Maria Corina Machado é uma das principais vozes em prol da democracia na Venezuela - Foto: Matias Delacroix / World Politics Review

O Prêmio Nobel da Paz 2025 foi para a venezuelana María Corina Machado, anunciou o Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo, na manhã desta sexta-feira (10). Ela foi reconhecida “por seu trabalho incansável promovendo os direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia” .

O comitê responsável pela escolha a destacou como líder do movimento pela democracia na Venezuela, citando que María Corina é “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.

Quem é María Corina Machado

Nascida em 7 de outubro de 1967, em Caracas, na Venezuela, María Corina Machado Parisca é engenheira industrial, professora e política. Da oposição ao regime de Nicolás Maduro, Machado fundou ou participou ativamente de movimentos como o Vente Venezuela, uma organização de viés libertário, e a plataforma SoyVenezuela, que reúne diversos setores insatisfeitos com o governo.

Entre 2011 e 2014, foi deputada na Assembleia Nacional do país, onde atuava denunciando abusos internacionais. Ela teve seu mandato cassado, no que muitos consideram perseguição política.

Nas eleições venezuelanas de 2024, ela venceu com ampla maioria as primárias da oposição e tornou-se a força motriz por trás da campanha da coalizão unificada, mas foi proibida de concorrer pelo governo.

Sua luta e visibilidade internacional já lhe renderam reconhecimento anterior: em 2024, ela recebeu o Prêmio Sakharov, concedido pelo Parlamento Europeu, juntamente com Edmundo González, como sinal de apoio ao movimento democrático venezuelano.

Prêmio Nobel da Paz 2025

O principal destaque do comitê para premiar a política venezuelana foi “sua luta incansável pela paz na Venezuela e no mundo”, em prol da restauração da democracia no país. María Corina foi indicada em agosto de 2024 pela Fundação Inspira América, com apoio de reitores de universidades americanas, que destacaram sua liderança e seu compromisso em expor as supostas violações de direitos humanos do governo venezuelano.

O comitê apontou que Machado se tornou uma figura central capaz de unir uma oposição antes fragmentada na Venezuela, ao reunir diferentes grupos em torno da defesa por eleições livres e de um governo representativo e de valores que, segundo os organizadores, são a essência da democracia.

Nicolás Maduro, durante comício em Caracas – Foto: Juan Barreto / AFP

“Em um momento em que a democracia está ameaçada, é mais importante do que nunca defender esse ponto em comum” , destacou o prêmio.

Destaque da democracia

O Nobel da Paz também cita que a democracia é “uma condição prévia para uma paz duradoura, mas que vivemos um período de retrocesso democrático.

A entidade lembrou que a Venezuela mergulhou em uma crise humanitária e econômica sob um regime que chamou de “brutal e autoritário”, e que o domínio rígido e repressão à população que ocorrem no país não são únicos no mundo.

“Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem. A democracia depende de pessoas que se recusam a ficar em silêncio, que ousam dar um passo à frente apesar dos graves riscos e que nos lembram que a liberdade nunca deve ser considerada garantida, mas sempre defendida – com palavras, coragem e determinação” , afirmou o comitê.

*Com informações de IG