No mundo inteiro, a data mais próxima da ideia do Dia dos Namorados brasileiro é o dia de São Valentim, comemorada em 14 de fevereiro, em que se expressa o amor romântico como fazemos por aqui em 12 de junho.
No entanto, nossa data para trocar presentes com o amado é no mesmo dia de Santo Onofre, que viveu 60 anos no deserto, fez voto de castidade e, diferentemente do que muitos almejam no Dia dos Namorados, nunca teve um par romântico.
O Dia dos Namorados no Brasil tem origem estritamente comercial, tendo sido criada pelo publicitário João Doria (1919-2000), pai do ex-prefeito de São Paulo, João Doria Jr.
A ideia foi incrementar as vendas do comércio, que tendem entrar em baixa nessa época do ano. Diga-se de passagem, foi um sucesso – e antecede o dia de Santo Antônio, conhecido por ser o “santo casamenteiro”.
Mas o Dia dos Namorados no Brasil é oficialmente o dia de Santo Onofre, que viveu o oposto da ideia do amor romântico.
O santo em questão, passou 60 anos de sua vida no deserto e fez voto de castidade.
Quem foi Santo Onofre? O homem de barba longa no deserto
O teólogo André dos Santos, presidente da Academia Brasileira de Hagiologia, que se dedica à área de conhecimento voltada ao estudo da vida dos santos, explica que existem poucas informações sobre a vida de Santo Onofre e poucos registros foram feitos por pelo Abade Pafúncio (um líder religioso).
“Ele costumava visitar ermitões na Tebaida, quando nos finais do século 4, ou princípios do 5, piedosamente, caminhava pelos desertos do Egito, encontrou um ser de compridíssima cabeleira, de vastíssima barba, arrastados pelo chão, um saiote de folhas apertado aos rins. Aquele velho, enrugado, queimado do sol, castigado pelas chuvas e pela sede, fez com que o Abade se distanciasse”, conta Santos.
Este era Santo Onofre – que de acordo com Santos, chamou o Abade, que não hesitou em atender.
“O santo contou sobre a sua vida: era monge em um cenóbio, mas que sentiu o chamado de Deus para viver na solidão, como anacoreta, numa gruta. Naquela realidade solitária Deus o consolava e nutria, se alimentava de tâmaras, que ali nasciam, e na falta delas, milagrosamente era alimentado por pão e água que surgiam todas as tardes”, afirma o teólogo.
A morte de Onofre, que aguardava pelo ‘confessor’ em profecia
De acordo com o teólogo, o abade ficou inquieto com aquela narrativa, e Santo Onofre afirmou que Deus o tinha enviado para que pudesse o sepultar.
“Logo após, Santo Onofre abençoou o visitante, pediu que rogasse por ele, se deitou, morreu e foi enterrado pelo bom abade. No mesmo instante a velha gruta desabou, a tamareira murchou, pendeu o verde e morreu. Retornando à cidade, Pafúncio escreveu a história de Santo Onofre e a divulgou por toda a Ásia”, aponta o presidente da Academia Brasileira de Hagiologia.
Como se tornou santo?
O teólogo explica que não existe comprovação histórica da existência de Santo Onofre.
“Todavia, o fato de sua vida ter sido escrita e divulgada pelo Abade São Pafúncio, gera credibilidade”, argumenta Santos.
“O seu processo de canonização, diferentemente dos atuais, marcados por uma elaboração sistemática, que envolve ciências históricas, teológicas, jurídicas e médicas, visando eliminar qualquer dúvida no reconhecimento e declaração da santidade, vivida através do testemunho supremo do martírio, das virtudes heroicas e da oferta da vida, foi algo mais imediato e espontâneo”, continua.
A canonização de Onofre se enquadra no que chamamos de canonização episcopal, em vigor na Igreja até o século 12 – que é quando os santos confessores tinham como promotores da sua canonização o povo, depois seguido pelo clero.
“Era a vox populi (voz do povo) que estimulava a veneração de um confessor por causa da admiração por suas virtudes e os milagres que lhe eram atribuídos. A vida santa do confessor era o fundamento de sua canonização: sua fama de santidade em vida e depois da sua morte, constituía uma verdadeira canonização”, conta Santos.
Santo Onofre tem relação com o Dia dos Namorados?
Para Santos, é possível ver uma pequena coincidência da vida do santo com o amor romântico vivido entre os namorados.
“Da mesma forma como Santo Onofre deixou tudo para seguir a Deus na solidão, os namorados deixam todas as outras opções de relacionamento para dedicar-se a pessoa amada. Santo Onofre é exemplo que quem procurou a Deus como quem vai namorar: na certeza de encontrar a pessoa amada” concluiu André dos Santos, presidente da Academia Brasileira de Hagiologia, que se dedica à área de conhecimento voltada ao estudo da vida dos santos.
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