O presidente Lula pediu a colaboração do G20 para que a COP30, conferência do clima que será realizada em 2025 em Belém, seja um momento de “virada”. O discurso ocorreu na última reunião geral de chefes de Estado do G20, cuja pauta é mudanças climáticas.
“Não há mais tempo a perder”, disse o presidente brasileiro. Lula citou “frustração” com a falta de cumprimento de acordos climáticos coletivos, como o Protocolo de Kyoto (assinado em 1997 para reduzir emissões de gases que provocam aquecimento) e a COP15 (descrita por Lula como “um trauma que quase descarrilhou o regime climático”). Sobre o Acordo de Paris, que estabelece metas para conter o aumento da temperatura, Lula disse que vai completar dez anos com “resultados muito aquém do necessário”.
Lula destacou a importância das ações do G20, “responsável por 80% das emissões de gases do efeito estufa”. Lula pediu esforço coletivo para que o mundo atinja a meta de aumento de temperatura do planeta abaixo de 1,5ºC, recomendada pelo Acordo de Paris — neste momento há debate na comunidade científica sobre se este patamar já teria sido ultrapassado.
Países têm “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. “Mesmo que não caminhemos da mesma velocidade, todos podem dar um passo a mais”, falou Lula. O presidente brasileiro propôs que países desenvolvidos do G20 antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou 2045. Aos países em desenvolvimento, Lula fez um “chamado” para que estabeleçam metas nacional (chamadas de NDC) mais ambiciosas.
Necessidade de financiamento para conter catástrofe climática é de “trilhões” de dólares, falou Lula. “Em Paris [Acordo de Paris, de 2015], falávamos em uma centena de bilhões de dólares por ano, que o mundo desenvolvido não cumpriu. Hoje, falamos em trilhões. Esses trilhões existem, mas estão sendo desperdiçados em armamentos enquanto o planeja agoniza”, discursou. Na COP29, que ocorre no Azerbaijão ao mesmo momento em que o G20, líderes têm apelado por compromissos concretos com o financiamento climático.
Presidente brasileiro sugeriu ainda a criação de um conselho de mudanças do clima da ONU. “Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris”.
“Na luta pela sobrevivência, não há espaço para o negacionismo e a desinformação”, afirmou Lula. Hoje, o governo brasileiro e a Unesco lançaram uma iniciativa para combater desinformação nessa área.
Líderes do G20 estão reunidos na manhã desta terça-feira (19) para debater temas relacionados ao combate às mudanças climáticas. O Brasil, que preside esta edição do G20, propôs como um dos eixos principais da cúpula a transição energética e o desenvolvimento sustentável —tópicos que combinam meio ambiente com economia, que está no foco do grupo.
Veja trechos do discurso de Lula
“A COP30 será nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático.
Protocolo de Kyoto se tornou referência de frustração na ação coletiva. A COP15 foi um trauma que quase descarrilhou o regime climático. O Acordo de Paris está chegando a Belém com dez anos e seus resultados ainda estão muito aquém do necessário.
Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais.
Mesmo que não derrubemos mais uma árvore, a Amazônia continuará ameaçada se os demais países não cumprirem a missão de conter o aquecimento global.”
Afirmou Lula no G20 nesta terça (19).
Ações para frear mudanças climáticas
Declaração final do G20, publicada ao final do primeiro dia do G20, foi enfática em reforçar o Acordo de Paris, que estabelece metas para enfrentar as mudanças climáticas. São nove menções no texto. O G20 reafirma a meta de limitar o aumento de temperatura a 2ºC em comparação com níveis pré-industriais; e “empreender esforços” para tentar limitar a 1,5ºC .
Não há oferta de financiamento para mitigar as mudanças climáticas. O texto diz apenas, de forma genérica, que o G20 se compromete a “ampliar o financiamento e investimento climático público e privado para os países em desenvolvimento”. Lideranças da COP29 vinham fazendo um apelo para que o G20 assumisse compromissos claros de financiamento.
Além do Acordo de Paris, declaração diz que apoia esforços para triplicar a energia renovável até 2030. Também se compromete a intensificar esforços para “eliminar gradualmente e racionalizar, a médio prazo, subsídios ineficientes a combustíveis fósseis”. E afirma que são intensificados esforços para atingir neutralidade de emissão de gases —ou seja, tudo que for emitido será compensado.
“Nós reafirmamos a meta de temperatura do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média global para bem abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais e de empreender esforços para limitar o aumento a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e impactos da mudança do clima.” afirmou Trecho da declaração final do G20.
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