Juliana Marins - Foto: Reprodução redes sociais / Flipar

A nova autópsia realizada no corpo da brasileira Juliana Marins pelo IML após sua chegada ao Brasil, confirmou que a jovem morreu em decorrência de múltiplos traumas causados por uma queda de grande altura enquanto fazia trilha no Monte Rinjani, na Indonésia.

Segundo os peritos, Juliana sofreu lesões internas graves e morreu de hemorragia interna causada por ferimentos múltiplos em órgãos vitais. A intensidade do impacto foi descrita como de “alta energia cinética” – algo compatível com uma queda brusca. O exame ainda aponta que o tempo estimado de sobrevivência após o acidente que causou a morte foi de, no máximo, 15 minutos. O corpo passou por um processo de embalsamamento para repatriação ao Brasil, o que dificultou precisar mais detalhes como o dia do óbito.

O laudo ainda diz que a jovem brasileira passou pelo chamado estado “agonal” – um período de sofrimento físico e psicológico antes de morrer.

O “estado agonal” se refere aos sintomas dos momentos finais que antecedem a morte, caracterizados por alterações fisiológicas e sinais clínicos específicos – como alteração da frequência cardíaca e respiração. Sob grande estresse, o corpo se aproxima da parada dos sistemas vitais.

“O estado agonal é quando você já não consegue controlar pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, ritmo de respiração, por funcionamento crítico desses sensos vitais. Se nada for feito, ocorre a morte da pessoa”, explica o médico Dr. Leandro Ribeiro, diretor do hospital Catarina.

Segundo o especialista, é possível que no trauma, o sangramento intracraniano tenha levado a um aumento da pressão, gerando a falência cardiorrespiratória e circulatória. Juliana provavelmente sofreu no momento da queda com as fratura e dores, mas, ao entrar no estado agonal, possivelmente já estava inconsciente.

“Muitas vezes, no momento da agonia, as funções cerebrais superiores, responsáveis pela percepção e qualificação da dor e do sofrimento, já não existem mais nesse paciente. É feio para quem vê a respiração, a situação do paciente, mas no sofrimento no estado agonal, muito provavelmente os centros nervosos superiores já não estavam mais funcionando, só a função neurovegetativa do paciente”, detalha o médico.

Juliana Marins estava fazendo uma trilha numa região com altitude, o que pode reduzir a oxigenação do sangue em condições de exercício extremo e alimentação e hidratação pouco eficazes, que podem causar redução do nível de glicose.

“Isso pode facilitar uma redução de percepção do meio e propiciar a ocorrência de acidentes. A região era fria e o corpo sofreu também sofreu processo de conservação e depois veio para o Brasil para uma nova perícia. Quando essa morte ocorre em ambientes de baixa temperatura, pode se haver uma dificuldade de definir o momento exato da morte e, sem dúvida, a preservação do corpo também pode ter prejudicado essa segunda perícia”, diz Dr. Leandro.

Segundo o médico, a perícia fala em múltiplas faturas de crânio, de arco costal de pelve, fraturas muitas vezes caracterizadas por um intenso sangramento. “São fraturas muito sérias. Num acidente de carro, por exemplo, quando ocorre fratura pélvica, existe a necessidade de estabilização imediata da pelve para contenção do sangramento num primeiro momento”, explica.

As fraturas de costelas, segundo o especialista, podem gerar dor intensa, redução da capacidade pulmonar, contusão pulmonar e redução da troca gasosa. “Eventualmente pode até entrar ar nessa lesão, isso pode gerar um desequilíbrio da mecânica respiratória, reduzindo ainda mais a oxigenação sanguínea. Também pode haver pneumotórax hipertensivo, o que pode causar hipotensão e choque circulatório”, completa.

*Com informações de Terra