Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), Lula e André Fufua (PP-MA) no dia da posse dos dois parlamentares nos ministérios do Esporte e de Portos e Aeroportos, respectivamente - Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação (Presidência da Republica)

A saída dos ministros do Esporte, André Fufuca (PP-MA), e do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), já é dada como certa entre aliados e membros do governo, mas só deve ser acertada após conversa com o presidente Lula (PT).

A Federação PP e União Brasil decidiu ontem que todos os filiados devem entregar os cargos. Os ministros terão até 30 de setembro para deixar a Esplanada e, em caso de descumprimento, haverá afastamento ou até expulsão do partido.

Integrantes do União Brasil e do PP afirmam que Fufuca e Sabino vinham resistindo a isso. Pressionados há um tempo pelos respectivos presidentes partidários, havia uma esperança de que conseguissem levar a situação até o início do ano que vem, quando a descompatibilização é obrigatória para quem quer concorrer a outro cargo.

Aliados de Fufuca disseram que o ministro considera a saída do partido um “erro”. Em nota, a assessoria do ministro negou a saída e disse que ele “cumpre rigorosamente a sua agenda institucional e segue despachando normalmente em seu gabinete, no Ministério do Esporte”.

Mesmo contrariados, eles devem seguir a determinação. Apesar de não quererem rachar com Lula, a leitura de aliados é que os laços locais e nacionais partidariamente vão falar mais alto na decisão e que seriam mais fáceis do que procurar uma nova legenda e construir um novo grupo político.

Fufuca está mirando uma das duas cadeiras do Senado pelo Maranhão. O ministro contava com o apoio de Lula na eleição do ano que vem em um estado em que ele é popular. O presidente, por sua vez, quer o maior número de pessoas em seu palanque para a reeleição —mesmo que não tenha o apoio do partido como um todo, como deverá ser o caso do PP e do União.

Paraense, Sabino passa por situação semelhante. Além de também ter como positivo um apoio do presidente nas eleições do ano que vem —mesmo que ele não esteja com o governador Helder Barbalho (MDB), aliado de Lula—, ele é ainda um dos ministros mais participativos para a COP30, a ser realizada em Belém em novembro.

Líder do União Brasil na Câmara ficou preocupado com o impacto do desembarque no Maranhão. O estado é considerado um reduto lulista, e Pedro Lucas Fernandes confessou a aliados que a notícia da saída do governo já gerou cobrança de seus eleitores.

Planalto aguarda informe, mas avisa que desembarque é completo

Nenhum dos dois ainda conversou com Lula. O presidente estava voltando de São Paulo, onde foi para o velório do jornalista Mino Carta, quando o anúncio foi feito e pousou na capital federal no começo da noite.

A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, deixou os destinos em aberto. Pouco depois do anúncio, ela disse respeitar a decisão, mas enfatizou que “ninguém é obrigado a ficar no governo” e que não estão “pedindo para ninguém sair”.

O recado do Planalto é que o desembarque tem de ser completo, o que inclui estatais. O argumento é que seria “fácil” para os partidos entregar ministérios como Esporte e Turismo, que estão longe dos maiores orçamentos da Esplanada, mas a figura muda com outras indicações.

O PP é responsável hoje pelas indicações na Caixa. O presidente Carlos Vieira assumiu em novembro de 2023 em negociação direta com o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o partido ganhou relevância no principal financiador de grandes obras sociais e públicas, como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.

Já o União tem influência em estatais relevantes. Hoje, são da “cota” do partido os Correios e a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), por exemplo, que atende mais da metade dos municípios brasileiros.

Indicações do presidente do Senado não devem ser prejudicadas. Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) apadrinhou os ministros das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, e da Integração Nacional, Waldez Góes.

Tarcísio e anistia entraram na conta do desembarque

União Brasil e PP decidiram apoiar o projeto da anistia. Os partidos defendem uma anistia geral para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA), defendeu que o perdão também inclua o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desembarque foi antecipado para chancelar Tarcísio de Freitas na disputa ao Planalto. Parlamentares da Federação UP afirmaram que, com o apoio à anistia, os partidos esperam que Bolsonaro indique o governador de São Paulo como seu sucessor na corrida presidencial. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse acreditar que o ex-presidente deve transferir seu capital político após o julgamento no STF.

Presidente da Câmara retomou discussão com líderes sobre projeto. Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou que está avaliando o tema e que cresceu a cobrança das lideranças.

“Os líderes estão cobrando, estamos avaliando, vamos conversar mais. Aumentou o número de líderes pedindo.” afirmou Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados.

Líderes do centrão avaliam que a proposta deve ser pautada após o julgamento. A votação dependerá do texto apresentado e clima na Casa após a decisão sobre a possível condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe.

*Com informações de Uol