Uma torcedora do Irã é fotografada dentro do estádio no Qatar manifestando repúdio à morte de Mahsa Amini (Foto: Dylan Martinez / Reuters)

“As mesmas pessoas que criaram a polícia da moralidade a desmantelaram”, anunciou laconicamente o procurador-geral do país, Hojatolislam Mohammad Jafar Montazari.

Nos últimos anos, a ação desta polícia moral, fundada em 2005, foi fortemente criticada por suas prisões violentas contra jovens mulheres que não se vestiam adequadamente aos costumes do país, principalmente ao que diz respeito ao porte do véu islâmico.

O surgimento de uma conotação política e uma violenta repressão também marcaram essas manifestações que abalaram esta república islâmica, ganhando visibilidade e movimentos de apoio em diversos países do mundo.

O Ministério do Interior iraniano informou ontem (3), que tiveram mais de 300 mortes desde o início das manifestações, entre membros das forças de segurança, manifestantes, além de membros de grupos armados qualificados como contrarrevolucionários.

Nova lei para o véu islâmico

O procurador-geral também anunciou que o parlamento e outro órgão competente, liderado pelo presidente Ebrahim Raissi, estariam avaliando uma modificação da lei sobre a obrigatoriedade do uso do véu islâmico, sem especificar, no entanto, em que sentido o texto será alterado. O resultado será divulgado em 15 dias.

De acordo com um deputado, a polícia poderia evitar as detenções ao aplicar multas pelo desrespeito ao uso do véu. Desde o início dos protestos, a presença nas ruas de mulheres iranianas, especialmente jovens, sem o véu e que não são abordadas pela polícia tem se tornado cada vez mais frequente.

Mais que isso, desde então algumas mulheres têm sido vistas em público portando calças e jaquetas, e já não se propõem a se quer usar lenços simples cobrindo a cabeça para evitar problemas com a polícia.

Os anúncios foram feitos pelo governo três dias após a chamada para novas greves e manifestações previstas para começar a partir de amanhã (5). Essas convocações foram compartilhadas nas redes sociais por ativistas e grupos desconhecidos. Em alguns casos, os manifestantes eram motivados a se armarem e a atacarem centros estratégicos de poder.

Com informações do G1