Presidente Lula e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto em maio de 2023 - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O presidente Lula (PT) disse que Nicolás Maduro vai ter de “arcar com as consequências” de não ter seguido o rito eleitoral após se declarar reeleito na Venezuela.

Antigos aliados, Lula e Maduro têm entrado em conflito por causa das eleições. O ditador venezuelano se declarou reeleito em um resultado questionado pela oposição e por órgãos internacionais, sem apresentar devidamente as atas do processo, algo exigido pelo Brasil para reconhecimento do resultado.

Lula voltou a dizer que não reconhece a vitória “nem de Maduro, nem da oposição”. “A oposição fala que ganhou, ele fala que ganhou, mas você não tem prova. Então, nós estamos exigindo a prova”, reforçou Lula, em entrevista à Rádio MaisPB, da Paraíba.

O argumento do petista é que Maduro não se apresentou ao colégio eleitoral. “Ele passou direto para a Suprema Corte. Eu não estou questionado a Suprema Corte. Eu apenas acho que, corretamente, deveria passar pelo colégio eleitoral que foi criado para esse fim”, afirmou Lula.

Maduro tem cutucado Lula, em resposta aos questionamentos. “[O ex-presidente Jair] Bolsonaro não reconheceu os resultados e recorreu ao ‘Tribunal Supremo’ do Brasil, que decidiu que os resultados eleitorais deram vitória a Lula. E quem se meteu com o Brasil? A Venezuela disse algo?”, questionou o venezuelano, nesta semana.

“Eu quero cuidar do Brasil. O Maduro cuide de lá. Ele [Maduro] arque com as consequências do gesto dele. E eu arco com as consequências do meu gesto. Agora, eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito, mas muito e muito.” disse Lula, sobre divergências com Maduro

Diferentemente do que ocorreu na Venezuela, a eleição no Brasil foi validada por outros países e observadores internacionais, como o Carter Center. Na Venezuela, o órgão considerou que o pleito “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrático”.

A ONU alertou para a “falta de independência” e “imparcialidade” do TSJ e do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), que também ratificou a vitória de Maduro. “O governo exerce uma ingerência indevida sobre decisões do TSJ por meio de mensagens diretas aos magistrados e declarações públicas do presidente Nicolás Maduro e Diosdado Cabello [vice-presidente da sigla do ditador]”, disse Marta Valiñas, presidente do grupo da ONU que acompanha a eleição na Venezuela.

*Com informações de Uol