar não está interessado em uma ida à Premier League neste momento. Com relação a ‘resposta’ do Barcelona, o clube espanhol possui outras prioridades nos momentos, mas não descarta 100% um retorno do brasileiro no futuro.

Quem está organizando essas oportunidades para Neymar e o oferecendo aos clubes é o empresário Pini Zahavi, que foi responsável por levar o brasileiro para o PSG e depois para o futebol saudita.

Da parte de Neymar, o objetivo é claro: o camisa 10 quer uma equipe na qual possa conquistar títulos e que o esquema tático seja ofensivo, para que seu futebol seja potencializado e o brasileiro retorne ao protagonismo mundial, acrescenta o veículo.

Recentemente, Deco, diretor do Barcelona, falou sobre a possibilidade do clube recontratar Neymar e deixou claro que não é a prioridade do momento, mas também não descartou 100% das chances. Confira:

“Neymar foi um fenômeno que passou por aqui, fez o que fez, ganhou o que ganhou. Às vezes essas histórias não se repetem ou podem se repetir, nunca se sabe, mas acho que não é o momento do Barcelona pensar em Neymar ou dele pensar nisso. Obviamente é um jogador importante, acho que se um dia uma situação como essa surgisse, o cenário deveria ser bom para Neymar e para nós”, disse o dirigente em entrevista à TNT Sports.

*Com informações de IG

Por que o desaparecimento de borboletas nos EUA é um sinal de alerta para os humanos

Foto: Unsplash

As borboletas da América estão desaparecendo por causa de inseticidas, mudanças climáticas e perda de habitat, com o número dessas belas aladas reduzindo 22% desde 2000, segundo um novo estudo.

A primeira análise sistemática nacional da abundância de borboletas descobriu que o número desses animais nos 48 estados inferiores tem caído, em média, 1,3% ao ano desde o início do século, com 114 espécies exibindo declínios significativos e apenas nove aumentando, de acordo com um estudo publicado na revista Science desta quinta-feira, 6.

“As borboletas têm estado em declínio nos últimos 20 anos”, disse Nick Haddad, coautor do estudo e entomologista na Universidade Estadual de Michigan. “E não vemos sinal de que isso vá terminar”. Uma equipe de cientistas combinou 76.957 levantamentos de 35 programas de monitoramento e os mesclou para uma comparação equivalente, resultando na contagem de 12,6 milhões de borboletas ao longo das décadas.

No mês passado, um levantamento anual que analisou apenas as borboletas-monarca, que os agentes federais planejam colocar na lista de espécies ameaçadas, contou um número quase recordista de menos de 10.000, abaixo dos 1,2 milhão em 1997. Muitas das espécies em declínio caíram 40% ou mais.

Perda ‘catastrófica e triste’ ao longo do tempo

David Wagner, um entomologista da Universidade de Connecticut, que não fez parte do estudo, elogiou o escopo da pesquisa. Ele afirmou que, embora a taxa anual de declínio possa não parecer significativa, é “catastrófica e triste” quando acumulada ao longo do tempo.

“Em apenas 30 ou 40 anos estamos falando sobre perder metade das borboletas (e outras vidas de insetos) em um continente!”, disse Wagner por e-mail. “A árvore da vida está sendo desnudada em taxas sem precedentes.”

Os Estados Unidos têm 650 espécies de borboletas, mas 96 espécies estavam tão escassas que não apareceram nos dados e outras 212 espécies não foram encontradas em número suficiente para calcular tendências, disse Collin Edwards, autor principal do estudo, ecologista e cientista de dados no Departamento de Pesca e Vida Selvagem de Washington.

“Provavelmente estou mais preocupado com as espécies que nem puderam ser incluídas nas análises porque eram tão raras”, disse Karen Oberhauser, entomologista da Universidade de Wisconsin-Madison, que não fez parte da pesquisa. Haddad, que se especializa em borboletas raras, disse que nos últimos anos viu apenas duas borboletas Satyr de São Francisco ameaçadas de extinção — que só vivem em um campo de bombardeio em Fort Bragg, na Carolina do Norte — “então, poderiam estar extintas.”

Fumaça emitida por termelétrica a carvão nos Estados Unidos – Foto: Brandon Bell / Getty Images via AFP

Algumas espécies bem conhecidas tiveram grandes quedas. O almirante vermelho, que é tão calmo que pousa nas pessoas, reduziu 44% e a borboleta dama americana, com dois grandes olhos nas asas traseiras, diminuiu 58%, disse Edwards. Até a borboleta-pequena-das-couves (Pieris rapae), “uma espécie que está bem adaptada para invadir o mundo”, segundo Haddad, caiu 50%. “Como isso pode ser?”, Haddad se perguntou.

Declínio das borboletas como um sinal de alerta para os humanos

Anurag Agrawal, especialista em borboletas da Universidade Cornell, disse que está mais preocupado com o futuro de outra espécie: os humanos.

“A perda de borboletas, papagaios e golfinhos é, sem dúvida, um mau sinal para nós, os ecossistemas de que precisamos e a natureza que desfrutamos”, disse Agrawal, que não fez parte do estudo, por e-mail. “Eles estão nos dizendo que a saúde do nosso continente não está nada bem… As borboletas são embaixadoras da beleza, fragilidade e interdependência da natureza. Elas têm algo a nos ensinar”, acrescentou.

Karen Oberhauser, da Universidade de Wisconsin-Madison, disse que as borboletas conectam as pessoas com a natureza e que “nos acalmam, nos tornam mais saudáveis e felizes e promovem o aprendizado.”

Na avaliação de David Wagner, da Universidade de Connecticut, “o que está acontecendo com as borboletas nos Estados Unidos provavelmente está acontecendo com outros insetos menos estudados em todo o continente e mundo”

Ele disse que não é apenas o estudo de borboletas mais abrangente, mas também o mais rico em dados para qualquer inseto. Borboletas também são polinizadoras, embora não tão proeminentes quanto as abelhas, e são uma grande fonte de polinização da cultura de algodão do Texas, disse Haddad.

Áreas mais secas e quentes são as piores para as borboletas

A maior diminuição de borboletas foi no Sudoeste — Arizona, Novo México, Texas e Oklahoma — onde o número de borboletas caiu pela metade nos 20 anos analisados. “Parece que as borboletas que estão em áreas secas e quentes estão se saindo particularmente mal”, disse Edwards. “E isso meio que captura muito do Sudoeste.”

O pesquisador explica que, quando olharam para espécies de borboletas que viviam tanto no sul mais quente quanto no norte mais frio, as que se saíram melhor estavam nas áreas mais frias.

Mudanças climáticas, perda de habitat e inseticidas tendem a trabalhar juntos para enfraquecer as populações de borboletas, disseram os autores do estudo. Dos três, aparentemente os inseticidas são a maior causa, com base em pesquisas anteriores do centro-oeste dos EUA, disse Nick Haddad, entomologista na Universidade Estadual de Michigan. “Faz sentido porque o uso de inseticidas mudou de maneiras dramáticas desde que nosso estudo começou.”

Vapor sobe de uma chaminé ao pôr do sol em Lansing, Michigan, Estados Unidos – Foto: Brendan McDermind / Reuters

Como os habitats e as borboletas podem ser restaurados, ainda há esperança, disse o pesquisador. “Você pode fazer mudanças no seu quintal e no seu bairro e no seu estado. Isso poderia realmente melhorar a situação para muitas espécies”

*Com informações de Terra

Proteção integral e promoção social à mulher são aspectos presentes nas Leis de autoria de Roberto Cidade

Foto: Rodrigo Brelaz

Data de reflexão e de reafirmação sobre as conquistas obtidas pelas mulheres na sociedade, o Dia Internacional da Mulher é também um momento de reforçar as Leis de autoria do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado estadual Roberto Cidade (UB), que tratam sobre temas relacionados à proteção física, social e emocional das mulheres.

“Para mim é uma questão inegociável a proteção às mulheres. Nosso mandato sempre terá a promoção dos direitos das mulheres como prioridade. Prova disso são as nossas Leis. Elas se somam à legislação já existente e a fortalecem. Todas as formas de proteção à mulher são importantes e precisam ser divulgadas à exaustão. Quanto mais se souber dessa rede de proteção, mais a sociedade estará preparada para ajudar numa situação de violência. É preciso enfrentar esse problema que é de todos nós”, afirmou o deputado presidente.

Entre as Leis de proteção à mulher estão a de n° 5.332/2020, que obriga que o atendimento de vítimas de violência, nas delegacias do Estado, seja feito por policiais do sexo feminino; a de n° 5.532/ 2021, que estabelece o Código Sinal Vermelho.

Neste caso, a mulher, sendo vítima de qualquer tipo de violência faz um “X” na mão em pedido de socorro; e a de n° 5.509/2021, que cria o selo “Mulheres Seguras – Local Protegido”, para proteção e segurança das mulheres em estabelecimentos como bares e restaurantes.

Outra Lei nesse sentido é a n° 6.290/2023, que assegura às vítimas de violência doméstica e familiar o direito à comunicação prévia quando do relaxamento da medida de seus agressores. Também são leis de Cidade de proteção às mulheres, a Lei n° 5.247/2020, que propõe a divulgação, por meio de cartazes informativos, do crime de importunação sexual nos transportes públicos no Estado do Amazonas. E a Lei n° 6.319/2023, que institui a Campanha de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual nas redes de ensino público e privado do Amazonas.

“Todas as formas de proteção à mulher são importantes e precisam ser divulgadas à exaustão. Quanto mais se souber dessa rede de proteção, mais a sociedade estará preparada para ajudar numa situação de violência. Nosso mandato está sempre atento à questão, que é um problema de todos nós”, finalizou o parlamentar.

Mais uma Lei de Cidade é a de nº 6.606/2023, que institui a Política Estadual de Atendimento às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional. A iniciativa prevê que o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), possa estabelecer fluxo de atendimentos e procedimentos específicos para as mulheres, de modo a garantir a regularização da assistência no interior das unidades prisionais.

Também são Leis do parlamentar:

  • Estabelece as diretrizes para implementação do Programa de Incentivo ao Emprego para Mães Solo do Estado do Amazonas (Lei n° 6.817/2024);

  • Garante prioridade para as mulheres vítimas de violência sexual, doméstica e familiar no processo seletivo do Sistema Nacional de Emprego (Sine), no Amazonas (Lei n° 6.353/2023);

  • Cria “Programa Estadual de Qualidade de Vida da Mulher durante o Climatério e Pós-climatério” (Lei nº 6.535/23);

  • Estabelece o “Programa Estadual de Prevenção ao Alcoolismo entre Mulheres” (Lei nº 6.584/2023);

  • Institui o Dia Estadual de Combate aos Crimes Contra a Mulher na Internet (⁠Lei n° 6.791/2024);

  • Assegura às mulheres o direito a acompanhante durante consultas médicas, exames e demais procedimentos clínicos nos estabelecimentos de saúde públicos e privados do Amazonas (Lei nº 6.806/2024);

  • Cria o Programa Estadual de Tratamento da Endometriose no Amazonas (Lei nº 6.824/2024);

  • Proíbe a cobrança de qualquer valor ou taxa por maternidades para permitir que o pai ou acompanhante assista ao parto no centro obstétrico (Lei nº 7.001/24).

Dia Internacional da Mulher

Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para alertar a sociedade sobre as violências física, psicológica, sexual e social que atingem as mulheres, o 8 de março, Dia Internacional da Mulher é também uma oportunidade para reforçar as Leis cujo objetivo é garantir a vida e a dignidade desse público.

Não é meramente uma data voltada a homenagens triviais, mas um convite à reflexão sobre como a mulher é tratada nos campos afetivo, familiar, social e no mercado de trabalho. É um momento para combater o silenciamento que normaliza as desigualdades e as violências sofridas pelas mulheres, além de ser uma oportunidade para repensar atitudes em busca de uma sociedade com menos discrepâncias e preconceito de gênero.

Leandro Hassum sobre semelhança com Silvio Santos: ‘Nem eu sabia’

A cinebiografia 'Silvio Santos Vem Aí' tem estreia prevista para agosto de 2025 - Foto: Reprodução

Leandro Hassum abriu o jogo sobre a experiência de interpretar Silvio Santos nos cinemas. A cinebiografia ‘ Silvio Santos Vem Aí ‘, que acompanha a trajetória do apresentador, estreia em agosto, mês em que morte dele completa um ano.

Em entrevista ao ‘ The Noite ‘, de Danilo Gentili, o ator, de 51 anos, confessou que não imaginaria viver o fundador do SBT na dramaturgia. Por outro lado, encontrou semelhanças físicas que nem ele mesmo sabia existir.

“Sei que muita gente pensa: ‘O que o Hassum tem a ver com o Silvio Santos?’. Nem eu sabia que parecia com ele! Mas, quando assistirem, vão ver que esse é o primeiro filme sobre ele e que promete emocionar”, avalia Hassum.

O ex-global contou ainda ter feito apenas uma exigência: não imitá-lo. Na visão dele, ninguém consegue reproduzir o domínio do apresentador: “Trabalhei um pouco a voz, mas preferi captar seu jeito e trazer para perto de mim”.

Por fim, Hassum destaca o viés escolhido para o filme. “O recorte que considero importante é que escolhemos um domingo para contar sua trajetória, focando no período em que ele foi candidato à presidência e quase venceu. A história de sua vida é narrada por meio de seus programas, mostrando como o domingo era costurado por Silvio”.

*Com informações de IG

Yara Lins destaca Ouvidoria da Mulher com ferramenta do TCE-AM contra violência de gênero

Foto: Assessoria

Perto de completar um ano de atividade, a Ouvidoria da Mulher, do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), se consolida como mecanismo de escuta, fiscalização e busca de solução para denúncias de diferentes tipos de assédio, de violência doméstica e injúria racial. A conselheira-presidente Yara Lins, idealizadora do projeto, provoca em seu artigo, uma reflexão sobre a relevância de iniciativas de promoção da igualdade e combate à violência de gênero na Amazônia.

Temos razões para celebrar no Dia Internacional da Mulher?

“Sim, mas só quando pudermos dizer, sem hesitação, que a Amazônia é um território seguro para todas as suas mulheres. Até lá, nossa única escolha é lutar”.

Por Yara Amazônia Lins, Presidente do Tribunal de Contas do Amazonas

Oito de março é, ao mesmo tempo, um dia de celebração e de reflexão. Comemoramos as conquistas históricas das mulheres, mas também nos deparamos com a realidade cruel da violência que insiste em lhes negar o direito mais básico: o direito à vida. É uma ironia amarga que um estado e uma região cujos nomes evocam a força feminina — Amazonas e Amazônia — convivam com estatísticas tão alarmantes de feminicídio e violência contra a mulher.

A cada ano, novas promessas, campanhas e iniciativas surgem, mas as providências concretas para erradicar essa mácula da indignidade e do horror ainda são tímidas diante da brutalidade dos números. No Brasil, foram registrados 1.128 casos de feminicídio até outubro de 2024, uma redução percentual em relação ao ano anterior, mas ainda um dado avassalador. Na Amazônia Legal, a situação é ainda mais grave: as taxas de feminicídio são 19% superiores à média nacional, enquanto os homicídios de mulheres são 31% mais, altos. Além disso, a violência sexual atinge de maneira cruel as mais vulneráveis: 69% das vítimas nos últimos cinco anos na região eram meninas de 0 a 14 anos.

A Amazônia, que deveria ser um símbolo de força e resistência feminina, torna-se um território de medo para muitas mulheres. O avanço da violência é visível e inaceitável. As cidades crescem, mas com elas se expandem as sombras da impunidade e da omissão.

Ouvir para agir: a escuta como prontidão permanente

A Ouvidoria da Mulher, iniciativa pioneira no Tribunal de Contas do Amazonas, nasceu da necessidade de dar voz e acolhimento às mulheres que clamam por socorro. Mas escutar não basta. A escuta precisa ser transformada em ação. Precisamos de um sistema de proteção que funcione, de respostas ágeis, de um tecido social mobilizado e de instituições que não fechem os olhos para essa tragédia cotidiana.

Não podemos permitir que a banalização da violência se torne regra. Não podemos aceitar que a desproteção da vida seja normalizada. Precisamos, como sociedade, agir. Esse é um chamado para cada entidade, cada instituição, cada cidadão. É um chamado para que o nome “Amazônia” não seja apenas um eco da força da mulher, mas um símbolo real de sua proteção, dignidade e vida.

Temos razões para celebrar? Sim, mas só quando pudermos dizer, sem hesitação, que a Amazônia é um território seguro para todas as suas mulheres. Até lá, nossa única escolha é lutar.

Yara Amazônia Lins
Conselheira Presidente do TCE-AM
Idealizadora da Ouvidoria da Mulher

COP30: hospedagem para 11 dias em Belém chega a custar R$ 2 milhões

Mercado Ver-o-Peso, cartão postal de Belém, passa por obras para sediar a COP30 (Foto: Reprodução)

É esperado que cerca de 50 mil pessoas, de diversos lugares do mundo, passem por Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro para participar da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). É a primeira vez que o Brasil sediará o evento, e o governo federal afirma que haverá acomodações disponíveis para quem quiser vir. Mas, em alguns casos, esses leitos podem custar caro. Em plataformas de hospedagem, conforme apurado pelo Terra, os valores para a reserva dos 11 dias de conferência chegam a R$ 2 milhões.

Em uma busca simples no Booking.com, por exemplo, foram encontrados 815 alojamentos para as datas da COP. As três opções mais caras se tratam de imóveis de luxo, onde as 11 noites de novembro estão custando R$ 2,2 milhões, R$ 2,1 mi e R$ 1,7 mi, respectivamente.

No mais caro, segundo o anúncio, serão disponibilizados ‘pequenos-almoços’ diários para quem fechar a estadia. A casa aceita até 16 hóspedes, mas conta apenas com dois quartos – um com uma cama de casal grande, e outro com uma cama de casal e uma de solteiro.

Dos 815 alojamentos disponíveis na plataforma para a COP30, apenas 51 cobram menos de R$ 5 mil para o período do evento. Outra característica é que grande parte dos anúncios listados são identificados como novidades na plataforma.

Ao considerar o filtro de ‘melhor pontuação e preço mais baixo’, pesquisando por estadias em Belém entre os dias 10 e 21 de março, também onze dias, mas longes da data da COP, as 10 principais acomodações listadas custam entre R$ 560 e R$ 1500 para todo o período. Fazendo a mesma busca, mas preenchendo com as datas em novembro, o primeiro resultado destacado cobra R$ 25 mil pelas onze noites — o preço das 10 principais acomodações listadas nesse filtro variam entre R$ 1 mil e mais de R$ 580 mil.

Pará e Booking

Em setembro passado, o governo do Pará e a plataforma Booking.com assinaram um Memorando de Entendimentos (MOU) para estabelecer um acordo de cooperação para o desenvolvimento do turismo no Estado, com o intuito de assegurar mais ofertas de leitos para a COP30.

Neste mês de fevereiro, a plataforma chegou a promover um workshop na Associação Comercial do Pará (ACP) com o objetivo de orientar proprietários de imóveis sobre o cadastro de hospedagens para a COP.

Na ocasião, que aconteceu no último dia 18, a presidente da ACP, Elizabete Grunvald, conforme registrado pela Agência Pará, do governo do Pará, chegou a comentar sobre ‘preços extorsivos’.

Foto: Reprodução / Booking.com

“É importante entender o processo, preço, direitos e obrigações. Se praticarmos preços extorsivos, não é bom pra ninguém, não é bom pra cidade, não é bom pra COP nem para o legado do evento. A precificação precisa ser razoável em qualquer que seja a plataforma. O objetivo aqui é de orientação”, disse.

Em busca de mais detalhes sobre os caminhos que estão sendo traçados em torno da disponibilização de hospedagens para a COP, o Terra tentou contato com o governo do Pará e com a Secretaria Extraordinária para a COP30 do governo federal, liderada pelo secretário extraordinário Valter Correia da Silva, por uma semana, e não obteve retorno. A Prefeitura de Belém também foi acionada, mas afirmou não ser responsável por esse tipo de informação.

Prometem lugar para todos

Belém iniciou o ano com 18 mil leitos disponíveis na capital. Em entrevistas e publicações, o governo do Pará afirma que todas as obras necessárias para receber a COP30 serão concluídas até setembro, assim como todas as soluções de hospedagem ficarão prontas antes da conferência.

Conforme divulgado pelo governo federal, está sendo criada uma plataforma oficial da COP30 que irá gerenciar as acomodações dos dias de evento, em novembro. Ainda há poucas informações sobre a iniciativa, mas a expectativa é que ela seja disponibilizada até o fim de março para que os credenciados para a Conferência façam suas reservas.

O governo federal está investindo R$ 4,5 bilhões em mais de 30 obras em execução por parte do Estado para receber a COP. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme dito em seu primeiro pronunciamento deste ano, no fim de janeiro, essa será “a melhor COP já feita desde que foi estabelecida”.

Agora em fevereiro, em meio à repercussão sobre a capacidade de hospedagem de Belém, Lula comentou que: “Se não tiver hotel cinco estrelas, durma em um de quatro. Se não tiver de quatro, durma em um de três. Se não tiver de três, durma na estrela do céu do mundo, olhando para o céu, que vai ser maravilhoso”.

Ele também afirmou que, por mais que pretenda fazer “a COP que ninguém nunca mais vai esquecer”, não vai “enfeitar” a sede do evento. “Eu não vou enfeitar, eu não vou tirar pobre da rua, eu não vou fazer o que não é possível fazer. Eu quero que eles vejam a nossa Belém do jeito que ela é”.

“A COP é um evento da ONU. E a ONU escolheu o Brasil, que escolheu o Pará, que escolheu Belém. ‘Ah, mas em Belém não tem hotel.’ É bom que não tenha. É bom que eles tomam picada de carapanã”, disse o petista, durante agenda na capital paraense de entrega de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida.

Sem denúncias

Não há denúncias ou reclamações sobre preços abusivos nas hospedagens para o período da COP30 recebidas pelo Procon até o momento, informou ao Terra a gerente de análise e reclamações do Procon do Pará, Diana Mainieri.

A hospedagem mais cara registrada para os dias da COP na plataforma é recente e não possui nem pontuação, nem comentários – Foto: Reprodução / Booking.com

“Não há ainda nenhuma prática de preço abusivo praticado pelas hotelarias. O Procon/PA só pode fiscalizar cobranças abusivas que tenham relação de consumo, como no caso de hotéis e outros”, explicou. Com isso, plataformas como Booking podem ser consideradas. Já a do Airbnb não – por, segundo ela, não ter relação de consumo e, sim, ser regida pela lei do inquilinato, já que pessoas colocam suas casas à disposição.

Em caso de prática abusiva de cobrança “manifestamente excessiva e sem justa causa” é aberto um processo administrativo para apurar a situação, passivo de penalidades como multas. “Os parâmetros são analisados de acordo com o caso concreto. Mas para ser considerado abusivo é preciso elevar o valor sem justa causa. Por exemplo: se uma diária custa a quantia em média de R$200, e ela aumenta para R$ 1.000 sem motivação é uma prática abusiva”, explica Diana.

“No caso de denúncia não há como o consumidor ser indenizado, mas sendo reclamação e constatado a prática errônea do fornecedor, ele pode ser ressarcido pelos prejuízos.”

”A COP30 pode ser um fator de aumento, pela lei da oferta e procura, mas não aumento abusivo e indiscriminado” – Diana Mainieri, gerente de análise e reclamações Procon/PA

De acordo com notas divulgadas pelo governo do Pará, a Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), vinculada à Secretaria de Estado de Justiça (Seju), estão realizandas ações educativas e preventivas para que hotéis da capital cobrem preços justos em hospedagens e acomodações temporárias no geral.

Além disso, segundo a Secretaria de Justiça do Pará, “os preços praticados para hospedagem também serão observados pelo governo federal, que já sinalizou que, assim como ocorreu com os Jogos Olímpicos, acompanhará a variação de preços para mitigar práticas abusivas contra o consumidor”.

Quando o direito do consumidor é ferido?

Ao Terra, Renata Abalém, advogada, diretora jurídica do Instituto de Defesa do Consumidor e do Contribuinte (IDC) e membro da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/SP, pontua ser comum que em eventos de grande porte, como é o caso da COP30, haja um aumento na demanda por hospedagem, levando a reajustes nos preços.

Porém, esse aumento deve ser justificado e proporcional aos custos adicionais que o fornecedor do local possa ter, como: contratação extra de funcionários, melhoria na infraestrutura e custos operacionais elevados devido ao evento.

Cerimônia no último dia 14 com Lula em Belém, onde foram apresentados avanços nas obras preparativos para a COP30 – Foto: Reprodução / Agência Pará

“Não existe um limite percentual específico estabelecido em lei para o reajuste de preços nesses casos. Entretanto, o aumento deve respeitar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Um aumento exorbitante, sem justificativa, pode ser considerado abusivo”, explica a advogada.

Prática Abusiva, segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC)

O artigo 39 elenca diversas práticas abusivas, incluindo ser vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

Inciso V: Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.

Inciso X: Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

Para identificar práticas abusivas, Renata elenca como fundamental que o consumidor compare o histórico de preços, considerando a média do mercado, e que solicite justificativas para o aumento de custos. Se for o caso, é possível registrar reclamações no Procon. Para isso, é importante guardar comprovantes, anúncios e reservas que evidenciem a prática abusiva.

*Com informações de Terra

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