(Foto: Foto: Marcelo Camargo / Agência O Globo)

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes autorizou a PF (Polícia Federal) a colher hoje o depoimento do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. A data precisou ser remarcada porque o advogado de Weintraub estava em fase final de recuperação da covid-19. O motivo para o depoimento são as afirmações feitas por Weintraub durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

Diante do exposto, autorizo o reagendamento solicitado pela Polícia Federal, e determino que a oitiva de Abraham Weintraub ocorra no dia 4/2/2022. Comunique-se à autoridade policial, com urgência. Trecho da decisão de Moraes

A decisão do ministro do STF foi no âmbito do inquérito das fake news, que apura ameaças contra integrantes da Corte. Para o ministro Alexandre de Moraes, em uma primeira análise, é possível constatar que as condutas do ex-ministro da Educação se assemelham às investigadas no âmbito do inquérito que investiga notícias fraudulentas, ameaças e outros ataques ao STF e a seus ministros.

Além disso, Moraes determinou que o YouTube disponibilize “a íntegra do material relacionado à entrevista” e que o processo seja encaminhado à PGR (Procuradoria-Geral da República) para manifestação sobre o caso.

Moraes abriu o procedimento em janeiro, depois que Weintraub acusou um dos ministros da Corte de parcialidade, sem dizer nomes ou apresentar provas, durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda..

Na gravação, ele diz que “esse juiz” estava procurando um imóvel no mesmo lugar em que ele mora. Ele teria visto a casa do ex-ministro e perguntado a um interlocutor de quem era. Ao saber que era o ex-ministro da Educação, questionou se a propriedade estaria à venda.

Pergunta para ele se não quer vender para mim, já que não vai voltar mais para o Brasil (…) Esse juiz me negou habeas corpus, foi um dos dez que me negou habeas corpus. Abraham Weintraub

Em junho do ano passado, o STF decidiu, por 9 votos a 1, rejeitar um habeas corpus e manter Weintraub no inquérito das fake news. Na ocasião, votaram com a maioria os ministros Luiz Fux, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Celso de Mello, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, José Antônio Dias Toffoli e o relator, Edson Fachin.

O pedido veio após Weintraub ter sido chamado a prestar esclarecimentos sobre as declarações contra o STF na reunião ministerial de 22 de abril daquele ano. Na ocasião, Weintraub disse: “Botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.

Pouco depois, o ex-ministro deixou o país e foi para os Estados Unidos, onde trabalhou como diretor no conselho administrativo do Banco Mundial por indicação do governo de Bolsonaro. Ele retornou no começo deste ano e planeja se candidatar ao governo de São Paulo.

Retornou ao Brasil agora no início do ano para se tornar pré-candidato ao governo de São Paulo e turbinar a sua campanha eleitoral.

*Com UOL