O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participou ontem (4), na capital paulista, de uma reunião para debater propostas voltadas ao meio ambiente e à proteção da Amazônia, criticou o “retrocesso” no país nos últimos anos.
“O país andou pra trás. As coisas retrocederam numa dimensão impossível da gente imaginar”, disse, em evento ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e ex-tucano, que agora compõe a chapa presidencial como candidato a vice de Lula.
Lula disse que, se eleito, vai fazer com que questões ambientais se transformem em política de Estado.
“A questão ambiental tem que ser vista como um modelo de desenvolvimento do país. Não é olhar uma floresta e falar, vamos derrubá-la para crescer. Não, vamos crescer com ela em pé”, falou. “Precisamos transformar isso [questões ambientais] em política de Estado.”
O ex-presidente citou ainda a intenção de promover o turismo ecológico em áreas de proteção ambiental. “Se apenas fizer demarcação e deixar lá, as pessoas vão invadir e vão cortar mesmo. Que a sociedade sinta que ela está tirando proveito daquilo”, argumentou.
“O Estado precisa assumir a responsabilidade. A fiscalização vai ter que ser mais forte e a gente vai ter que ter leis mais duras.”
Lula, a entidades ambientais
“A gente tem que ter coragem para dizer: ‘não haverá garimpo em terra indígena nesse país'”, disse, diante de aplausos. “As terras demarcadas como área de proteção ambiental terão que ser respeitadas”, completou.
Lula também falou da importância do combate ao desemprego e à fome em um apelo para a eleição de deputados identificados com essas causas nas eleições de 2022. “Precisamos fazer uma campanha ferrenha [para eleger deputados] que acreditem na melhoria da educação, do emprego e que estejam incomodadas com a fome no Brasil.”
Aceno a Marina
Durante o encontro, o ex-presidente também elogiou a gestão de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente no seu governo entre 2003 e 2008.
”Não seria possível a gente ter feito o que fez quando estávamos no governo na questão ambiental se não fosse a pressão de vocês. Acertamos nos ministros. A Marina foi uma extraordinária ministra, o [Carlos] Minc é um companheiro extraordinário e a Izabella [Teixeira], também”, afirmou se referindo aos três ministros do Meio Ambiente durante a gestão petista: Marina (2003-2008) e Minc (2008-2010), com Lula, e Izabella (2010-2016), com Dilma.
A declaração se dá na mesma semana em que a ex-petista diz estar aberta a conversas. Marina ainda se mostrava resistente com a declaração de apoio. Ela não foi ao evento em que a Rede, partido que ajudou a fundar, decidiu entrar para aliança em torno de Lula e evitava falar no assunto. Agora, o quadro mudou.
Marina rachou com o PT durante a disputa eleitoral de 2014, após as investidas das propagandas da campanha de Dilma Rousseff (PT) contra ela. Fora do segundo turno, apoiou Aécio Neves (PSDB) e cortou de vez os laços com o governo.
Após o elogio a Marina, o petista criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua gestão ambiental.
“Depois aparece um tal de [Ricardo] Salles, que ninguém sabe da onde veio, para onde foi. Um cara que achei que era até moderno, porque era todo moderninho, com óculos cor de rosa, mas o cara era um desmatador profissional, vendedor de armas”, disse Lula, sem lembrar, no entanto, que Salles foi também secretário de Alckmin.
Com informações do Uol