Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante café com jornalistas, no Palácio do Planalto - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou neste sábado, 16, ao receber o documento final da Cúpula do G20 Social, no Rio de Janeiro. Mais cedo, ele se reuniu com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, em um encontro para conversar sobre as questões do G20 de 2024.

Lula recebeu das mãos dos convidados o documento final, feito após as discussões do G20 Social. O texto contém as sugestões debatidas durante o evento entre a população e os chefes de Estado. O documento defende a “taxação de super-ricos”, e destaca que a desinformação propagada pela extrema-direita precisa ser combatida. O texto ainda cobra uma reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Durante sua fala, Lula lembrou as participações anteriores em fóruns sociais. Ele comentou sobre a criação do G20 Social e pediu que a discussão vire rotina. “O G20 tem que acontecer todo santo dia”.

“Eu já participei na África do Sul, não, participei na China e na Índia. Bem, eu só poderia inventar o fórum social do G20 aqui no Brasil. Eu não poderia dar palpite para que outro presidente fizesse no seu mandato. E eu fiquei imaginando como é que a gente ia fazer para que a sociedade em todos os países do mundo pudesse assumir o trabalho de reforçar para que as coisas acontecessem de verdade para o povo com o povo ajudando a decidir”, começou.

“O que é importante é que este é um momento histórico para mim e um momento histórico para o G20. Ao longo deste ano o grupo ganhou um terceiro pilar que se somou aos pilares político e financeiro o pilar social construído por vocês. Aqui tomou forma a expressão e a vontade coletiva motivada pela busca de um mundo mais democrático mais justo e mais diverso. De forma inédita os grupos de engajamento puderam interagir com chanceleres e com os ministros das finanças e presidentes de bancos centrais das maiores economias do planeta Terra”.

O presidente ressaltou que, desde a primeira cúpula, o G20 se consolidou como o principal fórum de cooperação econômica mundial e como importante espaço de concertação política. “Mas a economia e a política internacional não são monopólios de especialistas e nem de burocratas. Elas não estão só nos escritórios da Bolsa de Nova York ou na Bolsa de São Paulo nem só nos gabinetes de Washington, Pequim Bruxelas ou Brasília. Elas fazem parte do dia a dia de cada um de nós alargando ou estreitando as nossas possibilidades. Os membros do G20 têm o poder e a responsabilidade de fazer a diferença para muita gente”, pontuou.

“O G20 tem que acontecer todo santo dia no nosso dia a dia, porque são 733 milhões de pessoas que vão dormir toda noite sem ter o que comer”, mencionou.

Antes da fala de Lula, discursaram membros do MST, a Nobel da Paz de 2011, Tawakkul Karman, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. O presidente da África do Sul — próximo país a sediar o evento, Cyril Ramaphosa, enviou um porta-voz para fazer um discurso.

O vocalista do Coldplay dá violão de presente para Lula e Janja, no Rio de Janeiro

“Esse é o momento de discutir e proteger a paz global. Não podemos permitir as ocupações. Devemos defender e proteger a democracia. Temos que proteger as mulheres, jovens e os povos indígenas. E isso cabe aos líderes. A igualdade da humanidade é a chave para a construção da paz, e por isso é preciso diminuir a diferença entre ricos e pobres. Precisamos reformar as instituições internacionais se quisermos uma paz global”, salientou Tawakkul Karman.

“Lula, seja forte e continue com seu compromisso com a justiça social. Obrigada por condenar o genocídio cometido por Israel na Palestina. Obrigada por lutar contra o apartheid de Israel contra a Palestina”, concluiu.

Sem a presença do presidente da África do Sul, Ronald Lamola, ministro das Relações Internacionais e Cooperação da nação africana, esteve no Armazém 1, ao lado de Lula.

Sobre o G20 Social

O Brasil participa pela primeira vez do G20 Social, uma iniciativa que promove a participação da sociedade civil organizada em discussões do bloco, que reúne as maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana.

A África do Sul, que será a sede da reunião do G20 em 2025, já confirmou que repetirá a realização do G20 Social.

Desde quinta-feira, 14, foram promovidos debates com a presença de 46,8 mil inscritos, e mais de 15,1 mil pessoas credenciadas participaram do evento. Ao todo, os debates abordaram mais de 300 temas em galpões e armazéns do Boulevard Olímpico, na região portuária do Rio de Janeiro.

*Com informações de Terra