(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil)

Marina Silva (Rede) reassume o Ministério do Meio Ambiente na tarde de hoje (4), em Brasília, 15 anos depois de ter rachado com o PT. Ela tem a missão de recuperar uma das áreas mais preteridas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na gestão passada, o ex-ministro Ricardo Salles ficou conhecido por querer “deixar passar a boiada”, com a intenção de afrouxar regras de preservação ambiental durante a pandemia —em sintonia com o presidente Lula (PT), o objetivo da bióloga à frente da pasta é fazer exatamente o oposto.

Marina terá muito trabalho para assumir o ministério após Bolsonaro. O ex-presidente deixou um legado de desmontes e aparelhamento de órgãos considerados cruciais para o desenvolvimento do país, muitos na área ambiental.

Durante seu mandato, o desmatamento na região da Amazônia e no cerrado atingiram sucessivos recordes mensais e foi intensificado no final do mandato, como apontou o relatório final do governo de transição sobre o meio ambiente, grupo que Marina ajudou a coordenar.

”Houve aumento de 60% do desmatamento na Amazônia durante o governo Bolsonaro, a maior alta percentual que já ocorreu em um mandato presidencial, desde o início das medições por satélite, em 1988″, revela o relatório final do governo de transição.

Ao longo do seu governo, Bolsonaro deu declarações atacando órgãos de preservação ambiental, como Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), tirando de ambos os controles sobre proteção da Amazônia.

Dois nomes são cotados, embora ainda não confirmados, para assumir essas pastas:

Deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) no Ibama. Ele é ativista ambiental e advogado e foi presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados (2019/2020), em oposição a Bolsonaro.

Ex-deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) no ICMBio. Também advogado e ambientalista, ajudou a fundar a Rede com Marina em 2015.

Respeitada internacionalmente, ela também foi perseguida pela gestão Bolsonaro. Em 2020, Marina teve o nome retirado da lista de personalidades negras da Fundação Palmares. O então presidente da entidade, Sérgio Camargo, afirmou que a decisão foi tomada pelo fato de Marina, segundo ele, não ter “contribuição relevante para a população negra do Brasil”.

Nesta semana, em Brasília, Marina foi defendida por populares, após ser ofendida por uma bolsonarista em um restaurante.

Quem é Marina Silva

• Deputada federal eleita pela Rede com 237 mil votos por São Paulo em 2022
• Candidata à Presidência da República em 2010 (PV), 2014 (PSB) e 2018 (Rede)
• Ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008
• Senadora pelo PT do Acre entre 1995 e 2011

Ministra de Lula por cinco anos, ela afastou-se do partido que ajudou a construir no Acre após deixar o ministério por divergências com a área mais desenvolvimentista do governo e foi para o PV, por onde concorreu à Presidência da República em 2010.

A ex-ministra rachou definitivamente com o PT durante a disputa eleitoral de 2014 após as investidas das propagandas da campanha de Dilma Rousseff (PT) contra ela. Fora do segundo turno, apoiou Aécio Neves (PSDB) e cortou os laços com o antigo grupo.

Sete anos após fundar a Rede, ela voltou a se aproximar de Lula durante a campanha eleitoral do ano passado, na esteira da composição de uma frente ampla para derrotar Bolsonaro, a quem chamou de “ameaça das ameaças”.

Antes mesmo da posse, ela acompanhou o presidente na Cúpula do Meio Ambiente (COP-27) já dando sinais de que iria voltar ao comando da pasta.

Com informações do Uol