O candidato José Luiz Datena (PSDB) afirmou no debate RedeTV!/UOL, nesta terça-feira (17), que “não bate em covarde duas vezes”, ao se referir à agressão contra Pablo Marçal (PRTB) no debate do domingo (15), na TV Cultura.
Datena disse que se arrepende de ter agredido Marçal com uma cadeira. “O jeito de falar com bandido condenado, ladrão de velhinho virtual, é a Justiça. Não tem outro caminho. Essa é a realidade. Você vai responder na Justiça pelas injúrias que você dirigiu a mim. Você pode me provocar da forma que você quiser, que eu não vou partir pra agressão com você porque eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só. Eu não vou fazer isso. Muitos juristas já consideraram como legitima defesa da honra o que você fez contra mim.”
O tucano disse que estava disposto a conversar. “Meu pai me ensinou que eu teria que honrar minha família até a morte. Estou disposto a conversar.”
O apresentador disse que esperava que “o respeito pela democracia” pautasse o debate. “Podem ter certeza que não tenho hábito de falar politicamente, mas sou um cara sincero.”
O candidato do PRTB disse que a agressão de Datena foi uma “tentativa de homicídio”. “Um comportamento análogo ao de um orangotango, tiveram que parafusar as cadeiras”, disse ao final do debate. Contudo, segundo o hospital Sírio Libanês, ele teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito “sem maiores complicações associadas”.
Ao final do debate, Marçal disse que a postura dele “foi nobre”. “Foi o melhor debate até hoje. É hora de testar as pessoas para ver como elas são”, disse.
Cadeirada de Datena em Marçal
Datena se aproximou do púlpito de Marçal e bateu nele com uma cadeira no debate da TV Cultura. Marçal se defendeu com os braços. Seguranças entraram no palco e a emissora chamou o intervalo, exibindo imagens de programas antigos da emissora.
Antes da agressão, Marçal disse que Datena “não era homem” para bater nele e o chamou de “arregão”. O ex-coach estava fazendo referência ao debate da TV Gazeta/My News, em 1º de setembro, quando Datena deixou seu lugar no palco e foi em direção a Marçal. A mediadora do debate, Denise Campos de Toledo, chegou a chamar os seguranças, mas Datena retornou ao local onde estava posicionado, sendo advertido.
Após dar a cadeirada em Marçal, Datena pegou uma segunda cadeira, mas não jogou. Foi contido por seguranças e por Ricardo Nunes (MDB) — dono da segunda cadeira. Enquanto isso, Marçal estava em pé, com seguranças a sua frente. Imagens gravadas de dentro do estúdio indicam que Datena e Marçal continuaram batendo boca depois da agressão.
A agressão ocorreu no quarto bloco, mas a tensão entre Datena e Marçal começou antes, no segundo bloco, quando Marçal afirmou que Datena assediou uma mulher. Datena foi sorteado para fazer uma pergunta para Marçal, mas disse que preferiu se reservar “o direito de não perguntar nada a Marçal, porque até agora ele subverteu toda perspectiva desses debates”.
No seu tempo de resposta, Marçal chamou o apresentador de “Dapena” e acusou o apresentador de um caso de assédio sexual. Marçal disse que ele deveria pedir perdão às mulheres. “Eu quero saber se você tocou na vagina dela como é que foi essa questão de assédio sexual”.
Datena se disse inocente, falou que caso foi arquivado e acrescentou que esse foi um tema que gerou “grande problema” para a família dele. “Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas.”
‘Um dos momentos mais absurdos da TV brasileira’
A TV Cultura expulsou Datena do debate após a agressão, conforme previsto nas regras. O debate então continuou a ser transmitido ao vivo com os demais candidatos: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo). O apresentador Leão Serva afirmou que antes da agressão, Datena havia cometido outras falhas graves, ao usar duas palavras de baixo calão.
O apresentador Serva disse que foi “um dos momentos mais absurdos da TV brasileira, certamente dos debates”.
Já fora do debate, Datena deu entrevista, reconheceu que perdeu a cabeça e disse que a agressão foi uma “reação humana”. Em conversa com jornalistas na saída da TV Cultura, o candidato do PSDB justificou que reagiu às acusações feitas por Marçal.
O tucano disse que pretende manter a candidatura até o fim, apesar do episódio. “Eu pretendo me manter candidato até o fim. Depende do partido, depende de todo mundo. Pretendo continuar como candidato”, declarou.
“Você é um arregão. Você atravessou o debate [da TV Gazeta em 1º de setembro] esses dias pra me dar um tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem pra fazer isso. Você não é homem.” disse Pablo Marçal, imediatamente antes da cadeirada
“Infelizmente, eu perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não. Poderia ter simplesmente deixado o debate e ido embora pra casa, que teria sido melhor.” afirmou José Luiz Datena, candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB.
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