Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, aparece em segundo lugar em algumas pesquisas (Foto: Aditya Pradana Putra / G20 Media Center / Handout via Reuters)

Erdogan é acusado de corrupção e nepotismo e pode perder a eleição considerada a mais importante do mundo este ano

A Turquia vai às urnas hoje (14), em uma eleição que vem sendo considerada a mais importante do século para o país, com reflexos internacionais. O presidente Recep Tayyip Erdogan, no poder há 20 anos, disputa novamente, mas dessa vez enfrenta uma oposição unida e com chances de vencer. O governo de Erdogan, conservador e autoritário, minou a independência entre os poderes nos últimos anos e perseguiu opositores.

O que está em jogo

Erdogan, 69 anos, está no poder na Turquia desde 2003. Este ano, enfrenta uma coalizão de seis partidos de oposição, liderada por Kemal Kilicdaroglu. A coalizão inclui partidos que vão da direita nacionalista à esquerda liberal.

Pesquisas de intenção de voto têm indicado uma possível derrota de Erdogan.

Kemal e os partidos de oposição defendem o retorno ao sistema parlamentarista. Em 2017, a Turquia fez uma reforma constitucional para adotar o presidencialismo, concentrando mais poder em torno de Erdogan.

“Estão prontos para a democracia? Para a paz reinar neste país? Eu estou. Prometo isso a vocês”, provoca o candidato Kemal Kilicdaroglu, durante a campanha eleitoral em clara tentativa demobilização popular.

O atual presidente enfrenta uma crise de popularidade. Entre os motivos, estão denúncias de nepotismo e corrupção, além de descontentamentos com a gestão do presidente sobre os terremotos de fevereiro na Turquia, que deixaram mais de 40 mil mortos.

A campanha eleitoral foi marcada por tensão e ameaças. O candidato da oposição chegou a ter que usar colete à prova de balas em reuniões de campanha;

Erdogan acusou o rival de se aliar aos Estados Unidos para derrotá-lo e defendeu o presidente russo Vladimir Putin. Já Kemal acusou cidadãos russos de espalharem deepfakes e desinformação para tentar influenciar a eleição turca.

Mas Erdogan prometeu, na última sexta-feira (12), respeitar o resultado das eleições presidencial e legislativas.

“Chegamos ao poder pela via democrática, com o apoio do nosso povo. Se nossa nação tomar uma decisão diferente, faremos o que a democracia exige”, garante Ergodan.

Erdogan, visivelmente irritado, em entrevista transmitida pela televisão turca em 12 de maio.
Mais de 60 milhões de eleitores são esperados neste domingo. Se nenhum dos candidatos a presidente conseguir a maioria de votos, um segundo turno deverá acontecer no dia 28 de maio.

A revista The Economist classificou a eleição turca como “a mais importante do ano” em todo o mundo. “A derrota de Erdogan teria consequências globais e mostraria aos democratas que homens fortes podem ser combatidos”, escreveu em editorial no início de maio.

Com informações do Uol