O cantor e compositor Juca Chaves se notabilizou pela ironia genial nas canções que ironizavam o período negro da ditadura militar no Brasil (Foto: Denise Andrade / Estadão)

Músico estava internado no hospital São Rafael, em Salvador, onde faleceu em decorrência de problemas respiratórios; corpo será cremado ainda hoje

O músico e humorista Juca Chaves morreu, na noite de ontem (26), em Salvador, onde estava internado no hospital São Rafael. Ele estava com 84 anos e faleceu em decorrência de problemas respiratórios. O corpo será cremado hoje, na capital baiana.

Jurandyr Czaczkes Chaves, mais conhecido como Juca Chaves, nasceu no Rio de Janeiro em 1938, e se consagrou como compositor de músicas cujas letras traziam irônicas metáforas especialmente contra a ditadura militar brasileira (1964-1985)

Em trecho da música Quantos Somos, por exemplo, ele diz: “Diplomatas, militares, deputados, vereadores / ministros e senadores, imprensa, parlamentares / 5 mil e cento e dez os Barnabés do Brasil / O quanto resta é o quanto presta / Sem Sarney 90 mil.”

Ele também foi crítico da grande imprensa e do próprio mercado fonográfico. Chegou a ser exilado em Portugal na década de 1970, mas, ao incomodar o regime então ditatorial desse país com suas sátiras que então ganhavam espaço nas rádios e televisão locais, transferiu-se para a Itália.

Dentre suas canções mais conhecidas estão Caixinha, Obrigado, A Cúmplice, Menina, Que Saudade, Por Quem Sonha Ana Maria (interpretada no filme Marido de Mulher Boa de 1960) e Presidente Bossa Nova, essa em homenagem a Juscelino Kubitschek, que presidiu o País entre 1956 e 1961.

Juca também era um notório torcedor do São Paulo Futebol Clube e, em 2006, lançou-se candidato a senador na Bahia pelo PSDC, ficando em 4º lugar, com 19.603 votos. Fez campanha em formato de poesia, o que os distinguia dos outros candidatos

Com informações do Estadão