Dados da ONU Mulheres apontam que 80% das pessoas deslocadas por desastres naturais e mudanças do clima são mulheres. O tema ganhou destaque durante o webinar “Como as mudanças climáticas impactam a vida das mulheres da Amazônia”, realizado em homenagem ao Dia da Amazônia, celebrado nesta quinta-feira, dia 5 de setembro.
O webinar foi organizado e transmitido pelo canal da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), no YouTube, e já tem mais de 3,6 mil visualizações. Os debates foram realizados entre Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS; Thais Kokama, artista e compositora indígena; e Izolena Garrido, artesã, educadora e vice-presidente do Conselho de Administração da FAS. Já a mediação ficou sob comando da influenciadora digital e dançarina, Isabelle Nogueira.
Valcleia Solidade ecoou a dor de quem vive em comunidades distantes da Amazônia, sem acesso a serviços essenciais como água potável e energia, e que são as pessoas mais impactadas com todas as mudanças que o planeta vem sofrendo. Principalmente, as mulheres que executam ações importantes e prioritárias dentro das comunidades. Ela destacou ainda a importância de trazer mais investimentos, soluções e oportunidades para que o bioma amazônico seja protegido.
“As empresas precisam ter um olhar socioambiental, porque sem o bioma não teremos nada na Terra. É importante ter esse olhar. É caro investir em projetos na Amazônia. Porém, é um investimento que vai salvar vidas. Esses investimentos precisam ser feitos em diversas áreas, como em energia. Na Amazônia, milhares de pessoas vivem sem energia elétrica. Das 582 comunidades onde a FAS atua, mais de 300 não têm energia o dia todo. Como que a gente quer uma nova economia, se de fato a gente não consegue levar dignidade para o território. Tem muita gente que vive no século passado, porque não tem energia”, comenta Solidade.
Segundo ela, os gestores públicos precisam olhar com mais atenção para as comunidades isoladas. Porque, existem diversas soluções, que as instituições de meio ambiente executam nas comunidades, mas que precisam cada vez mais de recursos para que sejam ampliadas e beneficiem mais pessoas. Ela citou os projetos que a FAS promove, com o apoio de empresas parceiras, como a UCB Power, que implanta sistemas de energia limpa e renovável em comunidades.
Isabelle Nogueira também reforçou a importância de novos projetos e de investimentos em prol das pessoas que vivem na Amazônia. Já Izolena Garrido falou um pouco do seu dia a dia na Comunidade Tumbira, situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, onde reside.
“As políticas públicas chegam em nossa região da RDS Rio Negro, mas chegam refasada. Além disso, as mudanças climáticas impactam demais quem mora nas florestas e rios. Pois, tudo está diferente. As mulheres são as que mais sofrem e enfrentam uma série de violência”, revela.
A artista indígena Thaís Kokama abordou sobre a importância das mulheres em sua comunidade. De acordo com ela, as vozes femininas possuem lugar de destaque e precisam sempre saber as necessidades da comunidade. “Porém, precisamos lutar para incluir cada vez mais pessoas nesse espaço. Só eu sei o que passo como mulher indígena e como estamos lutando para fortalecer ainda mais as mulheres”, disse Kokama, mundialmente conhecida pelo grafismo corporal que faz e representa tradições, e saberes dos povos originários.














