Aposentado do UFC, José Aldo volta a lutar hoje (10), às 20h (horário de Manaus), quando faz a estreia no boxe contra o argentino Alberto Emmanuel Zambrano, em evento na Upper Arena, no Rio de Janeiro.
Celebrado ao longo do último evento do Ultimate na cidade carioca, o lutador “driblou” as recentes polêmicas que se envolveu ao hospedar o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma das casas que é dono em Orlando.
Vivendo um novo momento na carreira, Aldo acredita que os fãs vão saber separar as coisas na hora de acompanhá-lo e torcer por ele no boxe. “Fico feliz com o carinho de todo mundo. Espero que nessa nova empreitada todos acompanhem, que seja essa vibração positiva sempre, com aquela mesma energia de quando eu lutava MMA. No lado político, jamais vou levar uma pessoa ou julgar qualquer pessoa por um lado que ela tem. Isso jamais, em qualquer área”, disse ao UOL.
“Tem que ver o que é bom para você. Para a família, amigos. O que acha certo, independentemente do lado. Vou falar de um grande atleta, ele gosta de azul. Aí por isso eu vou condena-lo porque eu gosto de vermelho? Acho que jamais as pessoas, principalmente aqui no Brasil, vão para esse lado. E sim pela sua cabeça, pelo que acha certo. Eu não gosto de beber, nunca bebi, nunca usei nada de bebidas ou drogas também, nada. Tem gente que bebe e gosta de mim também. Nem por isso o cara que bebe eu serei contra ele. Não julgo ninguém pela pessoa e sim pelas atitudes”, completou.
Ao longo da entrevista, Aldo reforçou a tese de que cada um tem a sua opinião. O lutador acredita que hospedar Bolsonaro tenha sido uma oportunidade de negócio. Ele não tem medo que isso arranhe sua imagem. “Sim, eu acho que esperava [a recepção dos fãs no UFC Rio]. Antes do evento eu fui no Barra Shopping para sessão de autógrafos e lotou. Tive até que sair antes da hora, ainda tinha muita gente na fila. Não vejo problema quanto a isso. Acho que é igual ter um time de futebol. Cada um tem o seu. Se for discutir por isso, aí, filho, é melhor se matar. Não vejo problema nenhum, no Rio ou em qualquer lugar no Brasil serei bem tratado carinhosamente por tudo”, afirmou.
José Aldo no boxe profissional
Aldo ressalta que pensa apenas em lutar boxe profissional, rechaçando a chance de fazer eventos contra influenciadores.
Recentemente, ocorreram os combates entre Popó, tetracampeão mundial, e Whindersson Nunes, além da luta entre Logan Paul, Youtuber norte-americano, contra Mayweather, ex-pugilista com 12 títulos mundiais em cinco categorias diferentes.
Popó e Aldo, inclusive, vêm se alfinetando. O primeiro chamou o ex-UFC para “lutar boxe de verdade”.
“Não vejo como um problema as lutas com Youtubers. Eu fui um atleta profissional. Então por muito tempo me dediquei bastante, abdiquei de muitas coisas na minha vida para buscar o sonho de ser campeão e tudo. Às vezes não vejo o atleta ser tão reconhecido como deveria ser. Dentro do boxe tem pessoal do YouTube lutando, eu acho maneiro porque divulga a arte do boxe em si. Mas, por outro lado, também eu não vejo assim essa euforia toda como todo mundo enxerga. Às vezes o atleta que está todo dia duro na academia, que está se dedicando, não tem esse reconhecimento. Não não é questão de ser contra, só não vejo com bons olhos por isso.”
“Agora o meu foco está em lutar profissional. Não estou ainda aposentado para fazer uma “superluta” dessa com o Popó. Mas eu não eu não vejo problema nenhum, espero que ele continue falando cada vez mais porque assim eu estarei sempre em evidência.”
Leia a entrevista de José Aldo ao UOL na íntegra:
Você foi muito exaltado e muito bem recebido no Rio durante o UFC em janeiro e teve a notícia do Hall da Fama do UFC. Você esperava ter essa recepção aqui? Pelo legado e o momento político na polêmica com o Bolsonaro.
Sim, eu acho que esperava [ter a recepção]. Primeiramente foi uma surpresa, não sabia que que ia ser colocado no Hall da Fama do UFC. Para mim foi uma surpresa muito grande e aqui no Rio de Janeiro. Como eles falaram, sou o Rei do Rio, então eu esperava sim [a recepção dos fãs]. Antes do ginásio eu fui no Barra Shopping para sessão de autógrafos e lotou. Tive até que sair antes da hora, ainda tinha muita gente na fila. Não vejo problema quanto a isso. Acho que é igual ter um time de futebol. Cada um tem o seu. Se for discutir por isso, aí, filho, é melhor se matar. Não vejo problema nenhum, no Rio ou em qualquer lugar no Brasil serei bem tratado carinhosamente por tudo.”
Se pudesse dar uma mensagem para os fãs torcerem para você nesse novo momento. É inevitável pensar no lado político. Você diz que cada um tem sua opinião, mas como fazer as pessoas torcerem por você?
Primeiramente eu fico feliz pelo carinho de todo mundo. Espero que nessa nova empreitada todos acompanhem, que seja essa vibração positiva sempre, com aquela mesma energia de quando eu lutava MMA. Pode ter certeza que sempre vou dedicar muito e me preparar bastante para chegar lá dentro e fazer justiça a tudo aquilo que eu já construí dentro do MMA. No lado político, jamais vou levar uma pessoa ou julgar qualquer pessoa por um lado que ela tem. Isso jamais, em qualquer área. Eu falo isso com todo mundo, quando converso na rua. Falo que tem que ver o que é bom para você. Para a família, amigos. O que acha que é certo, independentemente do lado. Vou falar de um de um grande atleta, ele gosta de azul. Aí por isso eu vou condená-lo porque eu gosto de vermelho? Acho que jamais as pessoas, principalmente aqui no Brasil, vão para esse lado. E sim pela sua cabeça, pelo que acha certo. Eu não gosto de beber, nunca bebi, nunca usei drogas também, nada. E tem gente que bebe e gosta de mim também. Nem por isso o cara que bebe eu vou ser contra ele. Não. Eu não julgo ninguém pela pessoa e sim pelas atitudes, pelo que procura fazer no meio familiar e na sociedade. Eu acho que é isso que que todo mundo esquece de fazer.
Qual é a sua expectativa para a estreia no boxe?
“A expectativa é sempre das melhores. Estou muito bem treinado, eu fiz uma imersão, acho que eu estou há sete meses treinando só o boxe. Desde a última luta que eu perdi, logo em seguida já entrei direto na academia e treinando só o boxe. Fiquei um tempo me dedicando a isso. Tinha que respeitar o esporte. É um esporte novo, diferente, então eu precisava cair dentro mesmo, fazer uma imersão só boxe para entender realmente tudo e depois fazer uma estreia. Fiz um ótimo treinamento lá na Marina, no Cefam aqui no Rio de Janeiro. Estou estou me sentindo muito bem, a expectativa é das melhores.”
O que você espera agora com essa nova etapa da sua carreira?
“Fiz uma carreira brilhante no MMA e no Ultimate. Fui campeão, defendi várias vezes o título. Me sinto muito realizado quanto a isso. Mas agora esse novo caminho é muito mais do que um sonho que eu tinha na minha mente. Quando chegasse com 35 anos de idade eu queria fazer uma temporada de boxe. Sempre treinei e me dediquei bastante pensando nisso no futuro. Espero que tudo seja da melhor maneira possível, bem positivo. Acho que agora eu dou o primeiro passo, fazendo meus treinos. Lutando com um cara que vem do boxe mesmo. Estou bem feliz e ansioso ao mesmo tempo por estar realizando mais um sonho.”
Qual legado você acha que deixou para o UFC ou os brasileiros na sua carreira?
“Acho que o legado que eu deixo é de muito trabalho, esforço e dedicação. Tudo aquilo que eu fiz, os amigos, atletas e fãs que me conhecem sabem do esforço e dedicação sempre. Nos treinamentos e chegando na luta dando sempre o meu melhor. É isso que eu quero deixar para todo mundo. Um cara dedicado, esforçado e que trabalhou muito duro para conquistar todos os sonhos e os objetivos.”
Como anda a previsão de lutas para o ano?
“Faço a estreia agora, quero me recuperar. Logo em seguida, em abril, tem a luta com o Jeremy Stephens, que é um cara que já lutei dentro do MMA. Vão falar que é uma revanche dentro da regra do boxe. Vai ser muito difícil. Estou com um passo cada vez, primeiro eu tenho que pensar na sexta, vencendo e depois disso faço mais uma luta. Não para por aí, a gente já tem uma negociação com outros eventos também, outros lutadores dentro do boxe para fazer o terceiro passo.”
Você já pensa o que pretende fazer depois de se aposentar?
“Geralmente eu desenho tudo. Tudo em forma de uma estratégia, eu faço um plano. Mas eu acho que quando parar pode ter certeza que o primeiro ano não quero fazer nada. Só viver para os filhos, para a família. Depois eu começo a pensar no que eu possa fazer. Quero aproveitar eles, viajar também bastante, não só conhecer o mundo profissionalmente, mas também pelo lado pessoal. Poder andar sem problema, sem pensar em bater o peso, em luta. Quero aproveitar um pouco a vida.”
Com informações do Uol