
As obras em rodovias federais chegaram a um recorde em infrações ambientais punidas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no ano passado, com R$ 48,4 milhões em multas ao órgão responsável do governo federal.
As multas foram aplicadas após o Ibama constatar casos em que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), órgão do Ministério dos Transportes, ignorou regras de licenciamento ambiental.
Em cerca de metade dos casos, as irregularidades foram verificadas no ano passado, já no governo Lula. As demais infrações, por outro lado, foram alvos de pareceres ainda na gestão Jair Bolsonaro, mas estavam represadas, sem que as multas tivessem sido formalizadas.
Para permitir obras nas estradas, o Ibama determina algumas condições de licenciamento. O DNIT é obrigado a adotar medidas para prevenir, acompanhar ou reparar os danos ambientais provocados pelo empreendimento, como compensar o desmatamento e proteger a fauna dos locais em que atua.
Nos casos em que foi multado, o DNIT deixou de apresentar documentos comprovando que tenha executado essas medidas compensatórias, ou o Ibama conseguiu verificar, no local, que elas não haviam sido aplicadas.
Antes deste ano, o recorde de multas impostas ao DNIT tinha acontecido em 2018, quando o órgão foi cobrado em R$ 18,9 milhões, ou R$ 23,7 milhões corrigidos. No ano retrasado, último da gestão Bolsonaro, foram R$ 13,6 milhões — ou seja, houve um aumento de 255% nas autuações em 2023.
Procurado pelo UOL, o DNIT atribuiu o aumento à retomada de ações de fiscalização do Ibama no governo Lula. O departamento diz atuar em colaboração com o Ministério do Meio Ambiente e ter criado um centro de monitoramento para prevenir problemas.
O valor total de multas aplicadas pelo Ibama aumentou no primeiro ano do governo Lula, mas em uma proporção menor. Foram R$ 3,9 bilhões em 2022 e R$ 5,2 bilhões em 2023, um aumento de 33%.
Problemas no licenciamento
Em 11 de outubro do ano passado, o Ibama constatou que uma obra na BR-158 no Mato Grosso desrespeitou duas condições impostas pelo Ibama. Primeiro, não houve um licenciamento ambiental dos canteiros de obras e áreas de apoio, como havia sido exigido.
Além disso, a obra ficou paralisada por mais de 45 sem que o DNIT apresentasse um programa de controle ambiental, cujo objetivo seria mitigar o dano provocado pelo empreendimento. A multa foi de R$ 5,4 milhões.
Também houve uma multa elevada por uma irregularidade em uma obra na Amazônia, na BR-230, no Pará. O DNIT não instalou corredores de fauna nem tomou outras medidas para proteger os animais da região, como era exigido pela licença, e foi multado em R$ 5,4 milhões.
