Donald Trump assina decretos no Salão Oval, na Casa Branca - Foto: Casa Branca / Reprodução

A Casa Branca criticou nesta sexta-feira (10) a decisão do Comitê Norueguês de conceder o Nobel da Paz de 2025 à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, e não ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A premiação frustrou a expectativa do mandatário e aliados, que fizeram uma intensa campanha ao longo do ano para ele receber a honraria.

De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Steven Cheung, o ” Comitê do Nobel provou que coloca a política acima da paz”.

“O presidente Trump continuará fazendo acordos de paz, encerrando guerras e salvando vidas. Ele tem o coração de um humanitário, e nunca haverá ninguém como ele, capaz de mover montanhas com a força de sua vontade” , declarou Cheung, em uma publicação no X.

O Comitê Norueguês justificou a escolha de Machado como um reconhecimento aos “corajosos defensores da liberdade que resistem à liderança autoritária”.

A líder opositora, que representa a frente democrática contra o regime de Nicolás Maduro, foi premiada por sua atuação em defesa das eleições livres e dos direitos humanos na Venezuela.

Em resposta ao anúncio, Machado dedicou o prêmio ao povo venezuelano e ao próprio Trump, a quem atribuiu um papel decisivo em sua causa.

“Estamos no limiar da vitória, e hoje, mais do que nunca, contamos com o presidente Trump, o povo dos EUA, os povos da América Latina e as nações democráticas do mundo como nossos principais aliados para alcançar a liberdade e a democracia”, escreveu no X. “Dedico este prêmio ao povo sofredor da Venezuela e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa”, completou.

María Corina foi indicada por secretário de Trump

Ironicamente, a indicação de María Corina ao Nobel partiu de um aliado de Trump – o secretário de Estado, Marco Rubio, apresentou o nome da ativista ao comitê no ano passado, quando ainda era senador pela Flórida.

Líder da oposição e deputada María Corina Machado com bandeira venezuelana durante protesto em frente à sede da Guarda Nacional Bolivariana em Caracas – Foto: Reprodução

Na época, ele enviou uma carta, em conjunto com outros parlamentares, afirmando que os esforços da venezuelana “incorporam os princípios que o Prêmio Nobel da Paz busca honrar”.

“A luta incansável de María Corina Machado por uma Venezuela livre e justa é uma verdadeira inspiração. Sua coragem será lembrada por muitos anos”, escreveu Rubio nas redes em agosto de 2024, ao divulgar o documento. Ele ainda não se manifestou sobre a premiação desta sexta.

Campanha frustrada gera medo de retaliação na Noruega

Ao longo do ano, Trump promoveu uma campanha intensa pelo Nobel da Paz. O mandatário deu um destaque especial às suas ações diplomáticas e ao suposto papel de mediador em conflitos internacionais, como a guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Nesta quinta-feira (9), ele anunciou um cessar-fogo e um acordo de reféns para encerrar a guerra em Gaza – segundo Trump, o feito era uma prova de que merecia o prêmio. Na Assembleia Geral da ONU, chegou a declarar que “nenhum outro líder fez tanto pela paz mundial”.

O presidente dos EUA ainda não comentou a decisão. No entanto, ele publicou três vídeos em sua conta Truth Social ainda hoje, com apoiadores comemorando o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Em Oslo, há receio de retaliação dos Estados Unidos após a frustração de Trump. A deputada Kirsti Bergsto alertou que a Noruega deve estar “preparada para qualquer coisa”, e analistas apontam possíveis reações como tarifas comerciais ou pressões sobre a contribuição do país à Otan. O Instituto Nobel reiterou que as decisões do comitê são independentes.

*Com informações de IG