O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria dito a aliados que está cada vez mais decepcionado com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e sinalizado que pode romper politicamente com o líder do país vizinho caso se confirme a invasão da região guianense de Essequibo.
Segundo o canal de notícias CNN Brasil, aliados afirmam que, em conversas reservadas, Lula tem relembrado com saudosismo a amizade que tinha com o ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013, e dito que não mantém a mesma relação com o atual presidente venezuelano.
Fontes próximas ao presidente brasileiro indicam que ele estaria “menos cético” que o Itamaraty sobre a possibilidade de uma guerra na região. Além disso, ele teria lamentado que Maduro tenha “explodido” o esforço brasileiro para normalizar as eleições do ano que vem na Venezuela para poder tirar o país do isolamento.
De acordo com as fontes, o Brasil vai responder de forma dura se o presidente da Venezuela avançar com seus planos bélicos na região da Guiana.
Negociação
O Brasil ainda aposta na via da negociação. Na terça-feira, 5, o chanceler Mauro Vieira conversou com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e na quarta-feira, 6, com Yvan Gil, ministro das Relações Exteriores da Venezuela.
Nesta sexta-feira, 8, o Brasil conquistou o apoio do México. A secretaria de relações exteriores do México, Alicia Barcena, afirmou que seu país estava se “somando” à iniciativa de Lula para que a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) “fomente o diálogo” entre os dois países “a fim de encontrar uma solução pacífica”.
Os recados diplomáticos brasileiros, no entanto, são todos de reprimenda à Venezuela. Na declaração de quinta-feira, 7, do Mercosul, o bloco criticou “atitudes unilaterais”, que, na visão do Brasil, até agora, foram tomadas apenas pela Venezuela.
O trecho do documento em que ambos os países são “estimulados ao diálogo” não deve ser visto como crítica ao Guiana, explicam diplomatas. Para o Brasil, os guianeses apenas buscaram apoio internacional ao recorrer aos Estados Unidos, embora o país veja com muita preocupação a presença militar americana na região.
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