A abelha Apis mellifera que habita o Brasil, conhecida popularmente como africanizada, é resultado do cruzamento das raças europeias e africana - Foto: Adam Carvalho / Flickr / Flipar
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) impediu uma tentativa de exportação ilegal de cerca de 400 abelhas nativas sem ferrão da espécie mandaçaia no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).
A carga estava escondida em uma remessa expressa com destino a Hong Kong, na China, havia sido postada por uma brasileira na capital paulista e foi interceptada durante uma triagem de rotina.
A remessa foi identificada durante triagem com uso de raio X, que detectou anomalias no conteúdo declarado como brinquedos. A fiscalização foi realizada em parceria com a Alfândega da Receita Federal no aeroporto.
Ao abrirem a encomenda, os agentes encontraram pelúcias e uma caixa de madeira contendo a colônia completa. Os espécimes estavam vivos, em boas condições e foram reconhecidos como mandaçaias ( Melipona quadrifasciata anthidioides ).
A identificação da espécie e as orientações para o manejo adequado contaram com apoio de especialistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Araras (SP), e do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Rio Claro (SP).
As abelhas foram levadas ao laboratório da UFSCar, onde permanecem sob cuidados técnicos.
Multa de até R$ 200 mil
Segundo o Ibama, a responsável pela tentativa de envio responderá a processo administrativo e poderá ser multada em até R$ 200 mil, conforme a legislação ambiental.
O caso também foi encaminhado ao Ministério Público Federal para investigação de possível crime ambiental e análise de medidas na esfera criminal.
Brasil lidera em diversidade de abelhas sem ferrão
O Brasil é o país com maior diversidade de abelhas sem ferrão do mundo, com mais de duas mil espécies nativas registradas, sendo cerca de 260 já conhecidas pela ciência.
Esses insetos, pertencentes à tribo Meliponini, têm papel crucial na polinização da vegetação nativa e de cultivos agrícolas como café, soja, tomate, algodão, açaí e girassol.
Além da relevância ecológica, algumas dessas espécies são criadas de forma racional para produção de mel, própolis e outros derivados.
O tráfico ilegal dessas abelhas ameaça a biodiversidade e coloca em risco a segurança sanitária, segundo o Ibama.
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