Foto: Phil Limma / Semcom

Recentemente, o médico veterinário e biólogo Jeferson Pires flagrou uma cena alarmante: uma garça-moura (Ardea cocoi), a maior espécie de garça do Brasil, com um copo plástico preso ao pescoço próximo ao Rio Morto, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso, que Pires compartilhou nas redes sociais com fotos e um relato detalhado, ilustra a crescente ameaça do lixo descartado inadequadamente à fauna silvestre.

“Provavelmente irá morrer de fome, já que o copo não irá deixar ela deglutir seu alimento. Fruto da irresponsabilidade das pessoas que fazem descarte errado”, disse Pires. Ele tentou capturar a ave para ajudá-la, mas ela voou para o alto de uma árvore.

A incerteza sobre a extensão do dano levou o veterinário a adotar novas estratégias, conforme relatou ao Terra. “Fizemos imagens com uma câmera 4K através de um drone e estamos questionando se, além do copo, pode haver um saco plástico fino preso na região do pescoço. Mudamos a abordagem e estamos usando uma técnica chamada ceva: colocamos peixe em um ponto que ela frequenta regularmente. Assim que ela se acostumar a esse local, tentaremos montar uma armadilha para capturá-la”, explicou.

O drama da garça é apenas um exemplo do impacto devastador do lixo no meio ambiente. Segundo Pires, que há 20 anos trabalha com clínica e cirurgia de animais selvagens, os resíduos plásticos são um problema sério. “Já removi sacolas plásticas, linhas de pesca e até uma cabeça de boneca Peppa Pig do estômago de um jacaré”, relatou.

Apesar de avanços na medicina de animais silvestres, que aumentam as taxas de recuperação, os desafios continuam. “Cada dia evoluímos mais, mas a gente observa que aos pouquinhos o lixo aumenta. São novos tipos de sacos, embalagens e produtos”, afirmou.

*Com informações de Terra