Protesto de ativistas na COP29 neste sábado (23) cobra maiores recursos de países ricos para o financiamento climático nas nações emergentes - Foto: Aziz Karimov / Reuters

Mais de 300 ONGs pediram neste sábado (23) que os países em desenvolvimento abandonem a COP29, conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas) que acontece em Baku, no Azerbaijão, se os países ricos não aumentarem sua proposta para o financiamento da adaptação às mudanças climáticas. O esboço de decisão divulgado na sexta (22) é visto pelo grupo de ONGs como inaceitável.

A cúpula sobre mudanças climáticas entrou oficialmente em prorrogação na sexta-feira à tarde, após 12 dias de negociações que não chegaram a um consenso. A plenária final do evento foi agendada para o meio-dia (horário de Brasília; 19h em Baku) deste sábado, mas o resultado ainda é incerto.

As negociações continuaram na madrugada deste sábado após a proposta dos países ricos de aumentar sua contribuição anual de US$ 100 bilhões (pactuada para até 2025) para US$ 250 bilhões ser considerada insuficiente por ONGs e países em desenvolvimento.

Segundo negociadores ouvidos pela AFP, a Europa está disposta a elevar a proposta para US$ 300 bilhões, sob condição de alterar outros pontos no texto. O valor foi citado pelo Brasil nesta sexta como uma contraproposta apoiada pelo Itamaraty.

“Se nada suficientemente contundente for proposto nesta COP, convidamos vocês a deixar a mesa [de negociações] para lutar outro dia e nós nos envolveremos na mesma luta”, escrevem 335 organizações em uma carta dirigida à aliança G77+China, que agrupa 134 países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, e o gigante asiático.

“Apoiamos de todo coração a rejeição ao texto de negociação atual. Este texto é absolutamente inaceitável e permite que os países desenvolvidos evitem completamente suas obrigações em matéria de financiamento da luta contra as mudanças climáticas para os países em desenvolvimento”, avaliam as ONGs.

“Insistimos: é melhor não ter um acordo em Baku do que um acordo ruim, e é um acordo muito, muito ruim devido à intransigência dos países desenvolvidos”, reforçam.

O comissário europeu para o clima, Wopke Hoekstra, disse neste sábado em Baku que é “incerto” que as negociações sejam concluídas com sucesso.

Mukhtar Babayev discursa na abertura da COP29 — Foto: Maxim Shemetov / Reuters

“Estamos fazendo tudo o que podemos para construir pontes em todos os eixos e tornar isso um sucesso. Mas é incerto se teremos sucesso”, disse Hoekstra a repórteres.

Representantes da Rede Ação Clima, Man on War e Campanha Global para Exigir Justiça Climática (DCJ, na sigla em inglês) também enviaram uma carta assinada por 156 organizações aos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Japão e outros países desenvolvidos.

“Estamos profundamente indignados com o papel destrutivo que desempenharam na criação de um projeto de texto de negociação (…) absolutamente inaceitável neste último dia da COP29”, indica a missiva.

As ONGs pedem a esses países que “em vez de fugir de suas responsabilidades legais”, “tomem a iniciativa de abandonar as energias fósseis e fornecer fundos e tecnologias aos países em desenvolvimento”.

“Se esta COP terminar com um resultado fraco ou inexistente, vocês serão os culpados”, escrevem.

*Com informações de Folha de São Paulo