Elefantes resgatados pelo SEB - Foto: Divulgação / Santuário de Elefantes Brasil

Localizado na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, o Santuário de Elefantes Brasil (SEB) é o primeiro espaço do tipo na América Latina dedicado exclusivamente ao resgate e reabilitação de elefantes em situação de risco.

Desde 2014, o local funciona como um refúgio para animais que passaram anos em cativeiro e, muitas vezes, em condições degradantes. Recentemente, ganhou destaque pela atuação com o elefante asiático Tamy, de 55 anos, que morreu na Argentina e aguardava transferência ao Brasil.

“O Santuário de Elefantes Brasil é um projeto conduzido pelo Global Sanctuary for Elephants (GSE) e pela ElephantVoices, ambas organizações internacionais dirigidas por renomados especialistas em elefantes”, explica o biólogo Daniel Moura.

“Dentro de nossas atividades estão a busca pela preservação das espécies, o resgate e a reabilitação de elefantes, a defesa, preservação e conservação do meio ambiente, promoção do desenvolvimento sustentável, educação ambiental, voluntariado, estudos e pesquisas técnicas e científicas e projetos culturais”, acrescenta.

Quais espécies são auxiliadas?

Segundo o profissional, apenas elefantes são resgatados. No entanto, ele revela que outros animais já foram auxiliados em ações específicas com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso (SEMA-MT).

“Recebemos do órgão Estadual animais silvestres que foram resgatados de tráfico, acidentes, vitimados, etc, para reabilitação e posterior soltura na propriedade. Diversos animais já passaram pelo santuário, como antas, veados, tamanduás, corujas, araras, entre outros”, ressalta.

Equipe

Hoje, cerca de 40 profissionais compõem a equipe do SEB, entre biólogos, veterinários, gestores, tratadores e técnicos de manutenção. Sem apoio governamental, o Santuário sobrevive por meio da mobilização popular.

“O SEB é uma associação sem fins lucrativos e a maior parte da renda captada pelo santuário é por meio de doações de pessoas físicas que apoiam o trabalho realizado com os elefantes e também com os animais silvestres”, afirma Moura.

Resgate requer planejamento antecipado – Foto: Divulgação / Santuário de Elefantes Brasil

Fora as doações diretas, há uma loja virtual. Nesse formato online, existe a opção de “adoção simbólica” de elefantes resgatados pela instituição. “Literalmente, o trabalho sobrevive por meio de doações ou por meio da lojinha do SEB, na qual as pessoas contribuem com uma doação e recebem um presente”.

Primeiros resgates

Ao longo da entrevista, o biólogo lembra dos “primogênitos” resgatados pelo SEB. Tratam-se de Maia e Guida, que chegaram lá em 2016. “Maia e Guida vieram da propriedade de um circo, em MG. Estavam acorrentadas há mais de seis anos no mesmo local”, recorda.

De 2014 até hoje, o Santuário tem ampliado sua missão de oferecer uma nova chance a elefantes marcados pelos traumas do cativeiro — trocando grades e correntes pelo espaço, o tempo e o silêncio do cerrado.

Madrinha

Radialista de formação, jornalista, especialista em ciências humanas e com MBA em Gestão, Empreendedorismo e Marketing, Carol Zerbato é uma das madrinhas do Santuário dos Elefantes. Em entrevista ao Canal do Pet, ela analisa o caso Tamy.

O elefante asiático estava no ex-zoológico de Mendoza, na Argentina, e passava por um treinamento para vir ao Brasil. Em solo nacional, seria destinado ao Mato Grosso, especificamente para o SEB. Todavia, o animal morreu no dia 25 de junho, pouco antes da viagem.

“Infelizmente, a história do Tamy é mais comum do que deveria. Ser ativista em prol da reabilitação de animais selvagens que viveram muito tempo em cativeiro, privados de liberdade e sob a dominação humana, também é entender que a gente quase nunca vence. Geralmente, vence o dinheiro, vence a burocracia, vence o tempo, como foi o caso de Tamy”, pontua.

“Como foi o caso de Tyke, elefanta assassinada com mais de 80 tiros em 1994, na cidade de Honolulu, no Havaí, depois de fugir do circo onde era obrigada a se apresentar; como foi o caso de Kiska, Nagan, Narnia, Skyla, Kohana, Nakai, Ula, Ramu, Teresita, Hugo, Carla… e outros tantos que morreram sem poder ser quem nasceram para ser”, exemplifica a ativista.

Zerbato ainda destaca como a sociedade como um todo pode colaborar para diminuir os danos causados aos animais que são usados como forma de entretenimento público.

“Primeiro, não comprando ingressos para atrações e interações que envolvemanimais selvagens, como nadar com golfinhos ou andar em elefantes. Segundo, exercitando o pensamento crítico. Por último, mas não menos importante, conscientizando as próximas gerações acerca do sofrimento desses animais e sobre o quão é retrógrado, ilógico e cruel se divertir com isso”, lista.

Carol Zerbato luta pela causa animal – Foto: Divulgação / Marisa Aranha

Carol afirmou que deposita sua esperança na educação como caminho para a conscientização. Segundo ela, os avanços nos direitos dos animais tendem a ser uma consequência natural da expansão de consciência das futuras gerações. “Não só com a criação de mais santuários, mas de organizações como o Instituto Vida Livre, que trabalha na reabilitação e soltura de animais silvestres em situação de risco nas áreas urbanas do Rio de Janeiro”, finaliza.

*Com informações de IG