
O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) se uniu a comunitários e a órgãos municipais e estaduais na soltura de 307 quelônios, no sábado (12/04), na Comunidade São Pancrácio, no rio Mamuru, em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus). A ação foi organizada pela própria comunidade e integra o Projeto Pé-de-Pincha – Manejo e Conservação de Quelônios, desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Idealizado pelo professor Paulo Andrade, doutor em Ciências Animal, o Projeto Pé-de-Pincha realizou sua 7ª soltura na comunidade, envolvendo a liberação de 143 tracajás, 105 pitiús e 59 tartarugas. Os animais são oriundos de ninhos protegidos e monitorados até a eclosão dos ovos e nascimento dos filhotes, que foram criados em ambiente controlado até atingirem tamanho e condições adequadas para o retorno à natureza.
Os quelônios soltos pertencem às espécies Podocnemis unifilis (Tracajá), Podocnemis erythrocephala (Tartaruga Irapuca) e Podocnemis expansa (Tartaruga-da-Amazônia), todas com importante papel ecológico nos rios amazônicos.
O diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, parabenizou o trabalho desenvolvido no Projeto Pé-de-Pincha, que soma 25 anos de atuação em prol da conservação dos quelônios na Amazônia. “É um projeto que une ciência, educação ambiental e engajamento comunitário, com resultados concretos na preservação. Quero destacar o trabalho do professor Elton Almeida, que é morador da comunidade e coordena com excelência as ações locais e, também, o professor Paulo Henrique Oliveira, da Ufam, que lidera o projeto em Parintins e Barreirinha com grande dedicação”, afirmou.
Atualmente, o Projeto Pé-de-Pincha está presente em 126 comunidades, distribuídas em 18 municípios do Amazonas e dois do oeste do Pará. Ao longo de seus 25 anos de existência, conforme o seu idealizador, a iniciativa possibilitou a devolução de aproximadamente 11,5 milhões de filhotes à natureza, por meio do manejo participativo com as comunidades locais.
O coordenador-geral do projeto, Paulo Andrade, destacou ainda a importância da atuação comunitária. Segundo ele, as comunidades respondem hoje por 80% das áreas de proteção de quelônios no Amazonas.
“Essa proteção de ninhos, ovos e filhotes permite que as populações desses animais entrem novamente em equilíbrio e voltem a crescer. É um trabalho demorado e desafiador, que envolve desde a capacitação de comunitários voluntários até o apoio das agências e instituições parceiras, que tornam essa ação possível”, afirmou.
A coordenadora do Centro Multifuncional do Ipaam em Parintins, Fabiana Campelo, destacou que esta é a segunda vez que o Instituto participa da soltura de quelônios na comunidade São Pancrácio. E explica que o apoio do Instituto tem sido tanto na parte logística quanto na orientação aos comunitários sobre políticas públicas voltadas para conservação.
