Pesquisa do Instituto Locomotiva foi apresentada durante o Fórum Empreendedorismo e Geração de Renda, do Sebrae
“Muitos trabalhadores de saco cheio do patrão resolveram empreender”, comentou Renato Meireles, presidente do Instituto Locomotiva, ao apresentar os dados do Mapeamento Panorama dos Negócios das Comunidades Periféricas do Estado de São Paulo. A apresentação fez parte do Fórum Empreendedorismo e Geração de Renda, evento oferecido pelo Sebrae.
O estudo do Instituto Locomotiva mostra desafios e diagnósticos sobre o perfil do empreendedor. Ser o próprio chefe é a vantagem mais apontada pelos empreendedores (62%) para começar o próprio negócio, apontou a pesquisa.
Entre os desafios, o mais lembrado pelos entrevistados (48%) foi não ter uma renda fixa mensal. Separar as contas pessoais das do negócio é um desafio para 36%. De acordo com Meireles, essa é uma dificuldade principalmente para quem tem um negócio como única fonte de renda: “Isso não será superado apenas com educação, mas com o crescimento do negócio”, afirmou.
Um dado impressionante é que 84% dos empreendedores são desbancarizados, e apenas 18% têm conta jurídica. Meireles comenta que os bancos precisam facilitar o processo de abertura de conta PJ para empreendedores.
Diversidade tem de ser empoderada nos negócios
O evento também contou com o painel Empreendedorismo e Geração de Renda na Favela/Periferia, com Renato Meirelles e Luiz Barreto da Locomotiva e Preto Zezé da Cufa (Central Única das Favelas). “A diversidade tem de ser empoderada”, afirmou Luiz Barretto, da Locomotiva, no painel, ao abordar a diversidade de gênero, racial e social.
Uma questão que precisa ser desenvolvida pelos empreendedores, de acordo com Barretto, é que, embora as redes sociais sejam difundidas na sociedade, apenas 25% dos empreendedores dominam as ferramentas necessárias para vender por meio das plataformas. As formas anteriores de divulgação não perderão a sua importância, mas dominar as novas ferramentas é importante para crescer.
Barretto comentou ainda que é preciso respeitar e olhar também para os pequenos empreendedores que não querem se tornar grandes, não apenas para os que querem “escalar”, para que eles possam ter uma renda para viver de seu negócio.
Preto Zezé, da Cufa, apresentou iniciativas da Favela que tem muito a ensinar sobre empreendedorismo e gestão, principalmente as mulheres. Também abordou que é preciso entender a falta de interesse do empreendedor das favelas em se formalizar por não ver como algo que dará retorno ao seu investimento e a percepção da falta do Estado: “Na favela o Estado é mínimo”, disse.
Com informações do Terra