Ministro brasileiro Mauro Vieira, argentino Gerardo Werthein, uruguaio Omar Paganini, boliviana Celinda Sosa Lunda e Paraguaio Ruben Ramirez Lezcano - Foto: Martin Varela Umpierrez / Reuters

O chanceler do Uruguai, Omar Paganini, afirmou que todos os países do Mercosul concordaram sobre o texto de acordo de livre comércio com a União Europeia. Ele concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira (5).

A confirmação oficial será nesta sexta-feira (6), afirmou Paganini. ”Se repassaram todos os temas que ocorreram no semestre. Tanto na agenda interna do Mercosul como na externa”, disse, após Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC) em Montevidéu.

“Se destaca que todos os países se pronunciam a favor do acordo que foi recebido pela União Europeia a respeito do texto para o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia” afirmou Omar Paganini.

O acordo prevê a maior parceria comercial e de investimentos do mundo. O pacto, no entanto, enfrenta dificuldades para ser ratificado do lado europeu.

O chanceler também expressou o desejo do Uruguai de flexibilidade em relação a acordos comerciais fora do bloco ou em conjunto. Segundo ele, países precisam se ”abrir para o mundo”. ”Podemos negociar bilateralmente ou pluriteralmente, ou em bloco. Essa é a posição que o Uruguai tem mantido nos últimos cinco anos”.

“Objetivo do acordo à vista”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Ela desembarcou no Uruguai nesta quinta (5), onde terá uma reunião com o presidente do país, Luis Lacalle Pou, para debater o acordo comercial. ”Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas. A maior parceria comercial e de investimento que o mundo já viu. Ambas as regiões serão beneficiadas”, escreveu nas redes sociais.

Acordo é ‘inaceitável’ para o presidente da França, Emmanuel Macron. Ele afirmou ter mandado um recado para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de que seu país não aceitará o pacto da forma que está sendo proposto. “Continuaremos a defender incansavelmente nossa soberania agrícola”, disse a presidência francesa nas redes sociais.

Expectativa de acordo da UE com Mercosul gerou protestos na Europa

Agricultores franceses fizeram ondas de protesto para tentar barrar o acordo. Grupos afirmavam que temiam “concorrência desleal”, se opondo à importação de produtos agropecuários sem a cobrança de impostos.

Carrefour barrou compra de carne sul-americana em apoio a agricultores e gerou crise. Companhia francesa alegou “o desânimo e a raiva dos agricultores face ao acordo de livre-comércio proposto entre a União Europeia e o Mercosul”. Frigoríficos brasileiros reagiram boicotando o fornecimento para lojas da rede no Brasil e a companhia voltou atrás, se retratando e afirmando “lamentar profundamente” a situação.

Diante dos protestos na França, o presidente Emmanuel Macron tenta reforçar o compromisso com a agricultura francesa. “Uma semana na América do Sul para defender a nossa agricultura, agir pelo clima e lutar contra as desigualdades, mobilizar-se pela paz e segurança para todos”, escreveu no X, antigo Twitter, após a participação no G20.

Atualmente, a França e a Polônia, os países mais populoso que se opõem ao acordo, não têm votos suficientes para barrar a aprovação no conselho. As duas nações tentam convencer a Itália a mudar de lado, o que poderia inverter a correlação de Forças na deliberação.

*Com informações de Uol