Os atos que pedem intervenção militar em frente aos quartéis pelo país estão tendo apoio de boa parte da extrema direita evangélica, que tem tratado as manifestações golpistas como parte de uma “guerra espiritual”.
Na ótica deles, Jair Bolsonaro (PL) é uma espécie de enviado de Deus contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chega a ser tratado como um político que fez “pacto com o demônio”.
Segundo o relatório semanal divulgado ontem pela Casa Galileia, uma organização que reúne pesquisadores e promove iniciativas plurais para públicos cristãos católicos e evangélicos, o discurso que tomou corpo nesta semana é que “uma guerra espiritual está sendo travada no Brasil”.
O termo é usado por esses grupos como uma referência de “luta do bem contra o mal”, representado por Bolsonaro (no caso, o bem) contra Lula (no caso, o mal).
O relatório semanal fez a análise de mais de 1.600 postagens em 37 páginas monitoradas do Facebook e 174 perfis do Instagram. Já no YouTube foram 495 vídeos e 89 canais analisados.
Nos canais monitorados, alguns na casa do milhão de inscritos e seguidores, há compartilhamento de “profecias” e teorias da conspiração com “uma narrativa de que a batalha não está terminada”.
Em um desses canais, diz o relatório, “o pastor Rubens Gabriel alertou que muitos fiéis não entenderam a profecia do Senhor revelada a ele, que não afirmava que Bolsonaro ganharia as eleições, mas que Deus daria uma estratégia ao presidente, alertando os crentes a permanecerem atentos”.
“Algumas revelações também sugerem a morte ou um problema de saúde grave do presidente eleito Lula, insistindo que ele pagará pelos acordos feitos com o demônio.” diz o Relatório da Casa Galileia
Ainda de acordo com o levantamento, a extrema direita evangélica segue apoiando as manifestações antidemocráticas, “alimentando narrativas de suspeita ao resultado das urnas” e “assumindo uma posição de denúncia ao estado de censura no Brasil”.
*Com informações de Uol