Mortes por câncer do 11 de Setembro já superam as do atentado - Foto: Reprodução / X

Mesmo mais de duas décadas após os atentados de 11 de setembro de 2001, os impactos da tragédia ainda se fazem sentir de forma dramática. De acordo com dados do Programa de Saúde do World Trade Center (WTC), divulgados pelo jornal New York Post, as mortes por câncer associadas à exposição às toxinas liberadas naquele dia já superam o número de vítimas fatais do ataque terrorista.

Até março deste ano, foram registradas 3.767 mortes ligadas à doença, contra 2.977 óbitos no próprio 11 de setembro. Os casos estão diretamente relacionados à poeira tóxica que tomou conta de Manhattan após a queda das torres e também ao trabalho realizado no aterro Fresh Kills, em Staten Island, para onde toneladas de escombros foram levadas.

Segundo o Programa de Saúde, os destroços continham uma mistura perigosa de amianto, metais pesados, compostos orgânicos voláteis e outros agentes cancerígenos. Muitos socorristas e trabalhadores que atuaram no local, sem equipamentos de proteção adequados, foram expostos às substâncias enquanto removiam entulhos e buscavam restos humanos e materiais de investigação.

Esse contato prolongado resultou em milhares de diagnósticos. Até março, 48.579 pessoas (entre sobreviventes e profissionais envolvidos no resgate) já haviam desenvolvido algum tipo de câncer, sendo os mais comuns os de pele, próstata, mama, pulmão, rim, bexiga, além de linfomas, leucemias, melanomas e tumores de tireoide.

Nos últimos cinco anos, houve um salto de 143% nos diagnósticos, fenômeno que especialistas atribuem, em parte, ao envelhecimento da população exposta, hoje com idades entre 50 e 60 anos.

“Sabemos que essa população está envelhecendo, então é esperado que os casos de câncer aumentem” , explicou ao Post Steven Markowitz, professor de medicina ocupacional no Queens College.

Histórias individuais dão rosto à estatística. O policial aposentado John DeVito, de 53 anos, trabalhou sem proteção no Marco Zero e em Fresh Kills. Em 2020, foi diagnosticado com câncer de esôfago, passou por quimioterapia e precisou retirar parte do estômago e do esôfago.

“Todos disseram que estava seguro” , contou. Já Glenn Taraquinio, também policial aposentado, de 62 anos, atuou na remoção de escombros e recebeu diagnóstico de câncer de próstata no mesmo ano.

O Programa de Saúde do WTC, responsável por acompanhar mais de 137 mil pessoas, enfrenta hoje incertezas financeiras. Em 2024, o Congresso norte-americano deixou de incluir recursos para a iniciativa no orçamento federal, ameaçando sua continuidade.

A procura, no entanto, cresce: só no ano passado, mais de 10 mil novos participantes se inscreveram. Até março de 2025, 8.215 pessoas cadastradas haviam morrido, sendo 5.844 delas socorristas que atuaram diretamente após os ataques.

*Com informações de IG