Narges Mohammadi - Foto: Reprodução / Instagram

A ativista iraniana pelos direitos das mulheres Narges Mohammadi, de 51 anos, foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2023 nesta sexta-feira (6), pouco mais de um ano após a morte da jovem Mahsa Amini, que deflagrou uma onda de protestos contra o regime dos aiatolás no Irã.

De acordo com o Comitê Norueguês do Nobel, Mohammadi foi premiada por “sua luta contra a opressão às mulheres no Irã e para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”.

“Sua luta corajosa gerou enormes custos pessoais. Ao todo, o regime a prendeu 13 vezes, a condenou cinco vezes e a sentenciou a um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas”, disse a entidade, lembrando que a ativista ainda está detida na penitenciária de Evin.

Mohammadi começou a se envolver com causas sociais ainda nos anos 1990, quando estudava física na universidade, e se destacou pela defesa dos direitos das mulheres. Em 2003, entrou para o Centro de Defesa dos Direitos Humanos, organização de Teerã fundada pela Nobel da Paz Shirin Ebadi, primeira mulher muçulmana laureada.

Em 2011, Mohammadi foi presa pela primeira vez devido a seus esforços para ajudar ativistas encarcerados e suas famílias. Nos anos seguintes, também fez campanha contra a pena de morte e o uso da tortura e da violência sexual contra prisioneiras políticas, o que lhe rendeu novas sentenças.

Já na cadeia, a ativista expressou apoio aos manifestantes que tomaram as ruas do Irã em 2022 após o assassinato de Mahsa Amini, jovem morta sob custódia da polícia da moralidade após ter sido presa por não usar o véu corretamente. Mohammadi chegou a ser proibida de receber ligações e visitas, mas conseguiu publicar um artigo no New York Times no aniversário de um ano da morte de Amini.

“Narges Mohammadi é uma mulher, defensora dos direitos humanos e combatente da liberdade. Ao atribuir-lhe o Prêmio Nobel da Paz deste ano, o Comitê Norueguês deseja homenagear a sua corajosa luta pelos direitos humanos, pela liberdade e pela democracia no Irã”, disse a instituição.

Segundo o comitê, o prêmio também “reconhece as centenas de milhares de pessoas que, ao longo do último ano, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático contra as mulheres”.

Reações

A família de Mohammadi se manifestou por meio da página da ativista no Instagram e disse que a premiação é um “momento profundo e histórico para a luta por liberdade no Irã”.

“Esse prestigioso reconhecimento serve como um testemunho duradouro do incansável trabalho cívico e pacífico de Narges Mohammadi para trazer mudança e liberdade”, acrescentou.

Já Shirin Ebadi, precursora de Mohammadi, afirmou esperar que “o regime perceba que todo o mundo está com os olhos voltados para as mulheres iranianas”. “Espero que mude a abordagem em relação ao povo, principalmente em relação às mulheres”, salientou.

O Irã é governado desde 1979 por um regime teocrático islâmico de vertente xiita, fruto da revolução que derrubou o xá Mohammad Reza Pahlavi, que era bancado pelo Ocidente.

*Com informações de IG