
Favorito à cadeira de número 6, deixada pelo jornalista Cícero Sandroni (1935-2025) em junho deste ano, o escritor amazonense Milton Hatoum foi eleito na tarde desta quinta-feira (14/8) para a Academia Brasileira de Letras.
A eleição ocorre cinco dias antes do aniversário de 73 anos de Hatoum, considerado um dos maiores romancistas brasileiros. Além dele, concorreram Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Antônio Campos, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia.
Filho de imigrantes libaneses, Hatoum tem sua literatura marcada por histórias familiares. Seu avô paterno chegou ao Brasil em 1904, fixando-se inicialmente em Rio Branco antes de retornar ao Líbano nove anos depois. Influenciado pelas narrativas sobre a região, seu pai, Hassan Hatoum, decidiu conhecer a Amazônia, onde se casou com a mãe de Milton, Naha Assi Hatoum, também descendente de libaneses.
Quais são os livros de Milton Hatoum?
Hatoum é autor de romances premiados como “Relato de um certo oriente”, “Dois irmãos” e “Cinzas do norte” – todos vencedores do Prêmio Jabuti -, além de “Órfãos do Eldorado”, “A noite da espera” e “Pontos de fuga”.
Tem ainda coletâneas de crônicas, “Sete crônicas”, publicada pela editora mineira Literíssima, e a coletânea de contos “Cidade ilhada”, da Companhia das Letras, editora que também publica todos os seus romances. “Dois irmãos” ganhou adaptação para minissérie na Globoplay, narrando a rivalidade entre os gêmeos Omar e Yaqub, interpretados por Cauã Reymond e Matheus Abreu.
O escritor passou a infância e juventude em Manaus, onde desenvolveu um gosto precoce pela leitura, incentivado principalmente pela escola. Ainda adolescente, leu obras de Graciliano Ramos, Machado de Assis e Jorge Amado. Aos 15 anos, mudou-se para Brasília, onde começou a escrever poesia e publicou seu primeiro poema no Correio Braziliense, em 1969.
No ano seguinte, foi para São Paulo estudar Arquitetura na USP, frequentando também cursos de literatura e teoria literária. A decisão de se dedicar à ficção veio mais tarde, aos 27 anos, após deixar o Brasil com uma bolsa de estudos e aprofundar-se nos clássicos da literatura mundial.
Adaptação no cinema
Seu primeiro romance, “Relato de um certo oriente”, foi concebido na Espanha e publicado em 1989 pela Companhia das Letras, após nove anos de trabalho. No ano passado, o livro ganhou adaptação cinematográfica dirigida por Marcelo Gomes, com os atores de origem libanesa Wafa’a Celine Halawi, Charbel Kamel e Zakaria Kaakour.
Atualmente radicado em São Paulo, Hatoum foi o primeiro a enviar a carta oficializando sua candidatura à cadeira de número 6.
O ano de 2025 tem sido movimentado na ABL, com cinco eleições realizadas até agora. Em 10 de julho, a mineira Ana Maria Gonçalves, autora de “Um defeito de cor”, tornou-se a primeira mulher negra a integrar a instituição.
Já a jornalista Míriam Leitão tomou posse no último dia 9, destacando em seu discurso a importância da inclusão, da presença feminina na literatura e da diversidade representada pela Academia. Ainda neste ano, José Roberto de Castro Neves e Paulo Henriques Britto também passaram a integrar a ABL.
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Veja quem são os imortais da Academia Brasileira de Letras:
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Ana Maria Machado
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Eduardo Giannetti da Fonseca
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Joaquim Falcão
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Carlos Nejar
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Ailton Krenak
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Milton Hatoum
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Míriam Leitão
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Ricardo Stavola Cavaliere
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Lilia Schwarcz
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Rosiska Darcy de Oliveira
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Ignácio de Loyola Brandão
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Paulo Niemeyer Filho
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Ruy Castro
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Celso Lafer
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Marco Lucchesi
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Jorge Caldeira
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Fernanda Montenegro
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Arnaldo Niskier
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Antonio Carlos Secchin
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Gilberto Gil
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Paulo Coelho
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João Almino
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Antônio Torres
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Geraldo Carneiro
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Alberto Venancio Filho
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José Roberto de Castro Neves
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Edgard Telles Ribeiro
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Domício Proença Filho
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Geraldo Holanda Cavalcanti
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Merval Pereira
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Zuenir Ventura
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Evaldo Cabral de Mello
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Godofredo de Oliveira Neto
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Fernando Henrique Cardoso
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Arno Wehling
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José Sarney
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José Paulo Cavalcanti
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Edmar Lisboa Bacha