A música mostrou toda a sua potência para aproximar estilos e públicos diferentes na primeira edição do projeto “Orquestra na Floresta” na tarde desta terça-feira (23), na comunidade indígena aldeia Cipiá, localizada a 34 quilômetros da capital, às margens do rio Negro.
A iniciativa da Prefeitura de Manaus, sob a coordenação do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), promoveu um encontro histórico entre a recém-criada Orquestra de Câmara de Manaus, entregue pelo prefeito David Almeida em agosto deste ano, e o grupo de música indígena Cipiá, em uma experiência única de intercâmbio artístico e cultural.
O presidente do Concultura, Tony Medeiros, destacou que o projeto de relevância nacional é um contínuo diálogo entre a música clássica e a milenar música indígena.
“Este projeto é muito mais do que um concerto. Ele é a demonstração de que Manaus é uma cidade que respeita e valoriza sua diversidade cultural. Levar a orquestra até a floresta, para dialogar com os saberes indígenas, significa abrir novos caminhos de convivência, aprendizado e reconhecimento das nossas raízes. O Concultura tem esse compromisso de democratizar o acesso à arte e fortalecer a identidade cultural da nossa gente”, destacou Tony Medeiros.
Sob a regência do maestro Hermes Coelho, os músicos apresentaram um repertório que transitou entre os clássicos de Bach e Vivaldi, criações de compositores brasileiros e a força ancestral dos cantos e instrumentos indígenas, conduzidos pelos próprios moradores da aldeia.
“Foi uma coisa esplêndida, não sei nem como mensurar. As pessoas precisam ter acesso a isso, levar a música, essa experiência, para que todos conheçam, especialmente ao vivo. Que possam pegar no instrumento, ver como tudo funciona. Quando você leva isso até elas, desperta algo nas pessoas. A orquestra vive para isso. Meu desejo é que a gente continue indo às comunidades que não têm acesso. Isso é o mais importante”, afirmou o maestro.
O público formado por integrantes da comunidade e convidados, testemunhou um espetáculo onde a tradição indígena e a música erudita se fundiram em harmonia, gerando um momento de rara beleza e significado.
O evento também teve importância simbólica para os moradores da aldeia Cipiá, afirmou o cacique Domingos ao ressaltar que receber a Orquestra de Câmara em seu território representa um gesto de valorização da cultura indígena e de respeito às tradições locais, além de inspirar as novas gerações a preservarem a herança cultural.
“A partir de hoje, começa o nosso encontro, maior encontro que a gente estava esperando desde o início. É um grande privilégio prestigiar esta orquestra na floresta. É muito emocionante. Mais uma vez, parabéns a todos nós”, destacou o cacique.
Para Cayo Ferro, jovem que assistiu à apresentação, valorizar as vivências indígenas foi primordial. “O maior sentimento aqui é de emoção porque, enquanto pessoa nortista, sempre achei que não éramos muito protagonistas e isso inclui a arte e a música, graças aos eventos sociais promovidos pela Prefeitura de Manaus, pelo Concultura, comecei a mudar esta visão. Está aqui foi emocionante justamente por poder compartilhar, trazer a vivências indígenas, a arte indígena, e mostrar como somos tão potentes quanto qualquer outro estilo musical e que nós merecemos os holofotes também”, destacou o jovem.
Para Tony Medeiro, a primeira edição do “Orquestra na Floresta” reforça as diretrizes do Concultura de descentralizar a política cultural, valorizar a diversidade e democratizar o acesso à arte. “Estamos trabalhando para consolidar Manaus como uma cidade que promove encontros, respeita suas raízes e celebra sua pluralidade”, argumenta o presidente que tem uma trajetória de sucesso na música no Amazonas.
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